Originalmente lançado em 2017 para PlayStation 4, Horizon Zero Dawn marcou a geração do console como um dos jogos mais belos do catálogo de exclusivos da Sony. Com uma história original e envolvente, uma protagonista com personalidade forte e uma jogabilidade bem executada, o título que trouxe a Guerrilla Games de volta ao mercado consolidou-se como um dos principais da geração.
Em agosto de 2020, poucos meses antes do lançamento do PlayStation 5, a versão completa de Horizon Zero Dawn chegou ao PC, com diversas melhorias gráficas e de performance. Posteriormente, a versão de PS4 recebeu um patch de atualização que aprimorou significativamente o desempenho do jogo no novo console da Sony, fazendo-nos acreditar que o jogo havia atingido sua versão definitiva.
Porém, fomos surpreendidos, ou não, com o anúncio de uma versão remasterizada de Horizon Zero Dawn, que chega para PC e PlayStation 5 em 31 de outubro. Esta nova edição promete ser a verdadeira versão definitiva, introduzindo a jornada de Aloy em um mundo dominado por máquinas e repleto de histórias intrigantes da forma que o estúdio realmente quis mostrar.
Na análise de hoje, visitaremos mais uma vez este impressionante mundo pós-apocalíptico para avaliar se este upgrade vale o tempo e o investimento, seja para quem já explorou o mundo selvagem das máquinas ou para quem está prestes a caçar um Tirânico pela primeira vez em Horizon Zero Dawn Remastered.
Uma jornada para decifrar o passado
Em Horizon Zero Dawn, assumimos o papel de Aloy, uma jovem caçadora da tribo Nora, marcada pela determinação e curiosidade sobre seu próprio passado. Em um mundo onde a humanidade vive entre as ruínas de uma civilização altamente avançada, Aloy parte em busca de respostas para sua origem misteriosa e para entender o que levou a civilização humana ao colapso em uma era agora dominada por máquinas. Ao longo de sua jornada, ela enfrenta conflitos com tribos rivais e descobre ameaças maiores escondidas nas profundezas da história humana que se extinguiu.
O enredo de Horizon explora temas como o equilíbrio entre tecnologia e natureza e o preço do conhecimento. Em meio a personagens marcantes, como o enigmático Sylens, o canastrão Erend e o inexperiente rei Avad, Aloy questiona se a humanidade atual é capaz de aprender com os erros do passado em uma narrativa envolvente, marcada por diálogos bem construídos e missões paralelas com profundidade e significado, ao menos em boa parte delas.
A jogabilidade de Horizon Zero Dawn é um bom exemplo de combate estratégico. Aloy dispõe de um arco com munições elementais, uma lança poderosa e uma variedade de armadilhas que exploram as fraquezas específicas das criaturas robóticas, cada uma com comportamentos e habilidades singulares.
O jogador é incentivado a estudar os inimigos, descobrindo pontos vulneráveis e preparando emboscadas usando o ambiente a seu favor. Essa abordagem torna o combate dinâmico e envolvente, transformando cada confronto em uma experiência personalizada e gratificante, especialmente nos níveis de dificuldade mais altos.
Além do combate, Aloy explora um vasto mundo aberto, com biomas que vão de florestas exuberantes, montanhas nevadas e desertos áridos, todos ricos em detalhes e com um ciclo de dia e noite que altera os tipos de máquinas presentes e seus comportamentos. A caça e a coleta de recursos também são fundamentais, pois permitem ao jogador aprimorar habilidades e equipamentos.
Graficamente, Horizon Zero Dawn foi amplamente elogiado pelos visuais deslumbrantes do mundo criado pela Guerrilla Games, que deu atenção máxima aos detalhes, tornando o ambiente realista e ao mesmo tempo fantástico. O destaque maior fica para as máquinas, com designs inspirados em animais como cavalos, aves e, principalmente, dinossauros robóticos gigantes.
Cada criatura foi projetada meticulosamente, trazendo uma sensação de ameaça e mistério a cada nova descoberta. A ambientação é reforçada por uma trilha sonora que mistura temas tribais e sonoridades eletrônicas, destacando o contraste entre um mundo antigo e uma tecnologia avançada que ainda tem forte influência sobre a civilização.
