Não seria exagero afirmar que Lollipop Chainsaw RePOP teve uma das piores campanhas de marketing dos últimos tempos da indústria de jogos. Desde seu anúncio, uma série de trapalhadas da Dragami Games, responsável por este remaster, vieram à tona, a começar pela dificuldade notória em determinar se o escopo da produção era o de um remake ou de um remaster. Com o tempo, novas informações foram sendo divulgadas e, o que supostamente deveria esclarecer todas as dúvidas dos jogadores, na verdade trouxe ainda mais questionamentos.
Isso é porque os trailers anunciados muito pouco falam sobre as mudanças promovidas nesta reedição. Para piorar, falar que o jogo teve uma campanha de marketing ainda beira o enganoso, já que a maior parte das informações vieram a público através do perfil do diretor, Yoshimi Yatsuda, na (por enquanto) finada plataforma anteriormente conhecida como Twitter. Difícil entender se isso tem a ver com falta de mão de obra na empresa, se é só ego do responsável em questão ou sei lá. Enfim, era por meio do perfil dele que as informações iam surgindo, mesmo que de uma maneira ainda nebulosa.
Enquanto algumas mudanças de qualidade de gameplay, como a facilidade no encadeamento de certos combos e um rebalanceamento do sistema de tiro da motosserra, fossem já previstas e muito bem-vindas, outras alterações não foram exatamente bem aceitas pelo público veterano, como é o caso da amenização de algumas sequências de violência e a remoção de parte da identidade visual focada em histórias em quadrinhos.
Com Lollipop Chainsaw RePOP em mãos, é seguro afirmar que o produto entregue não é nem perto do desastre que essa comunicação horrorosa prenunciava. Aliás, o game roda surpreendentemente bem e, para complementar, é como se fosse uma edição 2 em 1, em que é possível selecionar tanto a versão remasterizada quanto a clássica, presente quase que em sua integridade e pode ser acessada com bastante facilidade do menu principal.
Então, assim, logo de cara, fica a dica: Dragami Games, por favor, adequem-se à modernidade e contratem algum especialista em marketing — não precisa nem ser um time todo, às vezes um único profissional que tenha consciência do que faz já ameniza o problema —, porque o prejuízo de uma péssima impressão pode sair bem mais caro do que a contratação de uma pessoa para essa finalidade.
Sugestão dada e deixando para trás toda essa problemática, é seguro afirmar que Lollipop Chainsaw está de volta com uma experiência tão similar quanto a que foi entregue há mais de dez anos, no seu lançamento original para Xbox 360 e PlayStation 3.
Enredo de Videogame — com V maiúsculo
Embora esta remasterização tenha sido 100% de responsabilidade da Dragami Games, é preciso voltar lá atrás um pouco para entender o contexto de produção de Lollipop Chainsaw. Pelo menos uma década antes do James Gunn fazer seu nome na esfera popular nerd como chefão da DC Comics no cinema, ele começou a traçar seu caminho com alguns trabalhos de roteiro bastante peculiares, como os filmes live action de Scooby-Doo e o remake de Madrugada dos Mortos, dirigido por Zack Snyder em sua estreia como diretor.
Ao lado desses trabalhos mais populares, ele também ajudou na concepção de um falso documentário chamado Lollilove. Dirigido por Jenna Fischer, a Pam do The Office, o filme conta a história de um casal que distribui pirulitos para os sem-teto e que, assim, acredita estar fazendo a diferença na vida deles.
Tal filme, lançado em 2004, não seria a única de suas obras a trazer o doce como importante elemento temático, uma vez que, em 2012, o diretor em questão foi um dos principais nomes envolvidos na produção do roteiro de Lollipop Chainsaw, um estiloso hack and slash regado a referências à cultura popular e trilhas sonoras licenciadas, já remetendo estilo autoral que veio a consolidá-lo em Guardiões da Galáxia.
