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Análise: Fate/Stay Night Remastered finalmente traz ao Ocidente a visual novel definitiva

A história de primeira, repleta de fantasia, eventos e personagens incríveis, chega com visuais renovados num pacote (quase) perfeito para fãs e novat

em 04/09/2024

Se você é fã da cultura japonesa em geral, certamente já ouviu falar da franquia Fate. Contando com mangás, novels, bonecos, animes e jogos, essa marca conquistou seu espaço na indústria e no coração de inúmeros fãs. Portanto, é com entusiasmo que recebemos a chegada de Fate/Stay Night Remastered, primeiro lançamento oficial da origem da franquia no Ocidente. Vamos conferir nesta análise a chegada dessa visual novel que pode ser considerada uma das mais populares e influentes de todos os tempos.

Como tudo começou

Dada a curiosa situação do jogo, vale uma retrospectiva. Original de 2004, Fate/Stay Night consistia numa visual novel que contava a história de uma guerra perigosa e misteriosa, travada entre sete magos e seus sete servos. O conflito, que se encontra na quinta edição, é travado pela posse do Holy Grail, que garante ao seu portador a realização dos seus desejos.
 
A localização principal da história é o Japão nos tempos atuais, com direito a uma espécie de sociedade secreta de magos, que vivem entre os humanos comuns. O jogador acompanha os desdobramentos dessa história por meio do ponto de vista de quatro protagonistas principais; na maior parte do tempo, só é possível acompanhar passivamente o desenrolar da história.
Em determinados momentos, entretanto, é possível realizar escolhas que determinam diretamente os rumos da aventura. O game fez um grande sucesso e ganhou uma versão melhorada três anos depois, trazendo dublagem completa, mas eliminando elementos de cunho sexual da história original. Chamada de Réalta Nua, ela foi portada para PS2 (2007), PS Vita (2012) e até dispositivos móveis (2015) iOS e Android.
Apesar de ter várias versões até então, curiosamente todas elas ficaram restritas ao Japão. Mesmo que o sucesso da franquia Fate tenha chegado ao Ocidente, com direito a todos aqueles produtos que citei anteriormente, o game original continuava restrito ao Oriente (salvas traduções não oficiais). Finalmente chegamos a 2024, quando Fate/Stay Night Remastered é lançado mundialmente no dia 8 de agosto.

I am the bone of my sword

Essa remasterização é baseada na versão de PS Vita, com direito a redesenho completo das imagens para alta definição. Afinal, uma visual novel — gênero que normalmente faz uso extenso de imagens estáticas — carece de ilustrações de boa qualidade. É possível notar uma certa “idade” no estilo visual dos personagens, mas nada que comprometa a experiência como um todo, sobretudo graças aos retoques modernos nos desenhos.
Fate/Stay Night Remastered tem como protagonista central o estudante chamado Shirou Emiya. Apesar de conhecer apenas superficialmente o “mundo paralelo” dos magos, ele acaba entrando na guerra pelo Santo Graal. O game divide-se em três rotas principais, cada uma delas com foco em uma protagonista que apresenta alguma relação com o jovem herói.
São elas: Fate, que traz a poderosa e misteriosa Saber, serva recebida por Shirou para lutar na guerra; Unlimited Blade Works, que foca em Rin Tohsaka, estudante da mesma escola e maga competente que também conta com um servo; Heaven's Feel, que traz Sakura Matou, amiga de longa data de Emiya e irmã de um pretenso participante da guerra.
Cada rota traz seus próprios desdobramentos — combates, diálogos, perseguições, armadilhas, entre outros —, com direito a mais de um final diferente. Caso o jogador caia num dos finais ruins, ele recebe uma bem-humorada interação com alguns personagens, que fornecem dicas de como progredir adequadamente. Nada muito intrincado, mas é interessante ver como nossas ações repercutem na história, que se desenrola de forma cativante. Sem sombras de dúvida, o progresso da aventura é o maior destaque do game.

Faltaram mais selos de comando

Assim como os visuais e a história, a trilha sonora e a dublagem de Fate/Stay Night Remastered também são ótimos. Considerando que não temos animações — com exceção dos vídeos de abertura de cada rota —, boa parte do peso da emoção e da ação ficam por conta do competente trabalho de som. A tradução para o inglês é igualmente competente, salientando bem as diferenças de fala entre personagens.
Como cada uma das rotas traz acontecimentos únicos, é como se tivéssemos três jogos em um. Observar os fatos ocorrerem de forma diferente da aventura anterior é ótimo, permitindo entender melhor o ponto de vista dos personagens. A história tem uma boa dose de ação e suspense, por vezes trazendo algum romance, humor e terror; tudo isso culmina numa experiência equilibrada e rica.
Minha única ressalva realmente significativa com o game é quanto a sua quantidade de conteúdo. Embora as três rotas proporcionem muito entretenimento e os demais extras (que citarei na sequência) disponíveis sejam interessantes, me parece que o título poderia ter trazido mais. Isso vale principalmente para os fãs de longa data, que já conhecem a história de trás para frente, mas tiveram de esperar praticamente 20 anos para conhecê-la oficialmente.
Fate/Stay Night Remastered até conta com alguns extras minimamente interessantes: um compilado das ilustrações encontradas ao longo da aventura; um reprodutor de músicas; um fluxograma da história, que permite entender as ramificações das rotas; fichas sobre os personagens. Nada, entretanto, realmente inédito ou marcante. Seria legal ter algumas animações extras, ilustrações inéditas, ligação com outros jogos, etc.
A franquia Fate se expandiu muito desde 2004, com direito até a jogos que reúnem as várias ramificações da série em um só pacote, como Fate Extella Link. Me parece que o relançamento da visual novel subestima sua própria importância, que vai além dos videogames e chega a mangás, animes, bonecos e outras tantas mídias. Isso não afeta a ótima experiência no geral, mas não deixa de ser uma oportunidade perdida.

Um Santo Graal das visual novels

Considerando o sucesso da série em todo o mundo, é curioso que somente agora Fate/Stay Night Remastered traga ao Ocidente a visual novel que iniciou a franquia de sucesso. Seja como for, o importante é que finalmente podemos curtir essa história incrível, com seu universo único e personagens cativantes. Ainda que as novidades da nova versão pudessem ser um pouco mais significativas, ela continua como uma opção praticamente obrigatória para a biblioteca de quem curte grandes aventuras, inclusive sendo uma porta de entrada para o gênero.

Prós

  • Visual novel de alta qualidade, (quase) perfeita para fãs e novatos no gênero;
  • História é excelente nas três ramificações principais, com diálogos interessantes, personagens cativantes e enredo envolvente;
  • Visuais, trilha sonora e dublagem (somente em japonês) são ótimos;
  • Localização para o inglês é competente e mantém um tom adequado ao longo do jogo;
  • Remasterização entrega visuais renovados e efeitos caprichados.

Contras

  • Dado o longo espaço de tempo entre o lançamento original e o atual, o jogo poderia contar com mais conteúdo ou novidades, sobretudo para os fãs de longa data.
Fate/Stay Night Remastered — PC/Switch — Nota: 9.0
Plataforma usada para análise: PC
Revisão: Beatriz Castro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Aniplex


é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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