Horizon Zero Dawn recebeu a expansão The Frozen Wilds em novembro de 2017, que adicionou uma nova área e desafios ao mapa principal, aprofundando a trama e ampliando a experiência do jogador, explorando mais sobre o misterioso projeto que levou ao fim do mundo e revelando detalhes sobre a cultura dos Banuk, uma das tribos do mundo de Horizon.
Para muitos, Horizon Zero Dawn vai além de ser apenas um jogo, sendo considerado uma obra que equilibra uma história envolvente com um mundo aberto impressionante e uma jogabilidade cativante. A Guerrilla Games conseguiu criar um universo original e de profunda conexão com temas contemporâneos, elevando o jogo a um nível raro no universo dos games.
Atualmente, a franquia conta com uma sequência, o aclamado Horizon Forbidden West, e um spin-off para o PlayStation VR2, Horizon Call of the Mountain. A Guerrilla Games já deu indícios de que a história de Aloy será uma trilogia, especialmente pelo desfecho do segundo jogo. No entanto, ainda não há informações oficiais sobre a continuação da saga. A certeza que temos hoje é que a franquia se consolidou como uma das principais dentro do gênero de aventura.
Indo além de uma repaginada no visual
Horizon Zero Dawn Remastered, foco de nossa análise, pode ser considerada a versão definitiva da obra da Guerrilla lançada em 2017. A nova versão destaca-se pelos visuais aprimorados e, principalmente, pelas melhorias gerais que o estúdio aplicou para elevar a qualidade do título.
Visualmente, embora já fosse um jogo notavelmente bonito à época de seu lançamento original, a versão remasterizada traz gráficos ainda mais detalhados e bem acabados. Os novos modelos de personagens, sobretudo de Aloy, são o destaque, com o mesmo nível de detalhes visto em Forbidden West.
Fonte: Digital Foundry |
As folhagens interagem melhor com o vento e com os movimentos de Aloy, e tanto a neve quanto a areia têm uma física mais realista, com rastros e pegadas convincentes. Os corpos d'água, como córregos e lagos, que antes apresentavam uma aparência turva, agora são cristalinos, revelando efeitos naturais de refração e reflexão da luz. Andar pela imponente cidade de Meridiana, capital dos Carja, também se tornou uma experiência nova e única.
Um dos pontos mais criticados em relação a Horizon Zero Dawn em seu lançamento foram as cutscenes de diálogos, que, com exceção de algumas poucas mais elaboradas, limitavam-se a um básico jogo de duas câmeras focadas nos personagens em cena.
Assim como em Forbidden West, as cenas de diálogo agora são mais dinâmicas, com os personagens se movendo de forma mais natural e interagindo mais uns com os outros graças a expressões faciais mais detalhadas, dando mais realismo às interações. Embora ainda não estejam no mesmo nível das desenvolvidas para Forbidden West, elas já oferecem uma sensação renovada, superando as cenas estáticas e monótonas do original.
Fonte: Digital Foundry |
Apesar de muitas melhorias, fundamentalmente Horizon Zero Dawn Remastered continua tendo a mesma experiência de jogabilidade de sua contraparte original de 2017. Para quem se acostumou com a experiência bem mais dinâmica e aprimorada de Horizon Forbidden West, por exemplo, vai achar o jogo com um ritmo um pouco mais lento, o que é natural, visto que a Nixxes, responsável pelo remaster, manteve este aspecto praticamente inalterado.
Além disso, uma das principais comodidades que Horizon Zero Dawn Remastered traz ao jogador é a possibilidade de importar os dados de jogo da versão de PS4. Desse modo, quem deseja, por exemplo, reviver a aventura de Aloy, mas com todo seu progresso anterior, este é um convite bem interessante. Contudo, os troféus não fazem parte deste aproveitamento de progresso. Sendo assim, caso queira uma nova Platina, prepare-se para realmente reviver tudo mais uma vez.
Para quem e por quê?