A protagonista é Juliet Starling, uma jovem viciada em pirulitos que está completando seus dezoito aninhos. Neste mesmo dia, ela iria apresentar seu namorado, Nick, para o resto da família. Depois de sair atrasada de casa para encontrá-lo, ela se depara com uma invasão zumbi, algo que não é exatamente um problema, já que caçar tais criaturas sobrenaturais é praticamente uma tradição familiar.
Mesmo depois de conseguir abrir o caminho à força com sua motosserra e habilidades atléticas de líder de torcida, ela descobre que chega tarde demais, uma vez que Nick já havia sido vítima dos zumbis. Como último recurso, ela pratica um ritual de feitiçaria que consegue preservar a vida de seu namorado, mas às custas de seu corpo — algo que Juliet acha incrível, afinal, quantas garotas por aí têm como namorado uma cabeça falante que pode ser carregada por aí praticamente como um chaveirinho?
A questão é que essa invasão nada mais era do que um presente de aniversário para a própria moça. Swan, o gótico recluso que era alvo de chacota do resto dos colegas de escola e que nutria uma paixão não correspondida pela garota, decidiu se vingar ao conjurar a invasão extraplanar que não só assolou a região com essa praga, mas também foi responsável por invocar cinco zumbis-mestres — os Dark Purveyors — dotados de uma inteligência acima da média e que servem como os chefões do game.
A graça é que cada um deles representa um estilo musical diferente, algo que impacta diretamente na temática de cada uma das fases que chefiam, algo que passa tanto pela ambientação quanto pela trilha sonora. A primeira fase, por exemplo, acontece na escola, trazendo aquele ambiente colegial americano que sempre casou muito bem com a rebeldia do gênero capitaneado por Zed, o Zumbi Desajustado do Punk Rock.
Isso se repete também com Vikke, o Rei do Viking Metal que viaja pelas alturas com seu navio voador; com Mariska, a Rainha da Psicodelia e sua fazenda de cogumelos; com Josey, o Mestre do Funk que tornou o fliperama da cidade em seu domínio eletrônico dançante; e com Lewis Legend, o zumbi do Rock and Roll cujo embate antológico se dá no subterrâneo de uma catedral em construção.
É interessante notar que o jogador vai, ao longo da campanha, conhecendo outros membros da família de Juliet, como suas irmãs Cordelia e Rosalind, além de seu pai, Gideon Starling, sempre sob um ponto de vista muito interessante que é o de Nick, o namorado decapitado, que se depara com toda a maluquice daquele mundo místico bizarro com a mesma incredulidade que um eventual jogador de primeira viagem.
Aliás, chega a ser surpreendente como Nick é um caso muito raro de personagem tagarela que acompanha a personagem principal e não chega a ser um incômodo com seus incessantes comentários pontuais. Boa parte disso passa pela atuação muito consistente não só do personagem em questão, mas de todo o resto do elenco do game, além de uma sinergia muito gostosa nos diálogos entre ele e Juliet.
De um modo geral, a história de Lollipop Chainsaw é charmosa de um jeito peculiar. Ela não tem um pingo de vergonha de ser um videogame em sua forma mais pueril: estruturar sua premissa já pensando nas fases que o jogador terá que desbravar ao longo da campanha. Aproveitando-se do humor pelo exagero, a única pretensão é divertir por meio do esculacho, característica que só se intensifica quando nos deparamos com um montão de piadas que fazem referência à cultura pop cuja graça, agora, vem do quão envelhecidas elas acabaram ficando em 2024.
O mesmo sabor do pirulito
Jogar Lollipop Chainsaw em 2024 através desta edição RePOP é uma experiência muito similar àquela de mais de uma década atrás, seja para o bem, seja para o mal. A principal diferença acaba residindo justamente na jogabilidade; convenhamos, mesmo no lançamento original, o combate, embora funcional e de fácil adaptação, não era exatamente dos melhores. Embora traga uma proposta interessante de mesclar os movimentos da motosserra com os de uma líder de torcida — incluindo saltos, pula-selas, rodopios e outras formas de flexibilidade —, o encadeamento dos combos era pouco fluido, algo plenamente corrigido nessa nova versão.
