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Análise: SteamWorld Heist II traz tiroteios estratégicos em uma vibrante aventura steampunk

A sequência do indie de estratégia refina todos os aspectos, apesar de ousar pouco.

em 01/08/2024

Os robôs a vapor pistoleiros estão de volta em SteamWorld Heist II, sequência do título de estratégia da franquia SteamWorld. No controle de um submarino, exploramos um vasto oceano repleto de combates nos quais é necessário montar táticas elaboradas e ser bom de mira. O segundo episódio pode ser aproveitado individualmente e expande os conceitos com novas mecânicas, como um sistema de classes, que são exploradas em uma campanha extensiva, apesar de pouco ousada.

Uma jornada em busca de fama

O Grande Mar é um dos maiores fragmentos que restaram da Terra, que explodiu após um cataclisma no passado distante. O local é amplamente visado por oferecer grandes quantidades de água, elemento vital para o funcionamento dos robôs. No entanto, esse paraíso está ameaçado: misteriosamente, o líquido está se tornando corrosivo, o que estraga as peças metálicas dos androides.

Apesar disso, muitos tentam ganhar a vida no Grande Mar. Um deles é o capitão Leeway que, apesar de ser filho de uma grande aventureira, é um completo desconhecido. Para piorar, seu submarino foi confiscado pela Marinha, o que o impede de se mover livremente pelo mundo. Mas sua sorte muda: ele consegue recuperar seu veículo e montar uma tripulação, e agora vai fazer de tudo para ser reconhecido. No processo, Leeway e sua equipe acabam se envolvendo nos mistérios da origem da água contaminada.


Para conseguir fama e outras recompensas, a tripulação precisa completar diferentes missões. Nelas, controlamos um grupo de robôs em combates por turnos em cenários 2D. O maior diferencial de Heist está na hora de atacar: é necessário mirar as armas manualmente, trazendo um aspecto de precisão aos embates táticos. Um detalhe curioso é que as balas rebatem nas paredes, possibilitando alcançar alvos em locais complicados com um pouco de perícia.

Pelo caminho, podemos customizar nossos robôs com equipamentos, cada qual com características únicas. Uma das novidades de Heist II é o sistema de Profissões, que são determinadas pela arma equipada no momento. Cada classe tem características e estilo de jogo distintos, sendo possível misturar habilidades de diferentes profissões para criar combinações poderosas. Isso, em conjunto com poderes inatos de cada personagem, oferece uma grande gama de possibilidades estratégicas.



Mirando e atirando em combates intrincados

Os conceitos principais de SteamWorld Heist II são simples: movemos robôs por cenários 2D, usando objetos como cobertura e atacando à distância com armas de fogo. No entanto, uma série de situações complicadas tornam o título altamente estratégico e envolvente.

Na maior parte das vezes, o grupo está em desvantagem numérica, então é essencial agir com sabedoria para sobreviver. Para isso, é importante posicionar o grupo de tal maneira que a mira fique desobstruída ao mesmo tempo em que nos protegemos com coberturas. Montar uma equipe versátil é outro ponto de cuidado, afinal cada arma tem usos para situações distintas: Snipers são excelentes para abater alvos distantes com precisão, Bombistas são especializados em acertar grupos, já os Laterais têm mobilidade diferenciada.


O alto grau de customização é uma das novidades da sequência, permitindo alterar livremente a classe dos personagens e misturar suas habilidades. Com isso, fui capaz de fazer algumas coisas interessantes, como incluir mira laser aos imprecisos tiros da arma de canhão, criar um sniper capaz de alcançar com facilidade lugares altos e vantajosos ou usar a força bruta de Combatente com os itens de suporte de Bombista. Gostei demais de testar as possibilidades ao combinar esses atributos, por mais que um pouco de grind seja necessário para aproveitar o máximo desse sistema.

As missões exploram nossa capacidade tática com objetivos variados. Em um estágio, precisamos correr para coletar um item antes que ele seja levado embora; em outro, é necessário ativar dispositivos enquanto reforços aparecem constantemente; em uma terceira situação, a tarefa é eliminar alvos específicos e fugir o mais rápido possível. Há também imprevisibilidade na forma de oponentes e perigos que aparecem do nada, forçando-nos a reavaliar as estratégias.


