Análise: Persona 3 Reload: Episódio Aigis -A Resposta- é um epílogo agridoce e limitado do JRPG

O DLC aposta em alguns poucos aspectos do jogo base, o que resulta em uma experiência um pouco cansativa.

em 19/09/2024

Persona 3 Reload conseguiu modernizar o clássico JRPG ao mesmo tempo que manteve a sua essência. Muitos sentiram a falta do conteúdo da versão FES, mas isso mudou com o lançamento da expansão Episódio Aigis -A Resposta-. Nesta campanha, acompanhamos a androide Aigis em um epílogo que explora como os heróis lidaram com as consequências de suas ações da história original. A nova jornada tem vários ajustes interessantes em relação ao lançamento original, porém seu ritmo maçante atrapalha a experiência.

Presos em um loop temporal

Depois da complicada jornada pelo Tártaro para acabar com a Hora Sombria, os membros do S.E.E.S (Setor Especializado em Execução Supracurricular) se preparam para deixar o dormitório que foi seu lar por vários meses. No entanto, um estranho evento acontece e todos eles se veem presos em um 31 de março que se repete infinitamente.


Para piorar, uma estranha androide chamada Metis ataca o grupo. Em uma batalha intensa, Aigis adquire o poder da Carta Coringa e consegue derrotar a invasora. A misteriosa figura, que se autointitula irmã de Aigis, explica que a causa do fenômeno é o Abismo do Tempo, um calabouço que apareceu na área abaixo do dormitório. Sem outra opção, o grupo decide explorar o local em busca de respostas.

O foco de Episódio Aigis é desbravar essa nova região perigosa, que é estruturada em diferentes andares com Sombras, de maneira similar ao Tártaro da campanha principal. A protagonista da vez é a androide Aigis, que agora tem o poder de manifestar diferentes Personas. Além disso, ela é capaz de usar suas pistolas para acertar inimigos e alvos distantes e, no decorrer da jornada, ela adquire novas habilidades.



Passado renovado

Assim como Reload, Episódio Aigis conta com várias melhorias em relação ao original — a versão presente em FES é conhecida por ser brutal, exigindo grandes doses de grind para ser concluída. Agora é possível escolher entre cinco diferentes níveis de dificuldade, é fácil retornar para a base para salvar o progresso e há uma opção para recomeçar um chefe ao ser derrotado.


As novidades em si são tímidas. O Abismo do Tempo conta com desafios de combate inéditos na forma de variações da Mônada. Desta vez, aparecem três portas de dificuldade variada, com direito a batalhas em que enfrentamos grupos de inimigos em sequência. Particularmente, achei um desafio bem interessante, pois há grande necessidade de se planejar com cuidado para os combates mais difíceis. Outro conteúdo inédito é uma complicada batalha contra Joker, de Persona 5.

Por estarem presos em um dia que se repete infinitamente, não há as outras atividades características, como os Vínculos Sociais e o calendário com eventos, ou seja, a experiência se concentra unicamente em desbravar o calabouço e em combates. De qualquer maneira, há os Episódios Vinculados, pequenas cenas opcionais que liberam habilidades passivas dos personagens.



Entre a empolgação e o marasmo

A meu ver, o que torna Persona 3 Reload tão envolvente é a mistura única de combates por turnos, exploração de calabouços e elementos de simulação social. Individualmente, os aspectos não são tão interessantes e Episódio Aigis prova esse ponto ao remover muitas das mecânicas do jogo base.

A jornada pelo Abismo do Tempo é conceitualmente sólida, afinal aproveita a mesma ideia do Tártaro. Atravessar andares gerados processualmente é ágil e o combate por turnos focado em explorar fraquezas para ganhar rodadas extras empolga com as possibilidades estratégicas. No entanto, a expansão basicamente reaproveita cenários e inimigos da campanha principal, e sem as interações e as outras atividades para quebrar o ritmo, a ação de explorar se torna cansativa e repetitiva.


Outro ponto questionável é a narrativa em si. O tema é interessante, explorando o pesar, os arrependimentos e angústias dos personagens, o que é justificável dada a conclusão da trama principal. O problema é que a pouquíssima história é fragmentada, exibida em cenas curtas que aparecem somente depois de horas de exploração. O ritmo melhora nos trechos finais, mas é necessário insistência para atravessar aproximadamente 20 horas de jogo até chegar lá.

Levando tudo isso em conta, Episódio Aigis se revela divisivo. Apreciei conhecer melhor o passado dos membros do S.E.E.S. e o combate continua interessante. Além disso, o visual estiloso e a trilha sonora retrabalhada tornam a experiência envolvente — o novo tema de batalha “Don’t” é um dos grandes destaques. Porém, o ciclo de jogo é repetitivo e o ritmo é maçante, então recomendaria a expansão somente para os fãs mais dedicados.



Uma resposta para poucos

Episódio Aigis -A Resposta- traz de volta a atmosfera e o combate tático que caracterizam Persona 3 Reload, oferecendo uma visão aprofundada dos personagens e suas emoções após os eventos principais. O epílogo adiciona desafios interessantes e novas opções de dificuldade, além de ajustes que tornam a experiência menos punitiva do que a versão original, sendo destaques a ambientação estilosa e a trilha sonora retrabalhada.

No entanto, a repetitividade na exploração e a falta de variedade em atividades além dos combates podem tornar a expansão cansativa. Sem a rica mistura de simulação social e exploração que faz de Persona 3 Reload uma experiência tão cativante, Episódio Aigis é um epílogo recomendado principalmente para os fãs ávidos da série.

Prós

  • Sistema de batalha estratégico e interessante;
  • Exploração ágil e com algumas melhorias de balanceamento em relação à expansão original;
  • Trama interessante que explora um pouco mais da personalidade dos heróis.

Contras

  • Ciclo de jogo repetitivo;
  • Narrativa de ritmo maçante;
  • Pouquíssimo conteúdo inédito em relação ao jogo principal.
Persona 3 Reload: Episódio Aigis -A Resposta- — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela SEGA

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.