Análise: MARVEL vs. CAPCOM Fighting Collection: Arcade Classics — O esperado reencontro com alguns dos maiores crossovers do mundo

Uma das coletâneas de jogos de luta mais aguardadas de todos os tempos justifica completamente o motivo deles terem uma legião de fãs até hoje.

em 09/09/2024
Comoção: essa é a palavra que melhor define o que causou o anúncio de MARVEL vs. CAPCOM Fighting Collection: Arcade Classics durante o Nintendo Direct realizado em junho deste ano e não é para menos. A série de crossovers entre as duas empresas que sempre foram cultuadas ao longo das décadas como o suprassumo dos fliperamas ao redor do mundo.

Infelizmente, com o passar do ano e expiração de licenças, o acesso a esses clássicos foi praticamente extinto por meios legais e a legião de fãs achava a possibilidade de trazer os títulos baseados na Marvel de volta improvável. Muitos criadores de conteúdo até tentaram emplacar hashtags e campanhas para que este acervo fosse resgatado do ostracismo que lhe restara. 

Pois bem, caro leitor, se você, assim como eu, foi um dos milhares que rezou para que acontecesse um milagre, pode comemorar. A hora de reviver a glória da parceria entre Marvel e Capcom chegou.

Time de elite

Assim como Capcom Fighting Collection, este compilado traz os sete títulos lançados nos anos 1990 pela Capcom para os Arcades, incluindo as ROM’s japonesas e americanas de cada um:

X-Men: Children of the Atom (1994) — Children of the Atom trouxe como foco apenas o time de mutantes, que precisavam combater a ameaça de Magneto. Famoso por trazer membros célebres como Wolverine, Ciclope e Tempestade, sua jogabilidade fluida e golpes especiais também foram o bastante para chamar atenção para este jogo de luta na época. Se o jogador conseguisse cumprir uma série de objetivos, enfrentaria Akuma como desafiante secreto.

Marvel Super Heroes (1996) —
MSH reuniu heróis famosos, como Capitão América, Homem-Aranha e Homem de Ferro, e alguns vilões não tão populares, como é o caso de Shumah-Gorath e Blackheart, em um embate contra o vilão Thanos. A jogabilidade foi melhorada significativamente em relação a X-Men: Cota. Além disso, houve a introdução das seis Joias do Infinito, que alteram temporariamente a propriedade dos ataques de cada lutador.

X-Men vs. Street Fighter (1996) — O primeiro crossover entre Marvel e Capcom trouxe os mutantes contra Ryu, Ken, Chun-Li, Akuma, entre outros, que estavam com seus visuais do recém lançado Street Fighter Alpha. Foi neste jogo que tivemos a primeira aparição de Apocalipse como chefe final que ocupava a tela inteira, além da introdução da batalha de duplas, com a possibilidade de trocar livremente de lutador no meio do combate e realizar ataques combinados. 

Marvel Super Heroes vs. Street Fighter (1997)
— O segundo crossover adicionou mais alguns heróis da Casa das Ideias para ajudar Ryu e cia. em um novo confronto contra o vilão Apocalipse. Quem deu as caras aqui pela primeira vez foi Cyber Akuma — que não é o mesmo visto em Cyberbots. Outra peculiaridade era o personagem Norimaru, exclusivo da versão japonesa, além de versões alternativas de Capitão América, Sakura, Zangief, Blackheart, entre outros.

Marvel vs. Capcom: Clash of Super Heroes (1998) — Se a Marvel trouxe reforço no jogo anterior, agora era a vez da Capcom engrossar o caldo, adicionando protagonistas de outras franquias, como Strider Hiryu, Captain Commando, Jin Saotome (Cyberbots) e Mega Man. O sistema de duplas foi mantido e também era possível escolher um terceiro personagem de uma lista à parte, e este funcionava como assistente. Onslaught se torna a ameaça a ser derrotada, inaugurando a fase com chefes de duas formas.

Marvel vs. Capcom 2: New Age of Heroes (2000) —
Trazendo todos os personagens que já habitaram os cenários virtuais de ambas as empresas, e ainda mais, MvC 2 se tornou um dos jogos de luta mais populares do planeta, tanto por causa do seu elenco de mais de 50 personagens quanto por causa da sua ascensão aos arcades e dos torneios que estavam começando a surgir. Mesmo dividindo opiniões inicialmente, dada sua trilha sonora pitoresca e sistema de três lutadores, o que tornava as batalhas intensas, não demorou para que Marvel vs. Capcom 2 se tornasse uma referência para os futuros jogos de luta ao estilo Tag Team.

The Punisher (1993) — A surpresa da coletânea é o beat 'em up que traz o Justiceiro e Nick Fury em um confronto contra o Rei do Crime (Kingpin) e seus capangas. A importância de ter ele nesta lista é por este ser seu primeiro lançamento oficial para consoles, pois antes só era possível jogá-lo nos arcades da época. Sem contar que The Punisher foi o primeiro título da parceria que Marvel e Capcom iniciaram nos anos 1990.

Esta seleção traz quase tudo que foi produzido pela Capcom com a licença da Marvel na década de 90, deixando de fora apenas X-Men: Mutant Apocalypse e Marvel Super Heroes: War of the Gems, lançados diretamente para Super Nintendo, além das ROMs de console de cada título. Logo, reclamar da inclusão deles é algo que talvez não faça muito sentido nessa coletânea, já que a proposta é focada para o arcade, mas também não estaria errado de todo modo. 

Além disso, praticamente não há tempo de carregamento nos jogos. As telas de loading podem ser aceleradas, o que pode parecer bobagem, mas sempre conta pontos a favor, pois quanto menos tempo de espera, mais tempo de ação. 

