Lançado em 2011 para Xbox 360, PS3 e PC, Warhammer 40,000: Space Marine trouxe um estilo de combate corpo a corpo visceral e tiroteios intensos ao universo de Warhammer 40k, uma franquia que até então era mais associada aos jogos de estratégia. O título foi uma mudança bem-vinda para muitos fãs, que mergulharam de cabeça no papel de um Space Marine, um dos guerreiros geneticamente modificados mais temidos do universo. Revisitar o jogo hoje, mais de uma década depois, traz à tona uma mistura interessante de nostalgia e surpresa, tanto pelas coisas que ainda impressionam quanto por aquelas que já parecem um pouco ultrapassadas.
A história de Titus
No jogo, você assume o papel do Capitão Titus, da legião Ultramarine, um grupo de guerreiros que são, basicamente, o equivalente a tanques humanos. A missão principal de Titus é impedir que uma horda de Orks, brutamontes alienígenas brutais, destrua um planeta forja (um local onde as armas mais poderosas do Império da Humanidade são construídas) e, mais tarde, lidar com uma ameaça ainda maior, os Caos, inimigos demoníacos que aparecem para transformar o conflito em algo ainda mais perigoso.
Quando joguei Space Marine pela primeira vez, fiquei impressionado com a atmosfera. O universo de Warhammer 40k é conhecido por seu tom sombrio, violento e cheio de tragédias, e o jogo capturou isso perfeitamente. Revisitar a história hoje me fez perceber que, embora o enredo em si não seja extremamente complexo, ele faz um bom trabalho ao manter o jogador investido nos eventos que acontecem ao redor de Titus. Ele não é um herói típico — os Space Marines são mais soldados frios e disciplinados, focados em cumprir sua missão a qualquer custo —, mas a liderança e o carisma de Titus conseguem manter o interesse no que está acontecendo.
Além disso, mesmo que o enredo siga uma fórmula simples de "chegar até lá e matar o que estiver no caminho", o cenário do jogo e as ameaças que aparecem são épicas o suficiente para deixar tudo emocionante. O clímax envolvendo a invasão dos Caos ainda é um dos pontos altos da narrativa, e revisitá-lo me fez lembrar de como esse universo consegue entregar batalhas grandiosas sem parecer exagerado.
Brutalidade e precisão
Se há algo que Space Marine fez bem em 2011, foi a jogabilidade. O jogo mescla combate corpo a corpo com tiroteios de forma muito fluida, e essa mistura continua satisfatória até hoje. O combate com a espada, o martelo ou o machado de energia é visceral, com cada golpe parecendo pesado e devastador. Ao mesmo tempo, alternar para as armas de fogo — desde bolters, que são basicamente metralhadoras gigantes, até rifles de precisão — ainda dá aquela sensação de poder absoluto.
Uma coisa que me marcou revisitando o jogo é como Space Marine evita o tradicional sistema de cobertura. Na época, muitos jogos de tiro seguiam essa tendência de design, como em Gears of War, onde você ficava escondido, esperando a hora certa para atirar. Em Space Marine, não há espaço para se esconder. Titus é uma máquina de guerra, projetado para avançar no campo de batalha e dizimar tudo à sua frente, o que torna o combate mais agressivo e direto.
Essa abordagem diferenciada ainda funciona hoje, especialmente no combate corpo a corpo. Quando você está cercado por dezenas de Orks, a melhor saída não é se esconder, mas partir para cima, utilizando uma combinação de armas pesadas e habilidades de finalização para restaurar sua saúde. Esse ritmo frenético de combate é algo que ainda impressiona, mesmo para os padrões de jogos modernos.
No entanto, ao revisitar o jogo, percebi que a repetição das mecânicas pode cansar um pouco depois de algumas horas. As arenas de combate muitas vezes seguem um padrão previsível, onde você enfrenta ondas de inimigos até a próxima área se abrir. Na época, isso não me incomodava tanto, mas hoje parece um pouco repetitivo, especialmente considerando a variedade limitada de inimigos que você enfrenta. Claro, há momentos em que o game joga uma quantidade absurda de inimigos em você, e isso ainda é emocionante, mas a falta de mais variedade nas estratégias de combate acaba se tornando aparente.