Basicamente, há três tipos de ataques: os leves, com os pompons e que servem mais para atordoar os oponentes; os pesados, que consistem em ataques poderosos com a serra; e os rasteiros, que visam impedir a locomoção básica dos inimigos. Há também o botão de pulo, que funciona como uma espécie de esquiva, e o da Chainsaw Blaster, em que o aparato se torna uma arma de projéteis e pode realizar ataques à distância, como em um shooter.
Também há a possibilidade de usar alguns golpes especiais. Ao custo de um bilhete do Nick — adquirível nas lojas espalhadas pelos estágios — Juliet pode usar seu namorado de várias maneiras e infringir condições distintas aos zumbis que insistem em cruzar seu caminho. Adicionalmente, um modo invencível temporário também pode ser ligado caso a barra no canto da tela tenha sido devidamente preenchida após um número de zumbis derrotados.
Ou seja, o combate, de um modo geral, oferece uma diversidade bastante interessante, principalmente após o desbloqueio de alguns combos que tornam a experiência toda bem mais versátil e diversa. Facilitar o encadeamento dos ataques, bem como facilitar o sistema de mira da Chainsaw Blaster, que agora consegue comportar mais projéteis acumulados, realmente sanou um dos principais problemas do original neste aspecto.
As lojinhas, aliás, são a principal forma de evolução de Juliet durante sua epopeia de aniversário, visto que nelas é possível adquirir não só os consumíveis (cartões do Nick ou pirulitos que recuperam vida) e os combos adicionais, mas também aumentar a vitalidade máxima, a força de ataque e a velocidade de recuperação quando é derrubada. É desta forma também que as vestimentas extras podem ser compradas.
O desempenho também se mostrou muito consistente ao longo de toda a campanha. Vez ou outra eu me deparava com alguns bugs, como personagens que simplesmente travavam no lugar sem a possibilidade de serem atingidos, obrigando o reinício através de algum checkpoint ou quando certas fases simplesmente falhavam em carregar.
Até aí, vai um exercício de memória: alguns desses problemas já ocorriam no original. Não é algo relacionado à incapacidade da Dragami Games, mas mais a alguma negligência (por qualquer motivo que seja, e aí pode enquadrar tanto carência de verba quanto de mão de obra) do novo time que poderia ter aproveitado para identificar e sanar esses bugs. A questão seria entender qual dessas falhas estava presente lá atrás e se alguma delas se apresenta como uma novidade da versão RePOP.
É por isso que a experiência de Lollipop Chainsaw acaba sendo quase intocada nesse aspecto. O de 2012 já era consideravelmente bugado a um nível quase cômico. Isto é, ver um zumbi girando descontroladamente dentro de seu próprio eixo ou quando a animação falha e eles morrem em uma pose T é hilário de um jeito claramente não intencional, mas que acaba casando com toda a energia de esculhambação do game. Enquanto isso não atrapalhar o progresso (coisa que acaba acontecendo vez ou outra, infelizmente), a gente considera uma dessas situações em que o bug se transforma em feature.
Apesar disso, de um modo geral, as mudanças de jogabilidade tornaram a experiência como um todo menos truncada e mais adequada a certos padrões de gameplay modernos. Agilidade de movimento, câmera, controle do Chainsaw Blaster, encadeamento de combos e outros elementos foram ajustados, mas nada a ponto de descaracterizar o jeitão do título ou de dizer que se tornou outro game.
