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Análise: Castlevania Dominus Collection traz três dos melhores jogos do DS (e dois extras) em suas melhores versões

Após tanto tempo presos à plataforma original, grandes clássicos agora estão disponíveis com qualidade para o público atual.

em 10/09/2024
Anunciado e lançado de forma bastante inesperada durante o Nintendo Partner Showcase de agosto de 2024, Castlevania Dominus Collection já era uma coletânea muito aguardada pelo público. Desenvolvido pela M2, o pacote inclui três dos melhores jogos da franquia, além de extras inesperados, em um trabalho bastante atrativo.

O futuro, o passado e um pouquinho mais no pretérito 

Castlevania Dominus Collection reúne os três últimos metroidvanias da franquia, todos lançados para o Nintendo DS. Após o time liderado por Koji Igarashi e outras equipes trabalharem nos três jogos de Game Boy Advance, as produções do portátil de duas telas vieram para amadurecer as ideias.

Dawn of Sorrow, lançado em 2005, é a continuação direta de Aria of Sorrow do GBA, trazendo a história de Soma Cruz em mais uma jornada contra seu próprio mau interior como reencarnação de Drácula. Ambientado em 2036, o personagem precisa lidar com uma seita liderada por uma sacerdotisa que deseja ressuscitar o príncipe das trevas.

Portrait of Ruin, lançado em 2006, é continuação direta de Castlevania Bloodlines, apresentando o descendente do protagonista daquela aventura, Jonathan Morris, acompanhado de Charlotte Aulin, pertencente a uma família ramificada do clã Belnades. Eles devem entrar no castelo que apareceu misteriosamente, sem envolvimento direto do conde.

Order of Ecclesia se passa durante a era de ausência dos Belmont, no século XIX. Aqui, controlamos Shanoa, membro da Ordem de Ecclesia destinada a ser o receptáculo de Dominus, glifos feitos com restos mortais de Drácula, carregados com seu poder. As coisas começam a dar errado no processo após Albus, seu amigo, roubar os glifos com ciúmes por não ser escolhido como o receptáculo. Ela parte para recuperar o poder, enquanto tenta recuperar suas emoções e memórias por consequência do ritual fracassado.

Os três jogos seguem a estrutura de metroidvania tradicional da série, mas cada um apresenta particularidades que os diferem um do outro. Dawn of Sorrow reutiliza o sistema de almas de seu antecessor, num castelo mais tradicional; Portrait of Ruin apresenta o sistema de duplas, estruturando a aventura em fases dentro de pinturas; enquanto Order of Ecclesia separa a aventura em pequenas áreas exploráveis, além do sistema de glifos que traz uma enorme gama de liberdade para o jogador decidir como quer jogar.

Além das aventuras de DS, a coletânea também apresenta mais dois extras. Um deles segue a ideia da inclusão de Castlevania Dracula X na coleção anterior: Haunted Castle, releitura da epopeia de Simon Belmont lançada para fliperamas em 1987, e considerado um dos piores jogos da franquia, se não o pior.

O outro é justamente um remake desse título, Haunted Castle Revisited, que o refaz do zero ainda na estrutura de um classicvania de fliperama, mas nos moldes de Castlevania: The Adventure ReBirth, melhorando e muito a experiência original.

Adaptando a experiência 

O maior desafio de portar jogos de DS para plataformas modernas é adaptar o layout de duas telas do portátil da Nintendo, assim como a tela de toque. Felizmente, a M2 escolheu um caminho bem funcional por padrão, colocando a tela principal em destaque e preenchendo o espaço vazio não só com o mapa, mas também com a tela de status que aparecia ao apertar Select no console original.

Além desse esquema, é possível escolher outras organizações pré-definidas, como colocar apenas a tela principal e o mapa horizontal ou verticalmente, mas não há muita liberdade para customizar a experiência como quisermos. Sinto falta das bordas para complementar o espaço vazio em alguns desses layouts, mas entendo que não há tanta necessidade quanto em uma tela única em 4:3.