Um universo sombrio e imersivo
Se há algo que Space Marine acerta em cheio é na imersão no universo de Warhammer 40k. Jogar como um Ultramarine é uma experiência incrível, especialmente para quem já conhece o universo. A sensação de estar no meio de uma guerra futurista onde a humanidade luta desesperadamente pela sobrevivência contra hordas de alienígenas e forças demoníacas é transmitida com perfeição.
As armas, armaduras e até os cenários refletem o estilo gótico e imponente de Warhammer 40k, com cada estrutura sendo gigantesca, desproporcional e ameaçadora. Revisitar esses cenários foi um verdadeiro deleite, pois o design visual do jogo ainda se mantém muito bem. Os ambientes industriais do planeta forja, as enormes máquinas e as catedrais militares que você explora têm uma grandiosidade que poucos jogos conseguem reproduzir com tamanha precisão.
No entanto, algo que me chamou a atenção agora, mais de uma década depois, é como o jogo poderia ter explorado mais da lore riquíssima de Warhammer 40k. Para quem não está familiarizado com o universo, a história pode parecer um pouco simples demais, e algumas referências ao background dos Space Marines e da própria guerra são deixadas de lado.
Um primor tecnológico
Em 2011, Space Marine era um jogo visualmente impressionante. Os modelos dos personagens, especialmente dos Space Marines, eram detalhados e transmitiam perfeitamente a imponência dessas máquinas de guerra humanas. Os efeitos de partículas, como os tiros dos bolters e os impactos dos golpes de espada, também eram pontos altos.
Em termos de desempenho, o jogo roda tranquilamente em máquinas modernas, sem os problemas de performance que alguns jogadores enfrentaram na época do lançamento. Isso é um ponto positivo, pois a fluidez do combate é essencial para que a experiência de jogar como um Space Marine seja realmente satisfatória.
Uma trilha sonora épica
A trilha sonora de Space Marine faz um trabalho excelente em criar a atmosfera épica que o jogo exige. As músicas de fundo acompanham perfeitamente o ritmo das batalhas, alternando entre temas grandiosos e momentos mais sombrios. Revisitar o jogo me fez apreciar ainda mais como a trilha sonora ajuda a reforçar a sensação de estar em meio a um conflito massivo, lutando para salvar a humanidade.
Os sons de batalha também continuam a impressionar. O barulho dos bolters disparando, o impacto das armas corpo a corpo esmagando os inimigos e os gritos dos Orks ao serem derrotados ainda proporcionam uma imersão intensa. Essa atenção aos detalhes sonoros é algo que Space Marine fez muito bem, e, revisitando o jogo, percebi que isso ainda se mantém como um dos seus pontos fortes.
Vista sua armadura e vá para a batalha
Revisitar Warhammer 40,000: Space Marine foi uma experiência interessante. O jogo ainda tem muitos dos elementos que o tornaram memorável em 2011: combate brutal, um universo fascinante e uma jogabilidade fluida. No entanto, algumas das suas mecânicas, especialmente em relação à repetição de combates e à falta de variedade em inimigos, não envelheceram tão bem.
Mesmo assim, para quem é fã do universo ou para aqueles que querem experimentar um jogo de ação mais direto e brutal, Space Marine ainda vale muito a pena ser revisitado. A sensação de poder ao controlar um Ultramarine, esmagando hordas de inimigos com um martelo de energia ou despachando alienígenas com tiros de bolter, continua única.
Além disso, o jogo consegue capturar a essência sombria e épica do universo, o que certamente traz nostalgia para quem jogou na época e satisfação para novos jogadores que desejam mergulhar nesse universo.
A principal crítica, ao voltar ao jogo hoje, é a falta de profundidade em alguns aspectos da narrativa e a repetição no design das missões. O combate, embora divertido, pode se tornar cansativo devido à repetição das mesmas táticas de combate em muitas áreas. Porém, o estilo visual e sonoro do jogo, aliado à jogabilidade frenética, compensam essa repetição em boa parte da experiência.
Por fim, Warhammer 40,000: Space Marine é um título que, mesmo com suas limitações, ainda oferece uma experiência de ação sólida e gratificante. Para quem deseja revisitar o universo ou se sentir como uma verdadeira máquina de guerra humana, vale muito a pena retornar a esse campo de batalha futurista.
Revisão: Heloísa D’Assumpção Ballaminut