E, assim, chega a ser um pouco esquisito — e até desrespeitoso com os envolvidos que fizeram seu trabalho e merecem ser devidamente creditados de um jeito mais explícito em vez de serem um amontoado de nomes nos créditos — essa tentativa desesperada de jogar o envolvimento da Grasshopper Manufacture como desenvolvedora do Lollipop original para baixo do tapete. É óbvio que existem várias questões que são de cunho jurídico e nós, do lado de fora, nem fazemos ideia, mas essa assimilação com o estúdio do Suda51 só seria marketing positivo para o game — muito porque boa parte dos jogadores foram atrás do original especificamente por causa disso.
Sangue e Unicórnios
Falando especificamente da versão RePOP, chama a atenção o fato de como ela não é esse terrorismo todo que o material promocional, com sua comunicação fragmentada e falha, fazia parecer. A troca dos jatos de sangue por fachos de luz bastante lúdicos encaixam muito bem na identidade visual, e, considerando que os zumbis ainda explodem em energia roxa quando são abatidos, acabam trazendo um charme diferenciado para o título sem que sua atmosfera se perca muito.
O revés desse modo, entretanto, fica em dois aspectos distintos. O primeiro deles reside na direção das cutscenes, que amenizaram algumas situações bastante inconvenientes para Juliet (leia-se “fanservice”), bem como a descaracterização das apresentações dos personagens, quando o quadro congelava e um perfil com suas características apareciam como se fossem balões de gibi na tela estática.
A estética de gibi está lá a maior parte do tempo, presente especialmente nos menus, na interface e em alguns efeitos visuais da jogabilidade, mas o filtro constante que trazia uma espécie de contorno aos personagens acabou sendo retirado em prol de uma experiência visual mais limpa — o segundo revés em questão. Embora essa ausência possa ser imperceptível caso observada sozinha, os que já estão acostumados com o original podem sentir falta da agradável poluição visual que as versões de PlayStation 3 e Xbox 360 traziam.
Falando ainda das ausências, nota-se que boa parte das músicas licenciadas também ficaram de fora, obviamente por conta do custo elevado que seria readquirir a utilização comercial das ditas-cujas. A única remanescente foi Lollipop, uma canção de 1950 interpretada por The Chordettes, que desde o primeiro trailer do Lollipop Chainsaw original já era presença carimbada.
De um modo geral, as perdas aí foram muito pouco significativas, já que esses temas licenciados acabavam ofuscando a trilha original, composta por Akira Yamaoka e Mac Nobuka, que agora pode brilhar com a devida propriedade. Trazendo uma versatilidade de gêneros que condizem com a temática de cada um dos Dark Purveyors, as músicas se destacam não só por sua quantidade, mas também por sua qualidade.
Trazendo alguns dos nomes mais selvagens possíveis para algumas das faixas, como Zombies Dance When The Drums Play, Illusion of the New World ou Elephant Corpse Rock, trata-se de um caso muito notório de “Yamaoka, a gente precisa de umas músicas bacanas de diferentes gêneros para um jogo qualquer de zumbi”, e aí o cara foi lá e produziu um dos trabalhos mais agressivos já feitos na indústria. Pontos bônus por possibilitar que o próprio jogador também crie sua própria playlist para tocar nos estágios com um simples acesso do menu.
A única colocação a ser feita é que, enquanto certas músicas licenciadas simplesmente não fizeram falta, algumas sequências nas quais elas tinham certa importância perderam força na edição RePOP. Dois casos muito específicos se destacam aí, como nos momentos em que Juliet precisa dirigir uma colheitadeira sobre uma horda de zumbis e na última fase, a caminho do embate apoteótico contra o chefão final, que, respectivamente, tocavam You Spin Me Round (Like a Record), do Dead or Alive, e Heroes of Our Time, do Dragonforce.
Novamente, a substituição era prevista por conta de questões legais, mas, nesses casos, eles bem que poderiam ter feito um esforço, investimento, ou mesmo utilizado mais a criatividade para tentar recriar esses momentos com trilhas que fossem menos genéricas aos ouvidos dos jogadores, especialmente daqueles que já tinham esses momentos marcados na memória e acabam com um sentimento de estranhamento quando o que é reproduzido na tela não corresponde à lembrança auditiva.