Em uma época em que remasterizações começam a ser vistas por muitos como uma banalização da comercialização de jogos, acho pertinente dedicar um trecho desta análise para discutir o público-alvo de Horizon Zero Dawn Remastered.
Como já mencionei em outros textos, inclusive ao discutir a necessidade de um remake de The Last of Us em 2022, um remake ou remasterização visa principalmente a preservação de uma obra e/ou atualização de aspectos do jogo original, como visuais e jogabilidade. Essa prática não é nova e abrange diversos setores do entretenimento, como música e cinema.
Assim como ocorreu com The Last of Us Parte I e Parte II, com Marvel’s Spider-Man e com outros títulos que se beneficiam das tecnologias atuais para oferecer a melhor experiência possível, Horizon Zero Dawn Remastered busca atender tanto à vontade da Guerrilla de finalmente criar a versão definitiva de uma de suas principais obras quanto aos fãs, que agora têm a oportunidade de jogar a melhor versão de HZD.
Para mim, essa remasterização serve como uma ótima desculpa para jogar o modo Novo Jogo+, que não explorei na época do PS4. Apesar de ser bastante convidativo, principalmente para os fãs da série, o upgrade por trás de uma taxa — um padrão para esse tipo de produto no catálogo do PlayStation — também pode ser um motivo para adiar essa experiência para outra parcela da comunidade.
Considerando que muitos jogadores da comunidade PlayStation já possuem o jogo, seja por terem resgatado-o gratuitamente durante a pandemia de Covid-19 ou adquirido em promoção por um preço mais atrativo em outra ocasião, mesmo que em sua versão em disco, acredito que, para muitos, o remaster de HZD é uma ótima adição à sua biblioteca, especialmente no PS5.
Uma experiência renovada e bem-vinda de um clássico do PlayStation
Horizon Zero Dawn Remastered traz uma versão visualmente aprimorada e tecnicamente refinada de um jogo que marcou a geração do PlayStation 4, agora adaptado para aproveitar ao máximo as capacidades do PlayStation 5 e PC. Com gráficos detalhados, uma ambientação ainda mais realista e melhorias na performance, a remasterização atende tanto aos novos jogadores quanto aos fãs que desejam reviver a jornada de Aloy com o melhor das tecnologias atuais.
No entanto, o custo do upgrade pode ser um fator que levará alguns jogadores a torcer o nariz e adiar a experiência, especialmente para aqueles que já possuem a versão original, visto que no PS5 ele já conta com um patch de melhorias e no PC ele já conta com uma versão com features únicos e uma qualidade competente. Ainda assim, Horizon Zero Dawn Remastered se destaca como uma homenagem à obra da Guerrilla Games, ao mesmo tempo em que reforça o potencial de seu legado para as futuras gerações de jogadores.
Prós
- O visual aprimorado, com modelos de personagens, efeitos de luz e sombra, e texturas em alta resolução trazem um realismo ainda maior ao jogo;
- A reestruturação das cutscenes traz manifestações mais naturais e expressivas dos personagens, oferecendo uma experiência narrativa mais imersiva;
- Aproveitamento das capacidades do PS5, como carregamentos rápidos, suporte ao áudio 3D e recursos do controle DualSense, proporcionam uma experiência de jogo mais agradável;
- Atualizações nos efeitos do ambiente tornam o mundo mais detalhado e interativo;
- Possibilidade de importar os dados de jogo para aproveitamento do progresso de quem já jogou Horizon Zero Dawn;
- Esta versão apresenta a forma definitiva de conhecer a jornada de Aloy.
Contras
- A cobrança pelo upgrade, um padrão para o catálogo do PlayStation, pode desmotivar jogadores que já possuem o jogo original e que já contam com melhorias ao jogar no PS5 e uma versão bem competente para PC;
- Embora visualmente melhorado, o jogo oferece poucas inovações na jogabilidade em relação ao original;
- Com Horizon Forbidden West disponível, que conta com uma experiência de jogo bem mais robusta, alguns jogadores podem preferir focar na sequência em vez de retornar ao original.
Horizon Zero Dawn Remastered — PC/PS5 — Nota: 9.0Versão utilizada para análise: PlayStation 5
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Sony Interactive Entertainment