A questão da tela de toque também recebeu os ajustes necessários. Do pacote, Dawn of Sorrow é o que mais precisava de adaptações por conta dos selos mágicos, e a ideia de transformá-los numa espécie de Quick Time Event é interessante, não tirando totalmente a experiência do original e sem sacrificar a qualidade de vida.

Outras interações com a tela de toque, como destruir as paredes de gelo em Dawn of Sorrow e os modos extras de Portrait of Ruin e Order of Ecclesia, permitem usar o segundo analógico para controlar um cursor, ajustando a velocidade de deslocamento do ponteiro e pressionando um botão separado para confirmar o toque.

A parte interessante é que cada plataforma apresenta suas adaptações para o toque. Utilizando o DualSense, basta usar o touchpad para controlar o cursor; em portáteis com tela de toque, como Steam Deck e Switch, a própria tela serve para o propósito; enquanto no PC, o mouse é bastante útil nesses momentos.

Castlevania Dominus Collection também vem com algumas melhorias de qualidade de vida que se espera nesses pacotes, como save e load state e a função de rebobinar a qualquer momento, válidas para todos os jogos, exceto Haunted Castle Revisited. Todos os títulos possuem suas versões regionais com os idiomas que tinham originalmente, o que significa que não houve novos trabalhos de localização de texto, então nada de português aqui.

O desempenho dos jogos é sublime e, inclusive, parece que não se trata de apenas simples emulações, já que o áudio foi melhorado e há a presença de três telas ao mesmo tempo. Os elementos 3D são escalonados em alta resolução, enquanto a parte em pixel art está limpa como deve ser. Não há opções de filtros de tela para quem prefere disfarçar a “crocância” das arestas nos games de DS, estando esses filtros restritos apenas ao Haunted Castle.

E, pela primeira vez, podemos assistir às introduções dos títulos de DS em maior resolução, assim como artes conceituais e promocionais em altíssima qualidade. É uma pena que Dawn of Sorrow e Portrait of Ruin adotaram uma direção artística de anime genérico em vez das obras-primas de Ayami Kojima, mas é sempre bom para a preservação desses trabalhos na melhor qualidade.


Uma coletânea de respeito

Já avaliei algumas coletâneas publicadas pela Konami nos últimos meses e posso afirmar que Castlevania Dominus Collection é um dos melhores trabalhos sob sua alçada. A M2 caprichou novamente no pacote, não só preservando três clássicos há tempos inacessíveis, mas também revitalizando um dos títulos mais desprezados da franquia.

Agora, só precisamos de um pacote com os jogos do N64 e PS2, além de um tratamento melhor para Castlevania: Rondo of Blood e Symphony of the Night. Já que estamos na seca de novas aventuras contra a noite, que todo o legado esteja facilmente disponível para nós.


Prós:

  • Três das melhores entradas da franquia finalmente acessíveis em plataformas atuais;
  • Boas adaptações para o layout de duas telas e funcionalidades de toque;
  • Artes e vídeos preservados com alta qualidade;
  • Um novo Castlevania no estilo clássico enriquece significativamente o valor do pacote;
  • Melhorias de qualidade de vida muito bem-vindas, especialmente a função de rebobinar

Contras:

  • Falta de localização dos textos para português;
  • Opcões de filtros de limitados apenas a Haunted Castle;
  • Falta de opções mais amplas para customização do layout de tela.
Castlevania Dominus Collection — PC/PS5/XSX/Switch — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Beatriz Castro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Konami

Estudante de enfermagem de 25 anos, está nesse mundo dos joguinhos desde criança. Fã de games com vibe mais arcade e arqueólogo de velharias, mas não abandona experiências mais atuais. Acompanha a mídia de podcasts, dublagem e ouvinte assíduo de VGM. Pode ser encontrado como @AlecFull e semelhantes por aí.
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