Resident Evil 3: Nemesis completa 25 anos sendo o melhor ao misturar survival horror e ação

Com um perseguidor implacável e uma protagonista carismática, o jogo fechou a trilogia do PS1 com sucesso.

em 22/09/2024

É quase impossível pensar em Resident Evil sem lembrar de Nemesis, principalmente para quem jogou a trilogia clássica no PS1 ou o fatídico remake de 2020. Resident Evil 3: Nemesis foi lançado em 22 de setembro de 1999 e hoje completa 25 anos de existência. Mesmo sendo um survival horror, o título foi o primeiro da franquia a mergulhar mais profundamente na ação, e digo com tranquilidade que foi um dos poucos jogos de Resident Evil a fazer isso de maneira magistral.

Andando por uma Raccoon City desolada

A história de Resident Evil 3: Nemesis se passa 24 horas antes e depois do segundo jogo da série e acompanha Jill, sobrevivente dos horrores da Mansão Spencer (retratados em Resident Evil, de 1996), que decide fugir o mais rápido possível de Raccoon City, sua cidade natal, agora tomada por zumbis e monstros. A jornada, que já não seria nada fácil, torna-se ainda mais complicada quando um ser de mais de dois metros começa a perseguir Jill por toda a cidade.


Esse é Nemesis, um tyrant criado e programado para eliminar todos os membros restantes da S.T.A.R.S. — um grupo de forças especiais criado pelo Departamento de Polícia de Raccoon City — que sobreviveram à mansão do primeiro jogo. A partir daí, a protagonista conta com a ajuda de Carlos Oliveira, mercenário da Umbrella, para lutar contra o monstro e fugir antes que a cidade seja completamente "varrida" do mapa.

Durante toda a campanha, o jogador explora vários locais de Raccoon City, desde ruas destruídas até o hospital da cidade. Os cenários pré-renderizados são bem detalhados, impressionantes para a época. A forma como Raccoon é retratada é rica em detalhes: carros abandonados, lixo, ruas destruídas e vidros quebrados por toda parte, criando uma atmosfera de devastação.



Jogabilidade e momentos de tensão ainda em alta

Resident Evil 3: Nemesis trouxe inovações à jogabilidade. Uma delas é o giro rápido de 180 graus, extremamente útil, especialmente nas batalhas contra o vilão titular, para desviar de seus ataques. Outro movimento inédito, que ficou famoso entre os fãs da franquia, foi a esquiva, que permite abaixar e desviar dos ataques de quase todos os inimigos.


Outra grande novidade foi o sistema de escolhas, que força o jogador a tomar decisões que influenciam o desenrolar da história. A maioria das decisões é feita ao enfrentar o Nemesis; nessas ocasiões, a tela pisca e congela em preto e branco, apresentando duas opções: enfrentar o monstro ou fugir. Os jogadores precisam agir rapidamente, ou o jogo tomará a decisão por eles. Enfrentar Nemesis geralmente traz consequências imediatas, sendo a morte uma possibilidade real. Em outras situações, as escolhas determinam diferentes rotas no cenário.


RE3 também introduziu novos itens, como pólvoras e o prensa-balas. Com o prensa-balas e diferentes tipos de pólvora (A, B e C) encontrados ao longo da campanha, é possível criar munição para as armas de Jill, inclusive munições mais poderosas, como granadas incendiárias ou ácidas, a partir de granadas comuns.

Quem já jogou ou assistiu a algum gameplay de Resident Evil 3: Nemesis conhece alguns sustos clássicos, como quando Brad arromba a porta de um porão ou o icônico momento em que Nemesis atravessa a janela da delegacia. Embora esses jumpscares possam ser previsíveis para jogadores experientes, sempre é divertido ver o desespero de quem está jogando pela primeira vez.


Mesmo para veteranos, é difícil escapar de alguns momentos de desespero que a história proporciona, como as primeiras batalhas contra Nemesis no modo difícil. Nesta dificuldade, o jogador começa apenas com uma pistola e, ao longo da jornada, encontra outras armas. A primeira batalha contra Nemesis, por exemplo, pode ser um grande desafio com tão poucos recursos. Ele corre, agarra Jill pelo pescoço e a joga no chão, levando o jogador ao desespero ao tentar levantar. A segunda luta ocorre em um corredor estreito, e Nemesis ainda está armado com um lança-granadas. Sem dúvida, o jogo ainda consegue acelerar o coração dos jogadores várias vezes ao longo da campanha.

Personagens super amáveis (mesmo os odiáveis)

Quem ama personagens femininas provavelmente vai adorar ver Jill Valentine (em sua melhor forma) destruindo qualquer inimigo que tente impedir sua fuga de Raccoon City. A ex-policial, que desde o primeiro game se mostra como uma mulher forte e corajosa, retorna aqui enfrentando possivelmente o maior desafio de sua vida.

Jill tem um carisma absurdo, com ótimos momentos no jogo. O monólogo de introdução reflete todos os seus sentimentos referentes à situação em que sua cidade se encontra: medo, raiva, desespero, incerteza, mas principalmente coragem para enfrentar todos os obstáculos e fugir daquele pesadelo.
   

