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Impressões: Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven tem a chance de reviver um clássico da era de ouro do SNES

Remake se propõe a dar uma cara nova a um RPG da linhagem de Akitoshi Kawazu.

em 18/09/2024

Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven é um remake de um clássico da Squaresoft. Agora em três dimensões e com uma perspectiva mais detalhada, ele tem a chance de reviver a experiência para jogadores modernos.

Tive a oportunidade de jogar uma demonstração antecipada que cobre o início da trama e escrever este breve texto de impressões. Essa mesma versão do jogo já está disponível no PC (Steam), PS4, PS5 e Switch para quem tiver interesse em experimentar a obra.

Um clássico com história

Quando se fala da franquia SaGa, experimentação com mecânicas complexas de RPG é a grande expectativa. Não é possível dissociar as obras projetadas originalmente por Akitoshi Kawazu de técnicas ousadas que fogem do óbvio do gênero, trazendo complexidade mecânica às experiências.

Entre os vários lançamentos da série, Romancing SaGa 2 é um título lendário originalmente desenvolvido para o Super Nintendo e lançado apenas no Japão em 1993. De lá para cá, tivemos um remaster, que está disponível no PC e consoles desde 2017 e permitiu que o Ocidente conhecesse essa pérola.

Screenshot do remaster de Romancing SaGa 2 (2017)

Agora, a Square Enix contratou a Xeen (do remake de Trials of Mana) para poder fazer uma versão 3D do título. Intitulada Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven, a reimaginação do clássico estará disponível de forma completa no dia 24 de outubro. As mudanças vão muito além do visual, já que, mesmo nesse ponto, é necessário construir todo o mundo novamente e reprojetar toda a direção de arte e roteiro para se alinhar a uma perspectiva moderna.

Além disso, pelos trailers e pelo início do jogo, já é possível ver que a exploração dos ambientes e o sistema de batalhas foram significativamente atualizados. O combate, em particular, oferece uma interface muito mais clara e detalhada e aproveita a estrutura de timeline dos jogos mais recentes da franquia. O resultado de todas essas escolhas de design tem potencial, mas vamos discutir os detalhes por partes.

Uma saga que envolve gerações

O conceito de Romancing SaGa 2 gira em torno da linhagem imperial e seus esforços para lidar com poderosos indivíduos lendários que atacam sua nação. Sem entrar em detalhes que poderiam ser considerados spoilers, a ideia da trama envolve acompanharmos os sucessivos soberanos, mas a demo só cobre uma espécie de prólogo que impulsiona a estrutura do enredo.

Começamos a história com Leon, um líder gentil, porém de pulso firme e boa habilidade com a espada. Na sucessão do trono, temos dois príncipes: o primogênito Victor, cujas habilidades militares são notáveis e conhecidas pelos cidadãos; e o caçula Gerard, conhecido por sua gentileza e dedicação aos estudos.

Enquanto deixa Victor no trono, Leon leva Gerard em missões breves para lidar com monstros que têm assolado a região até o dia em que uma grande calamidade acontece. A trama termina logo após apresentar o sistema de herança, um elemento que será fundamental ao jogo completo, mas que não foi possível experimentar ainda.

Um começo aberto a novos jogadores

Romancing SaGa 2 é um RPG de turnos, e isso não mudou no remake. Porém, para quem tem dificuldade com o gênero, vale destacar que a nova versão conta com três modos de dificuldade (Casual, Normal e Difícil), sendo a última alinhada ao balanceamento do jogo original. A expectativa é que isso permita experiências mais tranquilas com o título.

A ideia dos turnos envolve gerenciar vários aliados em uma equipe. Ao contrário do original, temos um pequeno trecho com apenas dois personagens sob nosso controle (Leon e Gerard) para apresentar os primeiros tutoriais.

Ainda na primeira área, nos encontramos com três aliados (Bear, James e Therese). A entrada deles na equipe abre a formação Imperial Cross, que reduz o foco dos ataques inimigos no jovem príncipe e seu pai. Em compensação, Bear, que é uma unidade com mais habilidade defensiva, assume a vanguarda e passa a ser atingido com mais frequência.

Turnos e comandos: desafios estratégicos

Enquanto no jogo original escolhíamos os golpes para todos os aliados de uma vez só, Revenge of the Seven coloca os turnos de cada personagem de forma separada. Com uma linha do tempo no canto superior esquerdo da tela, podemos avaliar ação por ação como devemos proceder, tendo formas inteligentes de evitar danos, eliminando oponentes antes que eles tenham a chance de atacar.

