Análise: WHAT THE CAR? é uma louca e caótica corrida com um carro com pernas

Mergulhe na zoeira neste título indie que transforma uma ideia simples em mil situações inusitadas.

em 06/09/2024

Eu achava que já tinha visto de tudo no mundo dos jogos indie, aí aparece WHAT THE CAR? provando que não há limites para a criatividade e loucura. No novo título dos criadores do doidíssimo WHAT THE GOLF?, controlamos um carro peculiar por um monte de situações inusitadas e imprevisíveis. A experiência é repleta de humor e maluquice, por mais que às vezes ela seja um pouco simples demais.

Uma loucura sobre quatro rodas e duas pernas

Jogos de corrida existem aos montes, mas nenhum é tão peculiar quanto WHAT THE CAR?. O protagonista é um carro com pernas humanas que precisa correr por diferentes circuitos até a linha de chegada. Acontece que essa ideia inofensiva toma proporções variadas e curiosas no decorrer das fases: o veículo voa com a ajuda de mochilas a jato, equilibra cuidadosamente os passos quando suas pernas ficam imensas e desajeitadas, rola ladeira abaixo na forma de bola, e muito mais.


Os estágios são curtinhos, muitas vezes durando alguns poucos segundos. O objetivo é chegar ao final o mais rápido possível, com direito a três classificações de acordo com o desempenho. Fora isso, há uma carta escondida em algum canto do estágio, normalmente em locais de difícil acesso, o que adiciona uma camada adicional de complexidade aos desafios.

Os circuitos estão espalhados por diferentes áreas temáticas. Para avançar, é necessário completar os desafios da rota principal, mas há várias fases opcionais e até mesmo pequenos puzzles espalhados pelo mapa. O jogo conta também com uma ferramenta de montagem de estágios, sendo possível experimentar criações de jogadores do mundo todo. Por fim, desafios diários e semanais complementam o pacote.



Abraçando a zoeira em um universo diverso e caótico

WHAT THE CAR? é uma das experiências mais malucas e inusitadas que já tive a oportunidade de experimentar. É um daqueles jogos que não se leva a sério e a graça está justamente na energia caótica e bem humorada — ele começa estranho e fica mais estranho ainda conforme avançamos por esse mundo pitoresco.

De longe, o que mais me prendeu no jogo é a atmosfera repleta de ideias amalucadas. Começamos controlando um carro com pernas que salta e voa com um foguete nas costas, mas logo aparecem coisas ainda mais curiosas. Em um conjunto de estágios, as pernas são substituídas por girafas que giram como rodas; em outra área, o desafio é controlar um veículo incrivelmente longo; no mundo do escritório, um carro resfriado se impulsiona com espirros.


Há todo tipo de maluquice e o legal é que essas mudanças alteram completamente a jogabilidade. O objetivo sempre é chegar no final do circuito, mas cada versão do carro altera sensivelmente os comandos e o andamento, trazendo uma constante sensação de novidade. Há também minigames que exploram outras ideias, como preparar um sanduíche em uma lanchonete, cantar em um “carro-okê” ou até mesmo pular corda por uma pista acidentada.

Claramente o jogo não se leva a sério, apostando em uma atmosfera que transborda carisma e humor com visuais coloridos, trocadilhos divertidos e situações absurdas  — abraçar o tom de zoeira é essencial para curtir a experiência.



Às vezes básico até demais

WHAT THE CAR? aposta em estágios curtinhos cujas ideias são exploradas rapidamente e logo trocadas por outras, em um ritmo vertiginoso. O resultado é uma aventura variada que surpreende a todo momento com novas maluquices.


A duração reduzida das fases traz agilidade à experiência, mas é também o maior problema do jogo. Há uma sensação de simplicidade com circuitos de design básico e pouco memoráveis que investem mais na atmosfera bizarra do que na complexidade em si. Além disso, algumas das ideias são repetidas com pequenas variações de pouco impacto. As cartas escondidas ajudam a deixar as coisas mais interessantes, porém às vezes até elas se encontram em locais de fácil acesso.

Por sorte, alguns aspectos tentam compensar esses problemas. Para começar, há muito conteúdo opcional e colecionáveis, além de desafios diários, semanais e os estágios criados pelos outros jogadores. Fora isso, fases especiais bem escondidas nos mapas apresentam alta dificuldade e são perfeitas para aqueles que buscam um maior desafio.



Na empolgação de corridas excêntricas

WHAT THE CAR? oferece uma experiência caótica e humorística que abraça a criatividade sem limites. Com suas fases curtas e repletas de situações inusitadas, o jogo surpreende constantemente ao alterar as regras e introduzir novas ideias malucas a cada momento.

No entanto, essa abordagem vertiginosa também traz alguns desafios, com estágios que, por vezes, pecam pela simplicidade e repetição. Ainda assim, o charme e a originalidade, aliados a uma grande quantidade de conteúdo e opções criativas, tornam WHAT THE CAR? uma experiência divertida e cativante para aqueles que apreciam uma boa dose de loucura e criatividade.

Prós

  • Conceito principal único explorado em estágios diversos e criativos;
  • Ritmo acelerado torna as partidas ágeis;
  • Boa variedade de conteúdo;
  • Atmosfera colorida e bem-humorada cativante.

Contras

  • A simplicidade de alguns estágios incomoda em alguns momentos;
  • Algumas ideias são repetidas frequentemente com pequenas variações.
WHAT THE CAR? — PC/iOS — Nota: 8.5
Versão utilizada na análise: PC
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Triband

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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