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Análise: Monster Jam Showdown é um SUV em alguns pontos, mas um caminhão monstro naqueles que mais importam

Contando com uma boa quantidade e variedade de desafios, o game oferece uma boa dose de diversão, ainda que mantenha alguns problemas do passado.

em 03/09/2024

Embora não seja um entretenimento muito popular no Brasil, os carros monstro conseguem atrair atenção devido a sua grandiosidade e chamatismo. Se aproveitando dessa temática radical, Monster Jam Showdown é um interessante título de corrida que consegue trazer muita diversão inspirada nesse universo dos monster trucks. Vista seu macacão e capacete, e não esqueça de encher os pneus, pois a análise vai começar!

Ultrapassando o passado…

Lançado em 26 de agosto de 2024, Monster Jam Showdown traz uma rica experiência do mundo dos carros monstro, incluindo veículos clássicos, pistas tradicionais e eventos competitivos. Para fins de referência, o título anterior da franquia foi Monster Jam Steel Titans 2, por sua vez lançado em 2021. Salvo algumas mudanças positivas, ambas as experiências são muito semelhantes.
Uma mudança drástica em relação ao game anterior foi a eliminação do mundo aberto, cujas missões e fases foram realocadas para um sistema de menus mais tradicional. Embora eu gostasse de explorar os diversos tipos de biomas, com direito a realizar manobras e coletar colecionáveis, confesso que agora ficou mais fácil de escolher corridas e acompanhar o progresso geral.
 
Creio que esse seja um daqueles casos nos quais se troca “seis por meia dúzia”, pois ambas as opções tem prós e contras. Quanto a produção técnica, Monster Jam Showdown conseguiu evoluir em relação aos games anteriores. Enquanto os veículos continuam caprichados, os cenários estão mais detalhados e com texturas mais bonitas. Os tempos de carregamento são bastante reduzidos, permitindo ao jogador iniciar (ou recomeçar) desafios rapidamente.
Vale frisar que a mudança não é gritante, mas ainda assim significativa para quem conheceu os títulos anteriores da franquia. Gostei muito da apresentação geral do game – radical e dinâmica – tal como esperado de um jogo com carros monstruosos. O estilo geral é muito bonito, e torna até mesmo a exploração dos menus interessante.

… mas ainda com problemas

O título tem uma campanha repleta de missões, todas divididas entre três grandes áreas: Colorado, com ambientes focados em florestas; Alaska, com fases de temática da neve; e Death Valley, que traz cenários mais desérticos. Dentro de cada uma delas temos diversos eventos, como corridas em circuito ou em 8, disputas do tipo horda e 1x1, e até competições de manobras em estádios.
Seja qual for o modo de jogo, temos um contador que registra derrapadas, saltos, destruição, aterrissagens – entre outros movimentos –, conferindo uma pontuação ao final da partida e a possibilidade de mais recompensas. Gosto desse sistema, que favorece não somente o cumprimento dos objetivos, mas também uma pilotagem mais descontraída e que assume riscos.
Ambas a variedade e a quantidade de missões são consideráveis, de modo que Showdown propicie muitas horas de desafios divertidos. Além de correr para garantir um lugar no pódio, as fases têm missões secundárias para serem completadas. Completar esses objetivos rende pontos de experiência, que por sua vez rendem novos carros, pistas, ícones, entre outros.
Infelizmente, completar algumas dessas fases pode ser uma missão ingrata. Embora  a jogabilidade do game seja razoavelmente simples e funcional durante boa parte do tempo, ela pode facilmente se tornar um problema. Apesar dos carros serem monstros, eles parecem não ter peso suficiente, perdendo a estabilidade com praticamente qualquer contato com pedras ou superfícies irregulares.
Em outras palavras, o veículo pode rapidamente se tornar instável ao menor raspão em obstáculos que parecem insignificantes, realizando a partir disso movimentos quase hilários. Se chocar contra os adversários também pode resultar em situações cômicas, como as rodas de ambos “grudarem”. Esse problema na jogabilidade é uma herança maldita do título anterior, Steel Titans 2, e com certeza o maior problema de Showdown.

