Análise: Looney Tunes: Wacky World of Sports — Um jogo que parece ter sido feito pelo Coiote

Pernalonga, Patolino, Gaguinho e outros personagens famosos entram em campo para disputar esportes da sua maneira maluca e única.

em 02/10/2024
Pernalonga e sua trupe decidiram acertar suas diferenças na base do esporte. Looney Tunes: Wacky World of Sports é um exemplo perfeito de como uma IP famosa pode chamar atenção para um jogo que poderia ser apenas mais um.

Derrote seus amigos, seja popular

Wacky World of Sports traz disputas de basquete, futebol, golfe e tênis. São esportes simples, de regras de fácil entendimento, então deve ser fácil de jogar, certo? Bom, nem tanto. Podemos disputar uma espécie de torneio, com uma partida de cada modalidade, contra até outros três participantes, que podem ser CPUs ou amigos, de maneira local.

Nesta copa, com exceção do golf, sempre fazemos par com um dos nossos concorrentes, e o ganhador é aquele que juntar mais pontos ao final das quatro provas. Cada esporte conta tanto com as mecânicas básicas que já conhecemos em conjunto quanto com aquele tempero ACME, que deixa as coisas mais com a cara dos Looney Tunes e adiciona algumas explosões, tortas voando e bigornas que caem dos céus.

Entretanto, isso não é suficiente para perdoar os controles, que são um pouco imprecisos. Nestes três esportes conjuntos, que exigem uma movimentação ativa pela quadra/campo, parece que em diversos momentos há um atraso na assimilação do comando usado. Então, não é incomum um chute ou raquetada demorar alguns segundos para ser executado.

No tênis, esse problema é um pouco menos aparente, já que só há a necessidade de cobrir meia quadra, sem ter contato com os oponentes, mas no basquete e no futebol, isso complica um pouco mais, já que temos que roubar a bola e realizar ações defensivas, como dar carrinhos ou tocos. Além da demora na resposta, outro incômodo é a falta de direção dessas investidas, que nem sempre seguem para o lado que queremos.

Com isso tudo, curiosamente, o esporte que se mostra mais divertido é o golfe. Como só temos que nos preocupar com as armadilhas do campo, a trajetória da bola e a força da tacada, ele não incomoda como os demais com as mesmas falhas de execução.

Além da copa, podemos disputar partidas isoladas de cada esporte, escolhendo as regras, o número de participantes e a localidade, mas novamente apenas contra a CPU ou jogadores locais. As modalidades também contam com cerca de 20 desafios cada, que envolvem usar apenas um movimento ou realizar jogadas específicas. 

Como só temos quatro esportes e esses modos citados acima, é fácil o jogo cair na repetitividade. Um multiplayer online com copas customizáveis talvez resolvesse isso, pois contar apenas com o modo local tira o brilho que o título poderia proporcionar em rede, mesmo com suas falhas de jogabilidade.

Um último ponto que merece ser citado, para o mal, é o excesso de telas de loading. Mesmo no menu principal, só a troca de telas, até nas opções de modo de jogo, gera uma desconfortável animação de carregamento que dura longos segundos. Agora, imaginem isso no meio da copa, entre um esporte e outro.

Eu acho que eu vi um gatinho, um pato, um coelho, um coiote…

Os visuais de Looney Tunes: Wacky World of Sports deixam um pouco a desejar. Mesmo com modelos tridimensionais cartunizados, fica parecendo que, em alguns momentos, faltam contornos e linhas de definição. Mas aí farei uma pergunta, para a qual já sabemos a resposta: o que aconteceria se este jogo tivesse bonecos originais ou genéricos? Provavelmente ele seria esquecido em uma prateleira empoeirada. Isso mostra a força dos Looney Tunes ainda nos dias de hoje.

Se contarmos desde a sua primeira versão, Pernalonga é um personagem de mais de 85 anos, e os demais integrantes selecionáveis seguem a mesma base de idade: Patolino (87), Gaguinho (89), Coiote (75), Papa-Léguas (75), Hortelino (86), Taz (70), Frajola (79)  e Eufrazino (79) são facilmente reconhecíveis por quaisquer gerações de jogadores. Até mesmo Lola Bunny, que só estreou na turma no primeiro Space Jam (1996), caiu no gosto popular e ganhou sua base de fãs.

Então, acreditem: o carisma desse universo consegue transformar o que seria um jogo mediano em algo no mínimo interessante. Além dos nove esportistas malucos disponíveis  — dez, se contarmos Eufrazino, que é um DLC —,  temos todo um universo de referências: Piu-Piu é o mestre de cerimônia do torneio; Hubie e Bertie desempenham os papéis de narrador e comentarista, respectivamente; nas partidas de futebol, Vovó é a nossa goleira, enquanto a bruxa Hazel é defende a meta adversária; sem contar as partidas disputadas no celeiro do Frangolino, na base espacial de Marvin, o marciano, e até mesmo em meio a uma ópera, em alusão ao premiado episódio no qual Pernalonga e Hortelino se apresentam como a valquíria Brunhilde e o semideus Siegfried.

Outra sutileza chamativa está nas jogadas especiais do futebol, tênis e golfe. Cada Looney Tune conta com um movimento característico que remete ao seu charme único. Coiote, por exemplo, sempre usa algum aparato tecnológico que acaba explodindo vexatoriamente; já Gaguinho vai se atrapalhar e escorregar e mesmo assim conseguirá fazer sua jogada.

As referências não ficam só no campo visual: a parte sonora também cumpre um bom papel. Além das participações já citadas de Piu-Piu, Hubie e Bertie, todos os personagens falam suas frases características (em inglês), seja em momentos de triunfo ou quando alguma jogada dá errado. Todo esse conjunto de referências acaba encantando os fãs e nos faz rejogar diversas vezes só para notar o que passou batido nas partidas anteriores.

Isso é tudo, pessoal!

Infelizmente, Looney Tunes: Wacky World of Sports é um jogo com uma ótima ideia, mas execução fraca, que não faz jus a Pernalonga e cia. Pelo menos o bom uso de referências mostra que a fórmula de colocar esses personagens icônicos em disputas esportivas pode dar certo — só precisa de uma jogabilidade mais competente para não deixar a diversão se perder pelo caminho.

Prós

  • Todo o universo dos Looney Tunes é transportado para as disputas de maneira bastante divertida;
  • O golfe é surpreendentemente mais divertido que os outros esportes;
  • Ótimo trabalho sonoro ao adicionar falas características de cada personagem.

Contras

  • Ausência de um modo online;
  • A movimentação do basquete, futebol e tênis tem diversas falhas;
  • Os movimentos defensivos são muito ruins de serem completados;
  • Os gráficos são um pouco feio;
  • Telas de loading demoradas.
Looney Tunes: Wacky World of Sports — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela GameMill Entertainment

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.