Jogamos

Análise: Aero the Acro-bat 2 — Um espetáculo melhorado, mas sob uma lona esburacada

O segundo jogo do morcego acrobata tem sua reapresentação estragada por menus feitos de maneira amadora e desleixada.

em 16/09/2024
Surpreendendo um total de zero pessoas, a Ratalaika Games trouxe o port de Aero the Acro-Bat 2 praticamente um mês depois de ter trazido o primeiro game do morcego circense para as atuais gerações. Eu, como entusiasta dessas pequenas viagens no tempo, adoro ver títulos curiosos do passado chegando aos atuais consoles, mas nem sempre todas boas ideias são bem executadas.

Tem gente que não aprende

Aero the Acro-bat 2 começa exatamente após o final do primeiro. O vilão Edgar Ektor, que havia sido derrubado da torre do Museu dos Horrores por Aero, é salvo pelo seu capanga Zero, o esquilo kamikaze. Isso faz com que o malvado acione seu “plano B”. Enquanto isso, Aero, que não sabia da escapada do seu rival, decide vasculhar o castelo de Edgar e acaba sendo levado para um castelo antigo graças a uma caixa mágica.

Esse prelúdio ajuda a explicar o porquê as fases desse segundo jogo se tornaram mais variadas e distantes do ambiente circense. Agora temos que cruzar um castelo, uma discoteca, um forte no meio do deserto, um laboratório e um calabouço, só para citar alguns exemplos.

Além disso, a jogabilidade ganhou alguns recursos novos, como uma investida vertical descendente e um slide, para passar por espaços mais estreitos. O timer das fases também ficou para trás e agora o andamento funciona mais como um plataforma tradicional, com deslocamento do ponto A ao ponto B, sem ter que fazer tanto backtracking para coletar itens específicos. Claro que tem alguns cenários que trazem essa proposta, mas são poucos.

Em matéria de entretenimento, Aero 2 é mais divertido que o primeiro por ser direto ao ponto. Pelo menos para mim, o aspecto mais fraco é ter menos batalha de chefes, o que tira um pouco aquela coisa de “superar os capangas que estão acobertando o vilão”.

Alguma coisa desandou

Agora falando da qualidade do port, novamente temos as ROMs americana, de 1994, e japonesa, feita exclusivamente para este relançamento, ambas com base na versão de SNES, ignorando a de Mega Drive/Sega Genesis, lançadas antes.

A galeria trouxe, além de alguns itens visuais, uma jukebox, o que é uma novidade aqui. O primeiro jogo não continha isso e é sempre legal poder avaliar esses elementos separadamente. Também há uma exposição detalhada dos sprites de cada movimentação de Aero. Parece tudo melhor que antes, certo? Erradíssimo.

Já faz uns 3 ou 4 anos que analiso esses ports de Ratalaika e ININ Games, e algo que sempre pontuo é que os menus são sempre os mesmos, e bem de vez em quando a paleta de cores cinza dá lugar a uma variação que acompanha a identidade visual do jogo. Em Aero 2 isso mudou drasticamente para algo muito pior. Os menus parecem aqueles de emuladores de milhares de jogos de SNES ou MD para PS2, com fontes e imagens de fundo genéricas, feitas no fundo de um quintal.

E a crise não é somente estética. Temos os filtros de tela e recursos já conhecidos, mas não é possível verificar a combinação de efeitos que queremos prontamente com a visualização imediata. Temos que escolher um, iniciar o jogo, voltar às opções e ficar nesse vai e vem até acharmos aquele que nos agrade.

Além disso tudo, foram implementados comandos para quick save e quick load, que, infelizmente, confundem-se com o mapeamento dos botões para o jogo. Logo, podemos recarregar um trecho que já passamos há algum tempo se apertarmos essa combinação acidentalmente. Outro comando falho é o de seleção de fases, que contém os mesmos botões de retornar ao menu, então é necessário alterar um para poder usar o outro.

Por fim, uma crítica mais manjada da minha parte, porém ainda relevante, é a sacanagem de lançar todos os jogos de Aero separadamente. A própria Ratalaika já anunciou que além destes dois primeiros, também chegarão Zero the Kamikaze Squirrel (1994, MD/SNES) e Aero the Acro-bat: Rascal Rival Revenge (2002, GBA) até o final deste ano.

Então, por que não lançar tudo de uma vez em uma coletânea? Entendo que isso pode parecer comercialmente mais atrativo para quem publica, mas, para os jogadores, sempre é mais interessante ter todos esses títulos antigos de uma franquia em um lugar só, bem como suas galerias. Sei que esse modelo não irá mudar tão cedo, o que é uma pena para quem gosta deste tipo revival.

Quero meu ingresso de volta!

O que ocorreu com Aero the Acro-bat 2 é um tanto quanto frustrante. O jogo em si até que é divertido para um plataforma dos anos 90, porém a apresentação em torno do port consegue ser pavorosa. Nem parece que foi uma mudança pensada, mas sim o lançamento de uma versão beta que esqueceram de finalizar.

Prós

  • O segundo jogo é, de fato, melhor que o primeiro;
  • Aero possui mais habilidades e os cenários fogem da temática circense exaustivamente aplicada no anterior;
  • Comandos de quick save e quick load são ótimas adições aos recursos de praxe;
  • Inclusão de uma versão japonesa original para este lançamento.

Contras

  • Poucas batalhas contra chefes;
  • Mais uma vez lançaram uma franquia picada em vários títulos em vez de uma coletânea;
  • A apresentação de menus é pavorosa, confusa e não facilita em nada a navegação do jogador;
  • Faltou incluir a versão de Mega Drive. 
Aero the Acro-bat — PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Alessandra Ribeiro
Análise feita com cópia digital cedida pela ININ Games

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.