Divertido e funcional

Ressalto que essa instabilidade nos controles não é de todo ruim; ela é muito válida, por exemplo, nas disputas de manobras, durante as quais realizar movimentos arrojados é fundamental. Talvez o game devesse ter feito algo como Need for Speed Underground, cujas disputas de drift tinham uma física diferente (mais escorregadia) das corridas convencionais.
Felizmente, Monster Jam não chega a ser comprometido pela jogabilidade. Uma boa parte das pistas é “comportada”, sem maiores armadilhas para que o jogador perca o controle do carro; quanto as outras, com o tempo é possível aprender a evitar determinados obstáculos. Pena que o game não consegue ser robusto o suficiente para evitar alguns momentos frustrantes.
Para quem curte disputas contra outros jogadores, o título tem multiplayer online e local. Esses recursos expandem ainda mais as possibilidades de jogo, sobretudo em tempos nos quais partidas em tela dividida estão cada vez mais raras. Já o modo fotografia, esse sim bastante encontrado na atualidade, permite registrar aqueles momentos espetaculares das partidas.
Alguns determinados recursos não contam com o mesmo esmero. A narração (somente em inglês) pode ser um pouco repetitiva, ao passo que não temos uma câmera de dentro do carro monstro. Já o sistema de destruição de objetos, ainda que mais completo do que era anteriormente, deixou mais uma vez a oportunidade de oferecer mais caos com mais objetos destrutíveis.

De olho no futuro

Outro problema é quanto ao DualSense: não encontrei uma configuração para desabilitar o som do dispositivo, que serve para imergir o jogador ao trazer barulhos de derrapagem. Nesse caso, acredito que alguma atualização futura vá corrigir esse ponto, até porque, no geral, o controle oferece uma boa experiência na vibração e nos gatilhos adaptativos.
Inclusive, o game tem um sistema de nitro que proporciona arrancadas bem legais, melhor aproveitadas com essa imersão. Monster Jam Showdown tem um sistema que permite a direção  independente das rodas dianteiras e traseiras. Isso proporciona um nível de controle interessante para realizar curvas no barro em alta velocidade, ou aquela manobra incrível.
Isso não é suficiente para corrigir a questão da instabilidade, mas é sim um recurso importante. O mesmo vale para as opções de assistência da máquina, que podem ajudar em derrapagens, alinhamento de aterrissagens e até na direção em si. Para terminar, vale contar que está prevista uma série de futuras atualizações, com direito a vários veículos e eventos. Infelizmente, boa parte deles será paga, mas ao menos teremos alguns reforços para a garagem.

Pronto para o show?

Em conclusão, Monster Jam Showdown traz uma pequena melhora em relação ao seu predecessor. Os visuais agora estão mais caprichados, assim como a apresentação geral do jogo. Somando aos variados e numerosos desafios, a ótima trilha sonora e os recursos multijogador, temos um game interessante. Ele tem alguns probleminhas, sobretudo quanto a eventual instabilidade na pilotagem, mas ainda assim é uma boa opção para a sua biblioteca.

Prós

  • Jogo baseado em carros monstro traz muita diversão de forma única no gênero;
  • Produção geral é bonita, incluindo cenários e veículos;
  • Recursos e configurações ajudam a melhorar a jogabilidade geral;
  • Boa quantidade e variedade nos desafios, incluindo corridas e disputas de manobras;
  • Trilha e efeitos sonoros são ótimos, trazendo muita energia tal qual como os eventos;
  • Modos multiplayer online e local proporcionam uma dose extra de diversão.

Contras

  • A jogabilidade pode ser instável em determinadas situações;
  • Alguns elementos poderiam ter sido melhor aproveitados, tais como a destruição, a narração, e a câmera interna.
Monster Jam Showdown — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 7.5
Console utilizado para avaliação: PS5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela Milestone

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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