Análise: Predator: Hunting Grounds até diverte, mas ao custo de muita paciência e alguma frustração

Devido a vários problemas técnicos e de balanceamento, o jogo acaba desperdiçando boas ideias e um grande potencial.

em 17/10/2024

Com a chegada da nona geração de videogames, é normal vermos jogos da geração anterior receberem versões para os novos consoles. A bola da vez é Predator: Hunting Grounds, um game de ação multijogador assimétrico estrelando o famoso caçador alienígena. Pegue seu arsenal mais poderoso, equipe o capacete com visão térmica e não esqueça dos dreadlocks, pois a análise vai começar!

Direto do túnel do tempo

Lançado originalmente em abril de 2020, Predator: Hunting Grounds estava disponível somente para o PlayStation 4 e PC. A nova versão para PlayStation 5 e Xbox Series chega não somente para ampliar o público do game, mas também com atualizações que buscam melhorar o equilíbrio do jogo e sua experiência no geral. Por exemplo, temos cross-play integrado entre todos os dispositivos que o game está disponível.
 
Infelizmente, essa chegada ainda carrega boa parte dos problemas vistos na versão original. Antes de falar sobre eles, vale recapitular como o jogo funciona. Cinco jogadores se reúnem para a partida: quatro formam uma equipe militar, enquanto o quinto fica no papel do temido Predador. O primeiro lado precisa completar uma série de missões, enquanto o segundo tem o objetivo de eliminar os adversários.
Um clássico dos cinemas
A ambientação é bem semelhante ao filme de 1987, com uma selva densa e repleta de soldados que pertencem a um grupo inimigo. O quarteto precisa lidar com esses adversários em meio a missões como recuperar informações, eliminar alvos-chave e destruir objetos. Obviamente, o extraterrestre caçador está solto pelo mapa e pronto para tornar tudo (muito) mais difícil.
Prepare-se para encarnar (ou enfrentar) o poderoso Predador
Para ganhar, os humanos têm duas opções: terminar as tarefas e escapar via helicóptero ou eliminar o Predador com ao menos um soldado vivo. Já o alienígena vence ao eliminar os quatro jogadores antes deles terem sucesso. Essa proposta de jogo é bem interessante e até pode proporcionar boas partidas; infelizmente, no geral, ela é desequilibrada e punitiva, como vou detalhar em breve.
Infelizmente, alguns bugs aparecem eventualmente
Algumas palavrinhas sobre a produção do game. Os visuais são modestos (não trazem novidades significativas nesta nova versão), porém competentes; por outro lado, temos carregamentos longos e travamentos eventuais. O trabalho de som é ótimo, com destaque para a boa dublagem e localização para o Brasil. Pode-se dizer que o game utiliza bem a marca na qual é baseado, tal como, por exemplo, Killer Klowns from Outer Space: The Game (que é da mesma produtora).

Se sangra, podemos matá-lo?

Predator: Hunting Grounds conta com uma boa jogabilidade, seja para os humanos ou para o caçador. Os soldados funcionam como na maioria dos jogos FPS, com direito a várias classes de armas (pistolas, rifles, escopetas, metralhadoras) e equipamentos como granadas e minas. Além disso, é possível escolher entre classes, vantagens e especializações diferentes, de modo a customizar seu estilo de jogo.
Mesmo limitados, os gráficos ainda entregam uma experiência satisfatória
Quanto mais jogamos, mais pontos de experiência são obtidos, o que, por sua vez, libera mais itens e melhorias importantes. O Predador também pode obter novas armas e habilidades da mesma forma – assim como customizar classe, vantagens e especialidades –, embora as opções dele sejam menos convencionais e mais mortais. Essas opções incluem armas de plasma, lança-redes e uma lança retrátil.
São muitas opções no arsenal do Predador
Além de ter recursos mais poderosos, a jogabilidade do alienígena também é mais versátil. É possível localizar inimigos com uma visão térmica, praticar parkour nas árvores, além de realizar saltos consideráveis e ataques corpo a corpo. Em suma, ele é um inimigo muito poderoso, praticamente invencível se controlado por um jogador minimamente competente.
Certos recursos facilitam bastante a caçada
Afinal, o Predador consegue acabar com qualquer soldado com um breve conjunto de golpes, sumindo logo depois para se recuperar de qualquer ferimento. Apesar dos soldados poderem criar armadilhas e se disfarçar na selva (com direito a se sujar na lama para atrapalhar a mira térmica), encontrá-los nunca é um grande desafio, ainda menos persegui-los.