Todos os ataques físicos são indicados em um menu chamado Techs, que lista tanto ataques básicos quanto mais avançados das armas que equipamos. Em Spells, temos habilidades mágicas como bolas de fogo, luz ou cura. Podemos também equipar itens para usarmos durante o combate, como bálsamos restaurativos de HP.

Cada inimigo possui várias fraquezas que são claramente indicadas abaixo da sua barra de vida. Cabe ao jogador tentar explorar diversos tipos de armas para poder extrair o máximo do potencial de combate de cada aliado.

Como habitual da franquia, não temos o nível de força ganho com experiência, elemento recorrente do gênero. Em vez disso, nossas ações durante o combate têm consequência no nosso desenvolvimento. Quanto mais utilizamos uma arma, melhor nossa aptidão em empunhá-la, aumentando o dano causado.

Glimmer: vislumbres de habilidade

Até mesmo as habilidades que nossos personagens usam são dependentes dessas ações em combate, utilizando o sistema de “Glimmer”. A ideia é que, quando usamos recorrentemente uma arma, ficamos propícios a aprender técnicas especiais durante o combate como um lampejo. Essa evolução momentânea das nossas habilidades se torna ainda mais provável se estivermos enfrentando um inimigo particularmente difícil.

Um ponto interessante que foi possível ver na demo é o fato de que a tendência de Glimmer pode ser vista já no menu de combate. Um ícone de lâmpada aparece ao lado de ataques que têm potencial de despertar novas habilidades. Se o símbolo brilhar bastante, a chance é ainda mais alta.

Graças a isso, podemos avaliar se queremos tentar desbloquear uma técnica ou focar estritamente nos golpes que causam mais dano. Com esse tipo de informação, o jogador tem mais chance de avaliar adequadamente suas ações e tomar escolhas bem informadas durante o combate. Esse é o tipo de adição de qualidade de vida que é muito bem-vinda e enriquece dramaticamente a experiência do jogador, e espero ver outros aspectos similares no jogo completo.

Por fim, ainda gostaria de destacar que as batalhas possuem um sistema de Overdrive. Trata-se de uma barra que enche com os nossos ataques e permite executar combos entre os personagens. Durante a demo, só consegui encher o Overdrive para dois aliados, mas imagino que o jogo completo permita fazer combos com mais personagens em pontos mais avançados da trama.

A ideia de usar o Overdrive é fazer com que um aliado e o próximo da linha do tempo ataquem consecutivamente, aumentando o dano causado. Um ponto muito interessante disso é o fato de que isso até mesmo permite que um aliado ataque antes de um inimigo que teria precedência na linha do tempo, já demonstrando utilidades estratégicas mais avançadas mesmo em uma demo curta.

Um mundo mais rico em exploração

Para além do combate, a mudança para o 3D enriqueceu dramaticamente a exploração de ambientes. Em vez de servirem como ponto de encontro de NPCs ou passagem para o jogador procurar tesouros e enfrentar inimigos, os mapas agora possuem uma estrutura com elevações diferentes e pode ser necessário pular para acessar certos pontos.

Também é importante ter atenção à disposição de inimigos nos mapas. Temos um minimapa no canto superior direito e as suas posições são indicadas como símbolos cruciformes vermelhos. Com isso, pode valer a pena ter cuidado antes de se aproximar.

Se o inimigo te ver, ele pode correr atrás de você no mapa até causar um esbarrão (iniciando o combate) ou perder seu personagem de vista. Porém, também podemos evitar ser notados e executar um ataque preemptivo, reduzindo os pontos de vida e a agilidade do oponente no primeiro turno.

Fico na expectativa para ver como as dungeons mais avançadas usarão esses elementos de exploração. Há um enorme potencial de que o design do jogo completo traga ambientes bem peculiares que valorizam a obra enquanto uma nova visão de Romancing SaGa 2.

Um RPG notável a caminho

Pela demo, já dá para notar um esforço para fazer com que Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven atualize a experiência para um público moderno. Mais do que uma adaptação “simples” para o 3D, a obra promete ser uma forma ainda mais convidativa de conhecer um título clássico sem deixar de lado a complexidade que está no DNA da franquia. Trata-se de um lançamento que fãs de RPGs precisam ficar de olho.

Revisão: Alessandra Ribeiro
Texto de impressões produzido com demonstração cedida pela Square Enix


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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