Análise: Date A Live: Ren Dystopia: garotas-espírito e desejos se mesclam em um complemento agradável para os fãs

A visual novel deve agradar aos fãs de longa data da franquia, embora não consiga trazer nada de peso para expandir sua audiência.

em 05/09/2024
Cinco anos se passaram desde o lançamento ocidental de Date A Live: Rio Reincarnation, e agora a Idea Factory International traz ao Ocidente Date A Live: Ren Dystopia. Disponível apenas no PC via Steam, a visual novel permite investir mais tempo com as belas garotas-espírito da franquia.

Um pacote para os fãs

Date A Live é uma franquia multimídia criada como light novel pelo roteirista Koushi Tachibana e pela ilustradora Tsunako (a mesma de Hyperdimension Neptunia). O conceito da série gira em torno do jovem Shido Itsuki conhecendo garotas muito especiais advindas de outra dimensão.
 
Essas belas moças são “espíritos” e têm poderes muito perigosos que podem destruir a realidade ao seu redor. Por certas razões de roteiro, cabe ao rapaz tentar conhecê-las mais a fundo e selar os seus poderes. Para isso, ele acaba realizando encontros com as garotas e conhecendo mais a fundo os seus dramas.
Ren Dystopia se passa um pouco após os eventos que são cobertos na terceira temporada do anime. Com isso, Shido já tem um relacionamento estabelecido com várias garotas e a trama trata certos detalhes como de conhecimento do jogador.
 
Por conta desses aspectos, trata-se de uma obra cujo apelo é pensado mais estritamente para fãs já consolidados. Em vez de um roteiro completamente independente, o foco aqui é dar aos fãs um gostinho de se relacionar com as garotas, deixando Shido em uma posição de self-insert.

Apesar disso, ainda há uma biblioteca com detalhes sobre cada personagem e os jargões da série. Esse menu pode ser bastante útil para se familiarizar com vários aspectos da obra e poder consultá-lo durante qualquer momento do jogo permite esclarecer dúvidas rapidamente.

Desejos

Em termos específicos do jogo, a trama apresenta Ren, um novo espírito misterioso. Tudo começa com um dia aparentemente comum que termina com um sonho bizarro. Quando acorda, Shido nota que embaixo de seu travesseiro há uma caixa roxa com ornamentos dourados e um símbolo de cobra em sua tampa.
 
Dependendo das escolhas do jogador no dia inicial, ele ou uma das garotas irá abrir a caixa e libertar uma névoa sinistra. Essa pessoa então passa a ter contato com Ren, que lhe oferece três desejos, como um gênio da lâmpada.
 
Cada personagem aproveita essa oportunidade de uma forma diferente, solicitando coisas relacionadas com seus gostos e personalidades. Temos a oportunidade de ver situações engraçadas como consequência de seus desejos serem concedidos.
Aos poucos, o mistério de Ren é explicado e finalmente chegamos a um grande conflito ao final. Sem entrar em detalhes de spoiler, inicialmente temos uma rota para cada garota-espírito da série até esse ponto e elas são bem curtas. Após terminar uma delas, liberamos uma opção adicional de rota que explora mais a fundo a história de Ren e é condizente com a estrutura usual da série.
 
Em termos de tom, Ren Dystopia acaba tendendo ao humor na maior parte do tempo. Infelizmente, o curto tempo de cada rota e o contexto da trama se passar após a resolução dos dramas das heroínas faz com que a visual novel não traga grandes desenvolvimentos.

Uma experiência divertida

Uma parte fundamental da experiência são as ilustrações. Primeiramente, as cenas de conversa são animadas em Live2D, trazendo piscadas, movimentação labial e até um pouco de corporal bem simplificada. Os pequenos detalhes como respiração e ajustes de expressão facial ajudam a dar uma aparente vida às personagens.
 
Além disso, ainda temos as imagens de cenas específicas, popularmente conhecidas como CGs, com contextos mais detalhados. Enquanto algumas dessas ilustrações são estáticas, algumas outras são animadas, geralmente as que dão mais destaque aos corpos das garotas em prol do fanservice. De forma geral, em todos os casos, as imagens conseguem abusar do estilo peculiar de Tsunako, que consegue fazer personagens simples ainda serem marcantes.
Em termos dos aspectos sonoros, temos uma dublagem bem competente. Como usual de visual novels com ênfase no romance e/ou em um senso de self-insertion, o protagonista infelizmente não possui voz em japonês (apesar disso existir no anime por motivos óbvios). Porém, para todos os outros personagens, incluindo o melhor amigo de Shido, todos os diálogos possuem vozes e os dubladores japoneses são de alto nível.
 
Outro aspecto que ajuda na construção das personalidades individuais é a tradução. O texto em inglês foi bem escrito para enfatizar os trejeitos de cada um, demonstrando muito bem o seu apelo. Como resultado final, temos uma experiência bem imersiva e uma leitura fluida.
 
O único problema que detectei na localização é o fato de que a canção de abertura do jogo, Kangen Yuuwaku Receptor, foi cortada e substituída por uma música instrumental fraquíssima. O mesmo havia sido feito com Rio Reincarnation, mas é uma tática que já não é comum no mercado de jogos há anos.

Complementando a série para os fãs

Assim como Rio Reincarnation, Date A Live: Ren Dystopia é uma visual novel que complementa a série e permite aos fãs ter um gostinho a mais das excentricidades de suas lindas personagens. Infelizmente, a obra não vai além disso, com uma trama previsível e pouco desenvolvimento para as personagens, elementos que acabam fazendo com que o jogo não seja uma boa porta de entrada. Porém, mesmo com tudo isso, fico bastante feliz em poder jogá-lo oficialmente em inglês.

Prós

  • Ilustrações cheias de charme e animações que fazem os personagens terem uma sensação de vida própria;
  • Para os fãs, é uma ótima oportunidade para ver as garotas-espírito em situações curiosas;
  • A tradução flui muito bem, apresentando de forma clara as personalidades de cada garota;
  • Sistema de “biblioteca” permite esclarecer dúvidas sobre personagens e termos a qualquer momento;
  • Vozes em japonês de alta qualidade para todos os diálogos, exceto os de Shido.

Contras

  • No geral, as rotas não trazem um desenvolvimento grande para as personagens;
  • A obra acaba não tendo um apelo para além dos fãs já estabelecidos de Date A Live, tratando os relacionamentos dos personagens como algo conhecido;
  • Canção de abertura trocada por uma música instrumental.
Date A Live: Ren Dystopia — PC — Nota: 7.0
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Idea Factory International

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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