Akira Yamaoka e seu legado musical nos jogos

Alguns o conhecem apenas como o compositor de Silent Hill, mas assim com uma cebola, existem muitas camadas além da superfície.

em 26/10/2024

Muitos são os quesitos que podem fazer uma obra ser eternizada na história dos videogames, seja por suas divertidas jogabilidades, cativantes enredos ou lindos gráficos. Porém, algumas vezes, a parte mais importante de um jogo não está nesses quesitos, mas sim nas suas músicas. Grandes músicos conseguiram escrever seus nomes na “calçada da fama das trilhas sonoras”, e hoje, faremos uma peregrinação através da vida e da obra de um desses grandes nomes, Akira Yamaoka

Uma viagem para as montanhas silenciosas

Se você leu o nome Akira Yamaoka no título da matéria e achou familiar, não é por acaso, já que ele foi uma das mentes por trás do clássico jogo de terror do final dos anos 90, Silent Hill.

Nascido em fevereiro de 1968 em Nilgate no Japão, Akira nunca teve a pretensão de ser músico, sua grande paixão não estava nas partituras, mas sim na arquitetura. Após finalizar o ensino médio, ingressou na Tokyo Art College, onde estudou por muitos anos design de produtos e design de interiores.

Jovem e precisando de dinheiro (assim como nós), Akira eventualmente fazia alguns bicos como músico, visto que nessa época já esbanjava um talento notável na guitarra elétrica, ele só não imaginava que sua vida mudaria completamente quando aceitou um pequeno trabalho para uma empresa de videogames chamada Konami.

Akira se destacou por seu talento nos trabalhos que esteve envolvido e logo foi promovido a funcionário fixo. Pouco tempo depois, a Konami iniciou um novo projeto para desenvolver um jogo de terror para o PlayStation 1 que deveria ser lançado em 1999, juntando os maiores talentos da empresa para criar a melhor equipe possível. 

Junto com Keiichiro Toyama, Masahiro Ito e outros nomes de peso, Akira compunha o que ficou conhecido como Team Silent, equipe responsável por desenvolver os quatro primeiros jogos da franquia.

Um instrumental de tirar o fôlego

Por conta das limitações do PS1, Akira precisou se adaptar e contornar muitas dificuldades, principalmente relacionadas a qualidade sonora do CD, mas isso não o impediu de iniciar a sua carreira com um dos temas mais marcantes da história dos jogos.

Vai me dizer que esse violãozinho não é de arrepiar?!

Dois anos depois, agora no hardware mais poderoso do PlayStation 2, Akira continuou marcando a série com suas composições, trazendo ao mundo algumas das faixas que se tornaram as favoritas de muitos fãs, com um som mais cristalino graças a qualidade que o DVD  proporcionava.

Uma guitarra que te deixa relaxado e desconfortável ao mesmo tempo.

 Voz e guitarra, uma dupla perfeita

Apesar dos instrumentos passarem muito bem o tom de tristeza, solidão e melancolia, Akira sentia que suas composições precisavam de um toque a mais, precisavam de uma voz, e a escolhida foi a da cantora e dubladora Mary Elizabeth Mcglynn. Muitos fãs acabam preferindo a “era instrumental” da carreira de Akira, mas é fato que uma voz para acompanhar o timbre da sua guitarra caiu como uma luva.
Um equilíbrio perfeito entre calmaria e desordem.

 A relação entre Akira e Mary sempre foi das melhores, o que rendeu uma parceria que foi desde Silent Hill 3 até Homecoming, rendendo mais músicas do que o layout do site é capaz de comportar. 😬

O que mais impressiona nas composições cantadas é a constante qualidade que as faixas apresentam. Além das músicas complementarem o enredo dos jogos (muitas vezes tendo informações importantes para o entendimento da história), elas são boas o suficiente para serem ouvidas de forma isolada. É relativamente comum encontrar pessoas que nunca jogaram Silent Hill, mas que adoram suas faixas.

Essa aqui é para não dormir a noite.👻

Existe vida para além das montanhas silenciosas?

Após o lançamento de Silent Hill: Homecoming em 2008, Akira se despediu da série para alçar novos voos e explorar novas possibilidades (mal sabia ele que retornaria anos depois), mas sempre mantendo a melancolia do seu instrumental.

Ele fez uma peregrinação particular por vários estúdios e projetos diferentes, deixando sua marca única em cada um deles. Quem imaginaria que um dia ele estaria compondo para filmes também?

A saída da Konami deixou muitos fãs tristes achando que a série perderia a sua principal característica, mas por outro lado, trouxe muitas coisas boas para sua carreira. Por não estar mais preso aos padrões da série, ele pôde experimentar outras esferas sonoras, é fato que nem todas deram certo, mas o fez amadurecer e evoluir ainda mais como músico.

O bom filho a casa torna

Você até pode sair da sua terra natal, mas ela nunca sairá de você. Depois de 16 anos longe de Silent Hill, Akira retornou para a série que o fez conhecido e continuou a surpreender os fãs com suas novas faixas.

Durante a elaboração desse artigo, foi impossível não se emocionar escolhendo algumas dessas músicas. Cada uma delas traz uma mistura curiosa de nostalgia e novidade, algo que sempre se renova cada vez que é ouvido.

Akira Yamaoka ressignificou os conceitos do que pode ser uma música de videogame. Suas composições inspiraram milhares de músicos que futuramente desenvolveram seus próprios jogos.

Para alguns, a importância dessas faixas pode passar despercebida, mas para os ouvidos mais atentos, elas continuaram tocando eternamente.

Revisão: Beatriz Castro

Um “arqueólogo de games” que adora falar das gemas ocultas do mundo dos jogos, tem o PS3 como console favorito e ama um bom hack and slash. Mesmo apreciando os jogos modernos, não dispensa uma boa velharia obscura do tempo que videogame era movido à lenha. Segue o pai.
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