Europa é uma aventura intimista e contemplativa ambientada em uma utopia criada e destruída pelas ações da humanidade. No papel de um androide, nossa jornada pela enigmática lua de Júpiter nos conduz por belas paisagens enquanto descobrimos a história do último humano que viveu neste lugar.
Uma utopia em ruínas
Zee é um androide de aparência infantil criado por Adam, um dos últimos habitantes da colônia de humanos fundada em Europa, uma das muitas luas que orbitam o majestoso planeta Júpiter. Após anos de terraformação, o satélite se tornou um refúgio para a humanidade, mas quando Zee despertou de seu sono, encontrou apenas ruínas.
Guiado pelas anotações de seu criador, que o tratava como um filho, o pequeno autômato parte em uma jornada por uma utopia devastada, habitada apenas por criaturas criadas pelos antigos colonos e por animais terrestres que se adaptaram durante o período em que os humanos ainda habitavam a lua.
Equipado com um Zéfiro, um dispositivo de flutuação criado por Adam, Zee segue em direção a uma enigmática ilha flutuante nos confins de Europa, em busca de respostas sobre o fim da humanidade nesse local.
Uma exuberante lua abandonada
Europa é um jogo de aventura com foco em exploração e narrativa. No controle de Zee, guiamos o jovem androide até seu destino: a ilha flutuante que, no passado, serviu como refúgio para os humanos.
Zee, com o auxílio do Zéfiro, pode saltar e se projetar no ar, ganhando mais mobilidade para explorar as ruínas da antiga civilização humana. O uso do equipamento é limitado pela necessidade de energia, coletada pelo cenário na forma de pequenas auras. Zee também tem a capacidade de criar pequenas esferas de energia, usadas para interagir com certos elementos do ambiente, sendo estas as suas principais habilidades.
Embora o mundo de Europa aparente ser aberto, os cenários são, na verdade, áreas menores, porém ricas em detalhes, com pontos de interesse sinalizados por luzes que ajudam a guiar o jogador.
Durante a jornada, Zee interage com elementos do cenário, como botões, cubos e esferas, para resolver pequenos puzzles ambientais que revelam novas passagens. À medida que avança na história, ele coleta páginas de um diário escrito por Adam, que narram os últimos dias da humanidade em Europa e esclarecem, tanto para o androide quanto para o jogador, o que levou à ruína da colônia.
A aventura de Zee nos leva a cenários deslumbrantes, despertando-nos uma curiosidade sobre como era a vida dos humanos na lua. Em meio a essas paisagens, esmeraldas espalhadas pelo mundo funcionam como colecionáveis.
Simples em sua proposta e dinâmicas
Europa é um jogo simples, com duração média de 3 a 4 horas e um nível de desafio baixo, alinhado à sua proposta mais contemplativa. O foco está na narrativa contada pelo diário de Adam. Cada nova página descoberta é acompanhada pela narração de seu autor, criando uma imersão adicional na trama. Essa dinâmica transmite o sentimento de Adam em relação à preocupação de deixar seu "filho" sozinho em um mundo deserto.
Para os jogadores em busca de desafios, a principal atividade será a coleta das esmeraldas. São 40 no total, algumas de fácil acesso, enquanto outras exigem mais esforço por estarem melhor escondidas no cenário. Outra atividade envolve completar a campanha sem ser atingido pelas armadilhas e ataques de algumas criaturas mecanizadas que ainda habitam a lua.
No entanto, a movimentação de Zee e o controle da câmera poderiam ser melhores. O androide, por vezes, parece mais pesado do que deveria, resultando em movimentos lentos. Além disso, há momentos em que ele parece deslizar desnecessariamente pelo chão. A câmera também assume ângulos inconvenientes, dificultando saltos ou manobras enquanto se usa o Zéfiro.
Embora o jogo não penalize o jogador com um “Game Over” em caso de erros, esses aspectos impactam a experiência geral, sendo pontos que poderiam ser aprimorados para uma jogabilidade mais fluida.
Uma jornada breve com uma beleza singular
Europa aposta em uma abordagem minimalista e contemplativa, centrando-se na narrativa e na atmosfera em vez de mecânicas complexas ou desafios intensos. Seu ponto mais forte está na bela ambientação e na história emocional, que explora a relação entre criador e criatura em meio a um cenário de decadência.
No entanto, a simplicidade de suas mecânicas, combinada com alguns problemas pontuais relacionados ao controle de câmera e a movimentação de Zee, podem desagradar aqueles que buscam um desafio mais robusto ou uma experiência de jogabilidade mais refinada. Apesar dessas limitações, Europa entrega uma experiência poética e imersiva, ideal para quem aprecia jogos com uma proposta mais leve e intimista.
Prós
- Cenários belíssimos e detalhados que proporcionam uma experiência visual cativante;
- A relação entre Zee e Adam é apresentada de forma emocional e bem construída;
- O mundo do jogo possui uma navegação amigável e intuitiva;
- A coleta das esmeraldas e os puzzles ambientais adiciona uma camada de exploração e curiosidade sutil, mas válida ante a proposta do jogo;
- Ideal para jogadores que buscam uma experiência mais leve e reflexiva.
Contras
- A movimentação de Zee, lenta e desengonçada, afeta a fluidez da jogabilidade;
- A câmera, em alguns momentos, assume ângulos que dificultam a execução de saltos e manobras;
- O baixo nível de dificuldade pode não agradar jogadores que buscam mais complexidade ou ação;
- Com apenas 3 a 4 horas de duração, a experiência pode parecer breve para alguns, apesar de ser suficiente para a proposta do jogo.
Europa — PC/Switch — Nota: 7.0Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Future Friends Games