Alguma qualidade com muito desequilíbrio

A força militar inimiga é relativamente ineficiente, oferecendo pouca resistência aos jogadores. Isso, por vezes, torna o progresso um pouco tedioso, visto que o nível de desafio é baixo; o que irrita mesmo, entretanto, é a incapacidade da IA em lutar contra o Predador. Num tiroteio entre humanos, me parece óbvio que o surgimento de um alienígena parrudo de três metros de altura chamaria toda a atenção para si.
Acertar um alienígena em movimento é bem complicado
Infelizmente, isso não acontece, aumentando ainda mais o desequilíbrio entre os dois lados da partida. Tudo pode piorar (ou melhorar um pouco) de acordo com o nível de habilidade dos jogadores no papel dos soldados e, principalmente, do Predador. Eu sei que Predator: Hunting Grounds é um multijogador assimétrico, mas não precisava exagerar na falta de simetria.
Infelizmente, soldados derrubados são uma constante do jogo
É uma pena, pois acredito que o jogo tenha um potencial muito grande, que é desperdiçado na situação atual. Partidas privadas entre amigos certamente são uma opção para disputas mais equilibradas ou, pelo menos, para revezar quem fica no comando do caçador extraterrestre. Ao menos o game proporciona uma boa quantidade de recompensas e pontos de experiência ao final das partidas.
Existe uma boa variedade na hora de obter e equipar itens
Assim, conseguimos liberar de forma relativamente rápida todas aquelas customizações e itens comentados anteriormente. Inclusive, o game conta com uma boa quantidade de cosméticos – também facilmente liberados – que permitem personalizações completas de soldados e predadores. Colecionáveis podem ser coletados pelo mapa, trazendo um pouco da história por trás do game.

Uma caçada frustrada

É também daí que Predator: Hunting Grounds pode receber críticas. Um modo história, mesmo que simples, assim como outros tipos de partidas, teria minimizado o desequilíbrio no multijogador. Uma arena de combate entre predadores? Ou quem sabe desafios do tipo um predador vs. 10 soldados? Coisas assim teriam melhorado e muito o título, sobretudo com a chegada da sua versão de nova geração.
Uma experiência divertida, ainda que de forma limitada
O que temos atualmente até proporciona alguma diversão, como explorações atrás de recursos valiosos, ataques conjuntos contra o Predador (até a quase inevitável derrota) ou reviver os colegas derrotados. O alienígena caçador oferece mais, com direito até a fatalities no estilo Mortal Kombat. Pena que seja preciso suportar uma assimetria exagerada, que vai trazer poucas partidas legais em meio a várias sacais.

Prós

  • Jogo multijogador assimétrico traz boas ideias e um bom uso da marca como um todo;
  • Modo de jogo principal é interessante e pode render partidas divertidas;
  • Jogabilidade de ambos os lados é agradável, com destaque para o poderoso predador;
  • Boa quantidade de itens e habilidades para desbloquear, proporcionando boa variabilidade funcional e estética;
  • Cross-play garante um público considerável para criar partidas.

Contras

  • Desequilíbrio entre o lado dos humanos e do predador extrapola o razoável, tornando a maioria das partidas um mero desafio para ver quem morre por último; 
  • Faltam mais modos de jogo para prender a atenção do jogador no longo prazo;
  • Desempenho é irregular, com carregamentos longos (para a atual geração) e eventuais travamentos;
  • Produção gráfica não recebeu atualizações significativas, sobretudo nos visuais um pouco datados.
Predator: Hunting Grounds — PC/PS4PS5/XSX — Nota: 6.0
Console utilizado para avaliação: PS5
Revisão: Alessandra Ribeiro
Análise produzida com cópia digital cedida pela IllFonic

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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