Dominar esses detalhes é essencial para sobreviver, pois Heist II tem dificuldade de moderada para alta: bastam alguns deslizes para ter o grupo completamente destruído. Apesar de intenso, achei o desafio bem regulado, sempre nos forçando a fazer decisões complicadas e a nos mover com rapidez. Além disso, há várias opções para customizar diferentes aspectos da dificuldade.
Apesar das qualidades, senti falta de informações dos inimigos, como alcance do movimento e possíveis linhas de mira, o que atrapalha um pouco a tomada de decisões. Por sorte, com o tempo entendi as nuances e isso deixou de ser um problema.



Desbravando um oceano perigoso e diverso

Fora das incursões, exploramos o Grande Mar a bordo do submarino. Os cenários são vastos e repletos de segredos, com muitos trechos que só podem ser acessados após adquirir equipamentos específicos, como um tanque de ar para submergir. As águas são patrulhadas pela Marinha e enfrentamos esses barcos em combates ágeis em tempo real focados em posicionamento: cada arma aponta para uma direção específica, então precisamos alinhá-las aos alvos. Assim como os tripulantes, o equipamento do submarino pode ser customizado.


No começo, os momentos de navegação me pareceram somente uma forma diferenciada de acessar as missões, mas logo a atividade se tornou elaborada e interessante. Depender de certos equipamentos para acessar trechos do mar nos instiga a revisitar as áreas constantemente, seja para derrotar navios muito poderosos, seja para tentar encontrar algum novo tesouro. O mapa é detalhado, porém a ausência de marcadores customizados faz falta.

Apesar de divertida, a exploração naval às vezes é burocrática. Para começar, é necessário voltar constantemente aos bares para descansar e recuperar os robôs que participaram de missões. Há um sistema de recompensas atrelado ao desempenho nas missões completadas naquele dia, mas achei desnecessariamente chato ter que parar tudo e ir para algum lugar para fazer isso. Além disso, a movimentação em si é um pouco lenta, apesar de ficar mais ágil após adquirir algumas melhorias.

Em um colorido e robusto mundo steampunk

Por se passar em um grande oceano, Heist II é facilmente um dos títulos mais coloridos da franquia SteamWorld. Além de praias e navios, o grupo explora geleiras, cavernas e cidades perdidas em uma interpretação divertida e bem-humorada do gênero steampunk. O visual 2D remete aos outros títulos da série, mas dessa vez os cenários parecem mais ricos com o uso de iluminação elaborada. Mais uma vez, a banda Steam Powered Giraffe dá as caras nos bares com sua música irreverente.


Outro aspecto que a sequência melhora é no conteúdo: há mais de 50 missões para completar, cada qual com recompensas opcionais próprias, e um amplo mapa para desbravar. Também está de volta a mecânica de coletar chapéus dos inimigos, bastando um tiro bem posicionado para derrubá-los — por volta de 100 deles estão espalhados pelo mundo do jogo.

No geral, Heist II é uma experiência robusta e completa, exigindo muitas horas para ser completamente aproveitada. Porém, apesar das novidades, fica um pouco a sensação de mais do mesmo, faltando um pouco de ousadia e experimentação. Mesmo assim, é uma aventura tática que vale muito a pena.



Uma experiência tática notável

SteamWorld Heist II se destaca por expandir os conceitos de seu antecessor com novas mecânicas e uma campanha envolvente. A jogabilidade, que combina precisão de mira manual com a necessidade de táticas elaboradas, proporciona uma experiência desafiadora e recompensadora, especialmente nas diversas missões que testam a nossa capacidade de adaptação e planejamento. A introdução do sistema de Profissões é um dos pontos altos, permitindo-nos experimentar diferentes combinações de habilidades.

Apesar de algumas limitações, como a falta de informações claras sobre os inimigos e a exploração naval às vezes burocrática, SteamWorld Heist II oferece uma jornada rica em detalhes e conteúdo. Com mais de 50 missões, um vasto mundo para explorar e um visual steampunk colorido e vibrante, o jogo proporciona muitas horas de diversão. Embora não traga uma revolução em sua fórmula, é uma sequência sólida que mantém o charme e a qualidade da série, sendo uma excelente escolha para fãs de táticas e aventuras estratégicas.

Prós

  • Ótimo sistema de combate que mistura estratégia, posicionamento e mira manual;
  • Diversidade interessante de situações pelas missões;
  • Alto grau de customização com melhorias, Profissões e equipamentos;
  • Mundo vasto e repleto de segredos;
  • Ambientação steampunk carismática e colorida.

Contras

  • O sistema de descanso é desnecessariamente burocrático;
  • Ausência de informações dos inimigos atrapalha um pouco as decisões táticas;
  • Poucas novidades significativas em relação ao anterior.
SteamWorld Heist II — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Thunderful

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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