Impressões: Delta Force: Hawk Ops copia, mas tem chance de fazer bonito

O projeto promete reviver a franquia Delta Force com modos multiplayer, extração e campanha.

em 15/08/2024

A franquia Delta Force foi criada em 1998 com o jogo homônimo para PC. Desde então, entre altos e baixos, a série apresentou diversas ideias diferentes para a guerra moderna, mas acabou caindo no esquecimento depois de Delta Force: Xtreme 2, lançado em 2009.

No fim do ano passado, a Level Infinite anunciou o projeto Delta Force: Hawk Ops, um esforço para reviver a franquia e abocanhar a parcela de fãs ávidos por um novo (e decente) Battlefield. A ideia é ser um jogo de guerra multiplayer em larga escala, assim como o título da EA, além de um modo de Extração como Escape From Tarkov e um remake da campanha original de Black Hawk Down. O teste alfa começou no pc na última semana e vou falar um pouco sobre as minhas primeiras impressões.

Copia, mas não faz igual



Logo de cara, é um pouco assustador o quão parecido o modo Havoc Warfare é com Battlefield 2042. Não somente na estrutura de atacar bases e avançar no campo de batalha contra inimigos, ou defender essas posições, mas tem uma série de sistemas que estão diretamente correlacionados com o jogo da EA. Desde o sistema de operadores, customização de arma, e veículos, até mesmo aos gritos a cada etapa conquistada do terreno. Os elementos da UI também são diretamente “inspirados” pelo shooter.

Entretanto, não é novidade que o último BF não encontrou carinho entre seus fãs. Desde o lançamento, a EA tem corrido contra o tempo para atrair jogadores para os servidores, que estão cada vez mais vazios: no momento em que eu escrevo esse texto, são pouco mais de 7 mil players na Steam. Dentro desse cenário, Hawk Ops tem a oportunidade de driblar os erros cometidos e apresentar uma versão mais interessante do jogo.

Com o tempo que passei no modo multiplayer, é possível sentir que houve um trabalho minucioso para incorporar os elementos de um jogo de alto orçamento em um sistema gratuito. Existe uma qualidade perceptível, até surpreendente, para o escopo do projeto. Isso por si só já é uma grande vantagem: entregar algo minimamente similar a um grande AAA cobrando nada menos que 0 reais? Um grande negócio.

Encontrando seu caminho



Dentro dos sistemas que Hawk Ops apresenta, eu consigo ver algumas mudanças que podem ser benéficas para distanciá-lo de suas inspirações. O clássico slide, básico nos jogos de tiros atuais, em Delta Force é concentrado apenas como uma habilidade de um operador específico. Falando neles, cada um se assemelha a outros já vistos no mercado, mas cada um tem alguma mudança que o coloca em uma posição de frescor na hora de jogar. 

Por exemplo: o médico, presente em todo grande Battlefield, aqui tem algumas mudanças que o fazem até parecer um personagem de Valorant. A pistola de cura tem uma mira automática, o que facilita o auxílio entre bombas e tiros. Além da caixa médica, ele também tem uma granada de fumaça que pode ser combinada com nanorrobôs de cura. 

Esse tipo de mudança no núcleo da jogabilidade de cada operador transforma as famosas gunfights em algo diferente para os que já estão acostumados. Infelizmente, foi possível conferir pouco dos modos e mapas, já que apenas um de cada está disponível na alfa. Porém, do mapa, é possível destacar um bom level design: a batalha começa em uma invasão no mar e vai subindo um morro até alcançar o pique de uma montanha. Uma verdadeira escalada na guerra total.

E o modo de Extração?



Confesso que esse talvez foi o principal motivo para que eu me registrasse para o alfa. Eu adoro jogos extraction shooters, mas desde que testei Escape From Tarkov, nunca encontrei algo do gênero que não fosse extremamente hardcore e que não parecesse um passeio no parque. Talvez o DMZ de Call of Duty foi o que mais chegou perto, mas a falta de carinho da Activision com o modo me deixou bem decepcionado.

Infelizmente, o modo em Hawk Ops parece um DMZ sem alma. A jogabilidade ainda é boa, nisso a Level Infinite conseguiu acertar em cheio, mas algumas decisões parecem minar as ideias boas aqui. A primeira delas é retirar a corrida tática exclusivamente no modo Extração. A segunda é são IAs completamente datadas, que mais se assemelham aos NPCs da época do PS2 do que a soldados que estão ali para exterminar seu grupo.

Tudo isso fica ainda pior com mapas que, além de pequenos, pouco oferecem para que os esquadrões tenham qualquer tipo de conflito ou situações de alto estresse, algo que, em um modo com IA, é extremamente necessário, ao meu ver. Apesar de um sistema bem robusto de itens, aprimoramentos e melhorias, a parte mais básica do que torna um extraction shooter único não foi alcançada, pelo menos não neste teste.

De fato, a guerra nunca muda

Talvez seja cedo demais para fazer previsões, mas com o que Delta Force: Hawk Ops apresentou, eu fico extremamente positivo com os caminhos que o projeto pode seguir. Sabemos que nessa indústria boas ideias são copiadas, e os melhores as aperfeiçoam. Ainda resta ver como o remake da campanha de Black Hawk Down será, mas para uma franquia tão tradicional, resta torcer para que também encontre seu lugar entre o fogo e os detritos da guerra moderna.

Revisão: Davi Sousa

Redator publicitário em tempo integral e amante de games nas horas vagas. Provavelmente aprendi a segurar um controle mais rápido do que uma mamadeira. Cresci com os maiores clássicos da Big N como Zelda, Mario e Pokémon. Hoje aproveito os pequenos momentos de descanso da vida corrida para me perder em Hyrule, em uma Tóquio pós-apocalíptica ou em um mundo de encanadores e cogumelos.
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