Impressões: Final Fantasy XVI demo encanta, mas carece de otimização antes de seu lançamento no PC

A décima sexta entrada da lendária franquia de RPGs finalmente está próxima dos computadores, mas ainda há trabalho a ser feito.

em 31/08/2024
Lançado exclusivamente para PlayStation 5 em junho de 2023, Final Fantasy XVI finalmente chegará ao PC em 17 de setembro, trazendo consigo a promessa da experiência definitiva do aclamado RPG da Square Enix, tendo em vista o poder e a versatilidade natural dos computadores quando comparados aos consoles.


Pois bem: graças à versão demo do título — disponível gratuitamente para download no Steam e na Epic Games Store —, pude testar as primeiras horas do jogo, assim como a sua performance e algumas características deste port. No geral, classifico o resultado como muito positivo, embora seja clara a necessidade de otimização para que a aventura de fato performe como esperado.

Crônicas de sangue e fogo

Com duração de aproximadamente quatro horas, a demonstração de Final Fantasy XVI reúne os momentos iniciais do título, nos quais o jogador é apresentado tanto às mecânicas básicas do RPG quanto ao protagonista Clive e seu irmão Joshua, ambos donos de papéis muito importantes para o futuro de Valisthea, território onde o jogo se passa.

Com diversos reinos independentes espalhados por Valisthea, os Dominantes — humanos capazes de assumir e controlar o poder de criaturas fantásticas conhecidas como Eikons — são importantes tanto do ponto de vista bélico quanto político. Durante a demo, aprendemos que o jovem Joshua, além de legítimo herdeiro do ducado de Rosaria, é o Dominante da Fênix e, portanto, um alvo valioso. 

Tão valioso que o primogênito Clive, rejeitado pela Fênix após seu nascimento, é logo incumbido da missão de ser o Escudo de seu irmão e protegê-lo de todo mal juntamente com Elwin, pai dos garotos e Duque de Rosaria. Infelizmente, às vésperas de um rito de passagem importante para Joshua, uma armadilha do Império de Sanbreque acaba custando a vida do patriarca, o que leva a um despertar furioso do poder da Fênix e a uma sucessão de eventos catastróficos, culminando na aparente morte do Dominante.

Tendo falhado em sua missão primordial de proteger Joshua e seu pai (apesar de seu grande talento para as batalhas), Clive é então cedido como escravo ao Império por sua própria mãe, que nunca aceitou o filho após ele ter sido rejeitado pela Fênix. Dessa forma, entre tragédias, reviravoltas e traições, termina a demo e começa a se desenrolar de fato a trama do título, a continuar no jogo completo.

Uma nova visão para a franquia

De longe, o aspecto mais controverso de Final Fantasy XVI talvez seja a sua jogabilidade, que prioriza a ação em tempo real ao invés do combate por turnos que consagrou a franquia. Mesmo mais de um ano após o seu lançamento no console da Sony, não é difícil encontrar discussões acaloradas na internet sobre a abordagem criativa da Square Enix e até mesmo se FFXVI seria ou não um JRPG, posto que elementos tradicionais do gênero (e da série) ficaram em segundo plano nesta entrada.

Dito isto, se você não tiver aversão a reinvenções ou mudanças drásticas, há grandes chances de você (assim como eu) se encantar com o que é apresentado aqui. A assinatura de Ryota Suzuki (Devil May Cry 5, Dragon’s Dogma) garante ao título um sistema de combate divertido e de alto padrão, capaz de, já na demo, render ótimos momentos, como a batalha contra o Cavaleiro do Amanhecer Ofuscante.

Entre esquivas, impulsos, magias e golpes especiais, há muito a ser explorado no arsenal de Clive enquanto este tenta provar o seu valor como soldado. Em termos de progressão, ser vitorioso em combate, reunir experiência e subir de nível também significa ter acesso a pontos de habilidade que podem ser utilizados para dominar novos recursos, como golpes aéreos e versões mais fortes dos feitiços elementais.

Assim, como fã de jogos com ênfase na ação (Monster Hunter e Bayonetta são algumas das minhas franquias favoritas, por exemplo), fiquei instigado pela jogabilidade de Final Fantasy XVI. Confesso, inclusive, que estou contando as horas para colocar as minhas mãos na versão final e experimentar tudo que ela oferece, visto que há muita margem para evolução. A boa notícia é que, ao concluir a demo, uma nova opção chamada “Desafio Eikônico” é desbloqueada. Nela, é possível ter um gostinho do que é jogar com Clive quando mais habilidades estão desbloqueadas, como os poderes de outros Eikons.