Outro ponto dependente de licenças de terceiros envolve algumas das roupas de Juliet, que na versão de 2012 podia se caracterizar de certos personagens de anime, como é o caso dos cosplays de Shiro, de Deadman Wonderland; Rei Miyamoto e Saeko Busujima, de Highschool of the Dead; Haruna, de Kore Wa Zombie Desu Ka?; e Chifusa Manyu, de Manyu Hiken-cho.
Como uma forma de compensar, a Dragami Games se preocupou em adicionar novas vestimentas, bem como a possibilidade de mudar os tons de cabelo e a cor da motosserra, novidade na edição RePOP. O que acontece é que a qualidade dos detalhes de boa parte dessas novas roupas destoa consideravelmente das originais, mas valeu a tentativa — principalmente pela skin legalmente distinta inspirada pela protagonista Nahobino, de Shin Megami Tensei V, nomeada aqui de “Cyber Suit”.
Mais um dia na vida dos Starling
Um clássico cult pode ser basicamente definido como um produto não exatamente conhecido ou popular para um público de massa, mas ainda cultuado por um nicho de fãs muito específicos que não deixam seu objeto de idolatria cair no eterno esquecimento. Um clássico cult normalmente não é bom dentro de critérios tradicionais de qualidade ou é excêntrico demais para conseguir conversar diretamente com o povão que está mais habituado com experiências mais universais, mas ainda assim consegue alcançar seu próprio público que vai estar lá apreciando suas qualidades específicas e vários dos defeitos que fazem parte do seu charme.
Lollipop Chainsaw RePOP é uma representação perfeita dessa ideia. Com uma jogabilidade reformulada que se adequa ao mercado moderno, mas ainda sem se descaracterizar sua identidade, a conturbada epopeia musical de Juliet Starling continua uma experiência irretocável dentro de suas qualidades e defeitos. Se nem uma invasão extraplanar de zumbis conseguiu atrapalhar o aniversário da heroína, não é uma campanha de marketing troncha que deveria conseguir essa façanha.
Aliás, considerando que Shadows of the Damned, outro título da Grasshopper Manufacture até então preso nos exatos mesmos consoles de Lollipop Chainsaw, também vai ganhar uma remasterização daqui a pouco mais de um mês, dá para dizer que os fãs de longa data da empresa estão se alimentando muito bem em 2024.
Prós
- Aspectos gerais de jogabilidades reformulados, mas não a ponto da descaracterização;
- Ausência das músicas licenciadas faz com que a trilha sonora original consiga brilhar com ainda mais força;
- Narrativa esdruxulamente divertida, personagens carismáticos e atuações de voz memoráveis;
- Tentativa respeitável da Dragami Games em tentar compensar as vestimentas licenciadas que precisaram ser removidas;
- O estilo RePOP, no próprio gameplay, não é nenhum desastre e ainda há a possibilidade de seguir no modo original com a sanguinolência inalterada;
- Desempenho geral suavemente gratificante (ao menos na plataforma utilizada para o teste).
Contras
- Músicas licenciadas substituídas por trilhas de impacto muito menor;
- Bugs pontuais que às vezes exigem o reinício da partida;
- Ausência em ambos os modos de jogo do filtro de história em quadrinhos que fortalecia o contorno nos modelos tridimensionais tira um pouco da charme da identidade visual geral do game;
- A direção das cutscenes do modo RePOP chega a ser bem insossa se comparada à personalidade das originais;
- Campanha consideravelmente curta e o único estímulo de replay é o placar de tempo.
Lollipop Chainsaw RePOP — PC/PS5/XSX/Switch — Nota: 7.5Versão utilizada para análise: PlayStation 5
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Dragami Games