Como a ideia é não só fazer esses clássicos retornarem aos holofotes, mas também torná-los acessíveis, temos uma série de opções para deixar a experiência mais palatável para as novas gerações. Podemos remapear os botões individualmente, inclusive assinalando golpes especiais específicos e comandos mais pontuais (como especiais em dupla) com apenas um toque. E vale citar que alterar o padrão de um título não influencia os demais.

Também é possível escolher personagens secretos logo de cara, sem ter que realizar macetes longos e difíceis de memorizar. É só habilitar a opção na tela de seleção de jogos e todo mundo estará disponível, mesmo que em um canto escondido. Claro que a galera mais “raíz” pode desativar essa vantagem e tentar fazer a seleção deles na raça.

Outro recurso bastante útil é o save state, que permite que o jogador salve a qualquer momento da partida e carregue seu progresso também. Entretanto, assim como na coletânea anterior, só podemos guardar um progresso por vez, o que acaba nos obrigando a focar em um título por inteiro, mesmo se quisermos continuar a jogatina em um outro momento.

Para quem quer o bom e velho visual retrô, temos um total de oito filtros de tela, além de wallpapers de fundo. E, para quem não se incomodar em jogar com uma disposição um pouco mais esticada, é possível alongar as medidas originais para o tamanho widescreen 16:9.

The Punisher ainda conta com um recurso a mais se comparado com os demais, mas algo já comum em alguns outros compilados, que é o de rebobinar. Se por acaso recebermos algum dano ou tomarmos alguma decisão errada, é só pressionar o botão e voltamos alguns segundos milagrosos no tempo. Há também a possibildiade de escolher em qual fase começar, seja a primeira ou a última.

Para quem quer entender as particularidades de cada jogo, o modo treino foi incluído, com a adição de hitboxes/hurtboxes. Assim, é possível praticar bastante as melhores combinações possíveis de personagens em cada situação.

A galeria é um deleite para quem estava esperando por essa reunião. São mais de 570 imagens que trazem artes conceituais, rascunhos, pôsteres, manuais e até os adesivos das cabines dos anos 90, que continham instruções e os comandos dos golpes de cada lutador. A parte musical também dá show, com todas as faixas existentes para serem escutadas livremente, como uma jukebox.

Por fim, há missões diversas para quem gosta de traçar objetivos. Todos os jogos contam com uma série de metas a serem completadas, como fechar um dos títulos utilizando todos os personagens, ou acertar golpes em situações específicas. 

Lutadores e mutantes ao redor do mundo

Assim como na coletânea anterior, a presença do rollback netcode em todos os jogos é um chamariz gritante. É simplesmente a chance de curtir um grupo de jogos lendários com qualquer pessoa sem ter que ir a um Arcade.

Como recebi MvC Fighting Collection para análise antes de seu lançamento oficial, consegui jogar poucas partidas em rede, mas todas elas rodam otimamente, como se eu estivesse numa fila de pessoas esperando minha vez para colocar minha ficha no fliperama e desafiar o campeão do local.

É possível disputar partidas ranqueadas, casuais e até entrar em salas variadas, nas quais podemos escolher as regras das partidas. Para entrar no clima, também dá para assistir aos outros jogadores disputando até chegar sua vez.

The Punisher, mais uma vez, conta com algumas diferenças, por ser de um gênero diferente. O rollback netcode funciona aqui para achar um parceiro online e concluir a aventura, enquanto outras pessoas podem assistir também e ele é o único jogo da coletânea que conta com um quadro de pontuação global.

No momento, MARVEL vs. CAPCOM Fighting Collection será lançado para PC, PlayStation 4 e Nintendo Switch. Após diversas reclamações dos donos de Xbox — que foram totalmente justificáveis — foi anunciado que este compilado chegará ao lado verde da força no ano que vem, e isso torna ainda mais triste o fato de não contar com crossplay, para realmente colocar todo mundo em um mesmo ambiente virtual.

Fazendo jus a uma parceria lendária

Mesmo com menos jogos que a coletânea anterior, devemos reconhecer que MARVEL vs. CAPCOM Fighting Collection: Arcade Classics contém seis títulos que têm um peso enorme na história dos jogos de luta. A aura que eles exalam desde o primeiro play é absurda, a ponto de arrepiar o fã mais fervoroso. É algo que parece que outros nomes mais atuais do gênero acabaram perderam; aquela mistura de charme e dinamismo que acaba levando quem está no controle sempre a tirar só mais uma partida depois da “última”.

The Punisher vem para fechar a conta e mostrar como a Capcom realmente convenceu a Marvel, e de uma maneira não tão convencional, de que poderia fazer aventuras com seus super-heróis de maneira sublime. Se você nunca jogou nenhuma dessas pérolas, a hora é agora. Se você já era um fã, sinta-se agraciado com a melhor coletânea de jogos de luta disponível atualmente, sem exagero.

Prós

  • Ter todos os jogos de arcade da parceria entre Marvel e Capcom é um ótimo pacote;
  • Botões customizáveis para facilitar a jogabilidade e recursos auxiliares (como habilitar personagens secretos) é uma ótima pedida;
  • The Punisher é uma grata surpresa para a lista em seu primeiro lançamento caseiro oficial;
  • Galeria robusta, com diversas artes e jukebox para curtir as músicas livremente;
  • Modo online com rollback netcode funciona muito bem e ainda oferece diversas opções para customizar sua experiência;
  • As missões estendem a vida útil da coletânea e fazem um bom trabalho de incentivar o jogador a conhecer todos os títulos.

Contras

  • Os jogos poderiam contar com espaços para salvamentos separados, nem que fosse pelo menos um para cada;
  • Ausência de crossplay entre as plataformas.
MARVEL vs. CAPCOM Fighting Collection: Arcade Classics — PC/PS4/Switch — Nota: 9.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Capcom

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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