Análise: Sumerian Six une nazistas, a Antiga Suméria e muita teoria conspiratória

O novo jogo da Devolver Digital aposta no stealth tático no combate contra os maiores vilões da história.

em 02/09/2024

Sumerian Six
combina diversas ideias populares na cultura pop para criar um projeto esteticamente cativante e mecanicamente satisfatório. No comando do Enigma Squad, você enfrenta as forças nazistas em uma realidade paralela onde o Terceiro Reich descobriu uma perigosa tecnologia capaz de conceder poderes sobrenaturais. O resultado é um jogo tático com elementos furtivos que se alinham perfeitamente com seu elenco de personagens curiosos e poderosos.

A arte de matar nazistas



A equipe principal é composta pelos maiores cientistas do mundo em uma corrida contra o tempo para impedir que Hans Kammler, um antigo colega, use a perigosa energia Geiststoff para vencer a Segunda Guerra Mundial. Você inicia a jornada com Sid, que se infiltra em uma base nazista para contatar Isabella, a irmã dele. Ela atua como agente infiltrada no círculo interno de Kammler e está pronta para acabar com seus planos.

Os irmãos e o resto do esquadrão são comandados pelo pai deles, o que adiciona uma camada de drama e conflitos familiares aos diálogos. Rosa, uma cientista especialista em químicos, e Wojtek, o Urso-Homem, também fazem parte do elenco inicial. A personalidade e o visual de cada membro são suficientemente distintos para que você não se confunda em batalha. A forma como o jogo apresenta a maioria deles também é bastante interessante, com fases inteiras dedicadas a mostrar as habilidades de cada personagem e um pouco de sua história.

A mesma substância que deu poder aos protagonistas também tornou os nazistas mais poderosos. Isso torna a jornada do esquadrão ainda mais perigosa e desafiadora. Além dos clássicos nazistas, existem aqueles que utilizam o Geiststoff para enfrentar os heróis de igual para igual.

Além de toda a história envolvendo esses poderes, Kammler invoca as famosas teorias conspiratórias sobre nazistas em busca do sobrenatural, quando ele fica fascinado com a ideia de uma antiga civilização suméria esconder segredos de outro mundo, o que faz com que o Terceiro Reich gaste recursos e mova seus esquadrões ao redor da África em busca desse objetivo.

Ocultos nas sombras



A ideia de um esquadrão superpoderoso enfrentando nazistas com habilidades sobrenaturais poderia ser o material ideal para uma HQ de super-heróis, com muitas explosões e lutas épicas. No entanto, a desenvolvedora Artificer optou por seguir um estilo já familiar, tendo produzido anteriormente Showgunners, um shooter tático. A equipe decidiu trazer o modelo tático para um esquema baseado em furtividade.

Em vez de sair correndo e disparando raios ou coisas do tipo, aqui seus personagens enfrentam um exército gigantesco com dezenas de soldados tão poderosos quanto eles, exigindo discrição e eficiência. A equipe de seis, que às vezes pode ser reduzida para até dois membros em algumas missões, não tem chance em combate direto.




Mecanicamente, isso se traduz em uma jogabilidade mais cadenciada, quase lembrando um jogo de quebra-cabeça. Você deve analisar o ambiente, seus inimigos, rotas e especificidades para traçar a melhor sequência de ações para eliminar todos sem ser notado. A dificuldade aumenta a cada fase, com bases maiores, inimigos mais perigosos e equipamentos que complicam a vida dos heróis, como inibidores de poderes e alarmes automáticos.

Um elemento que soma à experiência é a possibilidade de pausar o tempo, coordenar a ação de cada personagem e dar play para ver cada um deles fazer o comando. Isso ajuda a eliminar dois inimigos de uma só vez, acionar um dispositivo enquanto retira um guarda da frente, dentre outras situações.

Esquadrão Enigma



Nossos seis da Suméria transformam a arte da furtividade em um verdadeiro jogo de tabuleiro. Cada personagem possui uma seleção de poderes e habilidades que facilitam a vida do jogador, mas o design das fases se torna progressivamente mais desafiador à medida que seu poderio aumenta. A cada novo poder ou personagem que entra na equipe, os perigos e armadilhas dos nazistas crescem exponencialmente.

Esse sistema torna cada fase mais interessante que a anterior. Se, ao adquirir a habilidade de dissolver corpos, você pensa que as coisas ficaram mais fáceis, o jogo rapidamente introduz um inimigo que não pode ser surpreendido por trás, forçando-o a pensar em novas estratégias para vencer. É uma pena que não haja uma árvore de habilidades para explorar o potencial máximo de cada personagem, com builds e caminhos de melhorias diferentes. Isso limita suas opções às quatro habilidades principais de cada personagem e alguns upgrades espalhados pelos mapas.




A quebra de imersão é um dos problemas que encontrei no jogo, como quando corpos são descobertos pelos inimigos, mas, após algum tempo de alerta, eles voltam às suas funções, ignorando completamente o cadáver no meio da base. Outro ponto importante é a performance no PC. Mesmo com uma RX7600, que roda jogos mais pesados como COD com mais de 100 FPS, mal consegui atingir 60 quadros estáveis em Sumerian Six. Embora isso não tenha prejudicado minha diversão, fiquei insatisfeito com a otimização, especialmente para um jogo que não parece tão pesado. Por fim, para boa parte do público acredito que a falta de legendas em português vai impactar negativamente a experiência.

Contra o mal absoluto


Sumerian Six tem alguns defeitos pontuais, mas está longe de ser um projeto defeituoso. A escolha de locais e temática é muito engajante e nada melhor do que colocar nazistas para serem destroçados durante a aventura. A falta de diversidade de inimigos poderia ser um problema, mas, pra mim, quanto mais nazista morto, melhor.

A união de um combate tático com elementos de stealth que lembram o amado Shadow Tatics é uma ótima escolha de gameplay, e a direção que a Artificer escolheu para dificultar a vida do jogador à medida que seus poderes aumentam é a cereja do bolo para uma experiência desafiadora e divertida.

Prós

  • Ambientação e história aproveita elementos da cultura pop para dar uma faceta interessante aos clássicos inimigos nazistas;
  • Os personagens do esquadrão têm poderes, personalidades e visuais únicos que fazem cada um deles ser um deleite de jogar;
  • As fases têm uma crescente de desafios que torna cada nova missão uma prova contra sua capacidade mental de sobrepujar o Terceiro Reich;
  • A seleção dos poderes dos protagonistas são ótimas ferramentas para auxiliar o jogador a escolher a melhor rota de ações em cada missão.

Contras

  • A falta de uma árvore de habilidades ou algum sistema mais complexo de aprimoramento torna os poderes estáticos depois de um tempo;
  • A reação fraca dos inimigos aos corpos encontrados me tirou um pouco da imersão;
  • A otimização poderia ser melhor;
  • Sem dublagem ou legendas em português do Brasil.
Sumerian Six — PC — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Alessandra Ribeiro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Devolver Digital

Redator publicitário em tempo integral e amante de games nas horas vagas. Provavelmente aprendi a segurar um controle mais rápido do que uma mamadeira. Cresci com os maiores clássicos da Big N como Zelda, Mario e Pokémon. Hoje aproveito os pequenos momentos de descanso da vida corrida para me perder em Hyrule, em uma Tóquio pós-apocalíptica ou em um mundo de encanadores e cogumelos.
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