Com a promessa de que todo o progresso realizado na demo poderá ser transferido para o jogo completo, não há então por que ao menos não testá-la e formar a sua própria opinião sobre esta nova abordagem para a lendária franquia. Até então, o que posso afirmar é que, até para minha surpresa, esta décima sexta entrada parece uma evolução natural e até mesmo desejada para a série, de certa forma. Resta conferir, agora, se essa impressão se mantém.

Recursos exclusivos do PC

Como esperado, o port de Final Fantasy XVI traz consigo diversos parâmetros ajustáveis e recursos exclusivos de PC. O suporte a tecnologias de upscaling, por exemplo, é bem-vindo e apresenta-se completo: além da já tradicional dupla DLSS e FSR, é possível escolher a solução da Intel (XeSS), um combo definido como “legado” (TSCMAA + FSR1) ou mesmo desativar o recurso, caso a sua placa de vídeo tenha poder suficiente para renderização nativa.

Ao todo, são 21 configurações ajustáveis na versão demo, que vão desde a qualidade das sombras e detalhes do relevo até a quantidade de NPCs nas cenas e a densidade das aglomerações. O bom número de opções, juntamente com a taxa de quadros desbloqueada, é certamente bem-vindo e permite que o jogador configure o título da melhor maneira possível, segundo a capacidade de seu hardware. 

Em meu PC com um Ryzen 7 5700x e uma RTX 3060 de 12GB, consegui uma experiência bem satisfatória em 1080p com todos os recursos no “alto”, antisserrilhamento nativo e o apoio da geração de quadros do FSR3. Embora ainda cause estranheza (para não dizer repulsa) a diversos PC gamers, é preciso lembrar que a geração de quadros tem sido cada vez mais recomendada tanto pela AMD quanto pela NVIDIA, que inclusive fez do recurso um dos grandes chamarizes da sua série 4000.

Logicamente, para quem não deseja ativar o recurso, é possível configurar o jogo de outras formas. Mas devo novamente ressaltar que gostei muito da implementação do FSR3 neste jogo, e a possibilidade de usá-lo junto com o NVIDIA Reflex (que diminui a latência dos comandos) tornou minha experiência geral bem agradável em termos de qualidade de imagem e performance.

Dito tudo isto, há mais de um ponto nesta adaptação que carece urgente de otimização, a julgar pela demo. Primeiramente, as (muitas) cutscenes do título estão travadas em 30 quadros por segundo, igual no PlayStation 5. O grande problema que essa estranha decisão causa na prática (digo estranha, pois já há um mod que inibe essa restrição) é que, nas frequentes transições entre gameplay e cutscene, não é incomum sair de 50, 60, 70 ou ainda mais quadros para 30 abruptamente, resultando em travamentos incômodos que prejudicam a imersão no PC. 

Além disso, não há suporte nativo a resoluções ultrawide (o mod anterior também corrige isso) e particularmente achei a implementação de DLSS muito “borrada”, mesmo testando em 1440p e no modo Qualidade. Como usando o FSR não tive a mesma impressão, tendo a acreditar que trata-se de um bug com a solução da NVIDIA; resta conferir se haverá alguma correção até a chegada da versão final. 

O maior problema, no entanto, é a questão de pouco ganho ou variação de desempenho entre os modos “alto”, “médio” e “baixo” — algo inclusive atestado por alguns dos meus colegas de redação do GameBlast que também testaram a demo. Embora eu não tenha encontrado contratempos na minha máquina, ouvi mais de um relato de jogadores cujos PCs atendiam aos requisitos, mas tiveram performance muito abaixo do esperado. 

Posto que a Square tem atualizado a versão de demonstração e ainda há algumas semanas até o lançamento completo, a esperança é que os desenvolvedores olhem com carinho para este port e deem a ele a atenção merecida para que a experiência seja satisfatória em diversas configurações de hardware. Afinal, por tudo que promete, a saga de Clive e seu irmão Joshua merece estar na melhor forma possível em sua aguardada estreia no PC.

Uma aventura digna da espera

A julgar pela demo, Final Fantasy XVI entregará um título imperdível para os jogadores de PC a partir de 17 de setembro. Embora a necessidade de otimização seja clara, ainda assim todos os sinais apontam para a experiência definitiva de um dos mais aclamados jogos do PlayStation 5, em breve nos computadores.

Falta pouco, agora — torçamos para que esta grandiosa aventura (e sua adaptação) sejam dignas da espera. Todos, em Valisthea ou não, certamente agradecerão.

Revisão: Davi Sousa

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.