Análise: Vampire Survivors finalmente chega ao PlayStation com sua viciante ação roguelite contra os mortos-vivos

A jogabilidade descomplicada e as inúmeras combinações de poderes especiais tornam cada partida uma divertida experiência.

em 11/09/2024

Se eu ganhasse dez reais por cada jogo com vampiros que saísse da exclusividade do PC e chegasse aos consoles — PlayStation, no caso — em 2024, eu teria 20 reais. Mesmo não sendo um número grande, é curioso que, além do ótimo V Rising, tenhamos o lançamento de Vampire Survivors ainda neste ano. Prepare-se para mais uma matéria repleta de alho, cruzes, mortos-vivos e, sobretudo, diversão, pois vamos começar a análise!

Valeu a pena esperar

Original de 2021 para os PCs, Vampire Survivors chegou aos demais consoles ao longo do tempo, sendo a versão para PlayStation de 29 de agosto de 2024. A proposta do roguelite é simples: no comando de um herói, cuja única ação disponível é se mover pelo cenário, o jogador precisa sobreviver a ondas intermináveis de inimigos. Conforme os monstros são derrotados, cristais que equivalem a pontos de experiência surgem, podendo ser coletados para tornar o personagem cada vez mais poderoso.
Obviamente, os inimigos também ficam progressivamente mais perigosos, criando um equilíbrio constante. Para derrotar os vilões, o personagem escolhido começa com apenas uma arma, podendo adquirir novos equipamentos e habilidades durante a partida, seja subindo de nível, seja ao abrir baús de tesouro. É possível melhorar cada uma delas, o que somando com os itens de efeitos secundários, pode tornar o jogador um exército de um homem só.
E é justamente aí que Vampire Survivors brilha tão forte como uma lua cheia sangrenta. Melhorar equipamentos para suas versões mais poderosas dá uma sensação muita satisfatória ao jogador, que consegue lidar facilmente com os inúmeros inimigos que surgem na tela. Um verdadeiro deleite, sobretudo quando conseguimos obter uma sinergia nas combinações de itens.
Vale lembrar que não é preciso acionar os ataques, que são disparados automaticamente de acordo com seu tipo; então, basta se mover pela tela e assistir ao espetáculo destrutivo. Os gráficos pixelados combinam bem com o caos que toma conta do jogo, dando aquela saudosa cara de “jogo velho” a um título moderno. Afinal, aqui temos um roguelite digno dos melhores da atualidade, conforme vamos continuar detalhando nesta análise.

Quantidade e qualidade

As fases colocam o jogador num grande mapa — que podem ser florestas, bibliotecas, fábricas, cavernas, etc. — repleto de inimigos, itens e segredos para interagir. Os vilões são muito variados, incluindo bruxas, esqueletos, lobisomens, sereias, cavaleiros, fantasmas e, logicamente, vampiros. Cada um conta com características próprias, incluindo alguns que são considerados “chefes”.
Como um bom roguelite, Vampire Survivors reseta o progresso do jogador quando ele morre. Bom, quase isso: o ouro coletado nas partidas pode ser usado para melhorar atributos permanentes e comprar novos personagens para usar. Falando desses atributos, eles são divididos em categorias, como os inerentes ao personagem (vida máxima, movimento, armadura, sorte, etc.), os que afetam as armas (poder, velocidade de disparo, área, etc), entre outros.
Todos eles são representados por números, que ajudam a entender e a analisar os poderes especiais adquiridos. Da mesma forma que itens, armas e inimigos, os personagens disponíveis para usar nas fases também vêm em grande quantidade. Inicialmente limitada a três, novas opções são liberadas para compra de acordo com o cumprimento de missões secundárias.
Asseguro ao leitor que Vampire Survivors é acessível e, acima de tudo, viciante. Ele é um daqueles clássicos que deixa o jogador querendo “só mais uma partida”, seja quando morremos de forma triunfal, com muitos poderes contra os vilões mais perigosos, ou vergonha, depois de uma rateada logo no começo de uma partida. Fazia tempo que eu não experimentava algo tão envolvente e original.

Uma pequena mancha de sangue

É possível liberar variações para as fases, modificando velocidade, dificuldade e até atributos de inimigos e do personagem. Além disso, temos o modo cooperativo à disposição, algo que funciona muito bem na proposta caótica e emocionante do game. Caso o colega morra, é possível revivê-lo ao sobreviver por algum tempo, aumentando a tensão durante as partidas.
Após tantos elogios, preciso deixar minha única crítica mais contundente ao game. Apesar da variedade de fases, inimigos, itens e armas, assim como de combinações entre as habilidades e personagens disponíveis, a jogatina tende a se tornar menos interessante no longo prazo. Explico: boa parte da graça de Vampire Survivors é se surpreender com novos vilões, liberar heróis poderosos e descobrir poderes incríveis.
Logo, à medida que o ineditismo diminui, a jogabilidade simplista tende a se tornar repetitiva. Quero deixar claro que essa percepção só veio depois de muitas horas de jogo e que ela surge de forma lenta, mas constante. Nesse sentido, a versão dos consoles de Vampire Survivors é mais robusta ao problema, pois já tem disponível para compra todos os DLCs lançados até agora.
São quatro no total: Emergency Meeting, baseado em Among Us; Operation Guns, baseado na série Contra; Legacy of the Moonspell, baseado na mitologia japonesa; Tides of the Foscari, baseado em contos de fada. Cada expansão trouxe suas próprias fases, itens, personagens e vilões; é possível jogar cada uma delas de forma individual, como uma aventura separada, mas elas também trazem conteúdo ao jogo base.

Diversão (quase) eterna

Ao combinar uma jogabilidade muito simples com uma fórmula roguelite viciante, Vampire Survivors conseguiu atingir um alto nível de ação e diversão. Existe uma grande quantidade de armas, itens e melhorias para obter, tornando cada partida uma nova oportunidade para criar combinações incríveis para derrotar as intermináveis hordas de mortos-vivos.
Além da boa quantidade de fases e desafios do jogo base, o lançamento para PlayStation pode ser expandido com os DLCs lançados até então. Eles ajudam a renovar a jogatina a longo prazo, pois ela tende a ficar menos interessante conforme vamos conhecendo as combinações e descobrindo os principais segredos do game. Seja você um fã ou não do gênero, esta é uma sugestão praticamente obrigatória para a sua biblioteca.

Prós

  • Roguelite de ação oferece uma experiência original e viciante de combate aos mortos-vivos;
  • Jogabilidade simples torna o game descomplicado e divertido;
  • Grande variedade de poderes especiais e evoluções para os mesmos, garantindo muitas combinações legais para usar;
  • Boa quantidade de fases, segredos, inimigos e variações nos desafios;
  • Opção de compra dos DLCs lançadas até então, baseadas em temáticas bem legais, dá mais corpo ao game.

Contras

  • Mesmo com todo o esforço do game em trazer conteúdos e possibilidades, jogabilidade e recompensas se tornam menos interessantes a longo prazo.
Vampire Survivors — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 9.0
Console utilizado para avaliação: PS5
Revisão: Beatriz Castro
Análise produzida com cópia digital cedida pela poncle

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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