Seu companheiro, Carlos Oliveira, não fica para trás. O membro da Umbrella Biohazard Countermeasure Services, a U.B.C.S.,  pode até ser meio inconveniente no início da história ao dar em cima de Jill logo no primeiro encontro dos dois; entretanto, ao longo da campanha, é perceptível o quanto Carlos se importa com ela, chegando a enfrentar um hospital inteiro cheio de hunters para produzir uma vacina e salvar a vida da ex-policial.

Como ninguém é de ferro, Resident Evil 3: Nemesis também traz um momento de fragilidade do personagem, quando ele entra em desespero e Valentine precisa trazê-lo de volta à realidade, o que desconstrói aquela pose forte que Carlos apresentou no início. Ocasiões como essa fazem com que o jogador se importe e torça para que o personagem consiga fugir ao final da trama.
   

Já os vilões são um show à parte. Uma das pedrinhas no sapato de Jill e Carlos é Nicholai Ginovaef, que finge estar trabalhando com os mercenários da Umbrella, mas está lá para coletar dados de combate das armas biológicas contra os membros da U.B.C.S.. Nicholai é debochado e traz muita dor de cabeça para os protagonistas, sempre destruindo provas que poderiam incriminar a empresa farmacêutica. Definitivamente, um personagem que os jogadores vão amar odiar.
  

E para fechar com chave de ouro, é claro que o destaque é ele: Nemesis. Possivelmente o perseguidor mais implacável da série, o tyrant é o maior obstáculo no caminho de Jill. Criado pela Umbrella para matar todos os membros da S.T.A.R.S., o monstro se apresenta para o mundo em uma cutscene icônica, na qual mata Brad Vickers de maneira brutal na porta do Departamento de Polícia de Raccoon City.


A partir desse momento, o jogador é perseguido durante a campanha inteira, podendo evitar lutar com o monstro em vários momentos ou se arriscando e enfrentando-o. Lutar contra Nemesis pode ser um grande desafio, mas a sensação de vencê-lo todas as vezes é recompensadora. Com apenas a palavra “S.T.A.R.S.” saindo de sua boca o jogo inteiro, a arma biológica conseguiu se tornar o inimigo mais memorável de toda essa franquia.

Ué, cadê o modo normal?

Como nem tudo são flores, Resident Evil 3: Nemesis também tem um ou outro ponto negativo. Um dos mais perceptíveis é sua dificuldade desbalanceada. O jogo conta apenas com dois modos: fácil e difícil, e é isso que entregam, mas talvez não de uma maneira muito justa. O modo fácil tem seus desafios, mas não é algo que vai fazer com que os jogadores esbravejem de raiva. A personagem já começa com uma metralhadora e 3 sprays de cura, então a jogatina se mostra um pouco mais tranquila desde o início.

Por outro lado, o modo difícil te coloca no caos de Raccoon City apenas com uma pistola, fora que itens de cura e munição não aparecem com a mesma frequência que no modo fácil. Bem, até o momento, descrevi algo que acontece em praticamente todos os jogos com diferentes níveis de dificuldade. O problema em RE3 é que essa diferença é gritante de um modo para outro, não existe um meio-termo. 


Quem finalizou o jogo pela primeira vez na modalidade fácil não vai estar totalmente preparado e treinado para a difícil. Isso é muito perceptível na primeira luta com Nemesis, porque em um modo, você o enfrenta com a metralhadora, o que torna a luta mais “tranquila”; já no outro, você tem uma pistola, uma shotgun (se você pega-lá no porão) e uma faca (se você pega-lá no baú) para derrotá-lo, fazendo o desafio ser 10 vezes maior. Um modo normal acabaria com esse problema, porque traria uma evolução de dificuldade mais justa, fazendo com que os jogadores fossem adquirindo mais habilidades e chegassem mais preparados para os desafios do modo difícil.

Um clássico que vale a pena ser jogado

O terceiro capítulo dessa consagrada saga é o favorito de muitas pessoas (inclusive, o meu) e o porquê disso é claro como o azul da blusa de Jill. O jogo tem uma história envolvente, com personagens carismáticos e cativantes, sejam heróis ou inimigos. Ele fecha o arco de Raccoon City, trazendo um final trágico para a cidade, que gera consequências na história da franquia até hoje. 




Resident Evil 3: Nemesis ganhou um remake em 2020 que passa longe da essência e genialidade do original. Não é um jogo ruim, mas de forma alguma substitui o de 1999. A nova versão sofreu com vários cortes, seja de cenários, inimigos ou acontecimentos, o que até hoje gera tristeza e indignação nos fãs da franquia. Quem quiser uma experiência completa, com muita ação e momentos de desespero, precisa dar uma chance a este clássico do PS1. O saldo final vai ser bem satisfatório, pode ter certeza!

Revisão: Davi Sousa

Sou um estudante de jornalismo completamente apaixonado por cultura pop, principalmente games, música, cinema e TV. Provalmente sou o maior fã de Resident Evil que o GameBlast já teve.
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