Blast from the Past

X-Men Vs Street Fighter colocou frente a frente dois gigantes da década de 90

O jogo é tido para muitos como o primeiro da saga VS.

em 03/08/2024

Após os ensaios com X-Men e Marvel Super Heroes, a Capcom finalmente tomou a decisão de colocar frente a frente duas das maiores franquias dos anos 90 para uma pancadaria honesta. Uma pelo sucesso nas HQs e animação infantil e outra pelo sucesso nos games, que levava de arrasto os fliperamas. Em setembro de 1996, foi lançado X-Men vs Street Fighter.

Não foi só da versão de arcade que o game viveu, tendo sido portado para o Sega Saturn em 1997 e para o PlayStation em 1998. No console da Sega, o jogo vinha com um cartão de expansão de memória de 4MB, que permitia que o port ficasse fiel à versão do arcade. Já no console da Sony, o port sofreu justamente por limitações de memória RAM do aparelho, tendo frames limitados das animações e incapaz de trazer a principal novidade do jogo: o sistema de tag team.


Além de botar dois nomes gigantes em um único jogo, a inovação central trazia essa influência para a gameplay. Pela primeira vez, a Capcom abordava isso com os jogos feitos em parceria com a Marvel Comics. Então, o jogador não escolhia apenas um personagem, mas sim dois, dando ainda mais ênfase nesse duelo. Diferente de outros jogos, como Tekken Tag Tournament por exemplo, em X-Men vs Street Fighter, era preciso derrotar os dois personagens do oponente para sair com a vitória.

Apesar de controlar apenas um por vez, os dois personagens de cada jogador funcionavam muito bem como uma ideia de um time, pois não ficavam isolados esperando apenas a sua vez. Era possível trocar a qualquer momento entre eles, fazendo com que o personagem que estava no banco entrasse com um ataque aéreo, chamado de “Variable Attack”, mas que hoje é conhecido como hard tag. Outras formas de substituir o personagem incluíam o “Variable Counter” (quando se estava bloqueando e o outro personagem contra-ataca assumindo a frente) e a “Variable Combination” (que era quando ambos os personagens usavam seus ataques especiais, hyper combos, e então o novo personagem permanecia para continuar a luta).


As demais mecânicas são praticamente as mesmas dos jogos anteriores do “universo” Marvel. Super pulos, especiais com elementos grandes e numerosos na tela, cenários coloridos e que podiam mudar entre um round e outro (como chão quebrar, pegar fogo, etc).

Os personagens dos X-Men são basicamente o que já era conhecido até então, fossem do X-Men: COTA ou do Marvel Super Heroes. Tanto em questão dos sprites utilizados, como de seus golpes. Retornaram ao jogo: Wolverine, Cyclops, Storm (Tempestade), Juggernaut (Fanático) e Magneto. As estreias ficaram na conta de Gambit, Rogue (Vampira) e Sabretooth (Dentes-de-sabre).


Do lado do Street Fighter, todos eram estreantes nesse universo. Eles eram baseados em suas aparições em Street Fighter Alpha 2 e somavam ao todo nove personagens: Ryu, Ken, Chun-Li, Cammy, Charlie Nash, Zangief, Dhalsim, M. Bison (ou Vega) e Akuma (Gouki). Os ataques especiais e hyper combos dos personagens foram adaptados para este novo mundo, para ir ao encontro dos ataques dos mutantes. Por exemplo: tanto o Hadouken básico quanto o shinku Hadou-ken de Ryu são maiores (no sentido de ocupar mais espaço na tela, portanto tendo uma maior hitbox) em X-Men vs Street Fighter do que em qualquer outro jogo de luta.


No modo arcade, que consistia na sequência de lutas até um boss final, sempre havia duelos com personagens misturados das duas franquias em cada etapa. Magneto e M. Bison atuam como um time de sub-bosses, fazendo uma alusão ao fato de que eram os chefes finais em seus respectivos jogos.


Já o boss final era ninguém menos que Apocalypse (Apocalipse), o mutante egípcio da antiguidade que atormenta os X-Men até os dias de hoje. Sendo a exceção da regra, Apocalypse não tem um parceiro e luta sozinho. Porém, aqui iniciou-se outra tradição da série VS: o boss final gigante. O mutante fica atrás do cenário, deixando apenas seu braço no campo de batalha, sendo possível atingi-lo para causar dano. A única outra parte de En Sabah Nur que era vulnerável era o seu rosto.

Após derrotar Apocalypse, em um momento digno de top 10 anime games betrayals (top 10 traições dos jogos), o jogador precisava enfrentar o seu parceiro de time. Sim, controlava-se apenas o personagem que deu o último hit no boss em uma nova luta contra aquele outro personagem que havia ajudado a chegar até o final. Ao vencer, aí sim o final digno dos arcades antigos era exibido na tela.


O game foi muito bem recebido por crítica e público. Isso é possível observar pelas notas que a versão do Sega Saturn, que foi bem fiel ao original do arcade, recebeu. Para muitos, esse jogo é o inaugural da franquia VS, já que é o primeiro que trazia um embate entre duas franquias, uma da Capcom e outra da Marvel, diferente de seus antecessores.

X-Men VS Street Fighter retornará este ano em Marvel Vs Capcom Fighting Collection: Arcade Classics, que será lançado para Nintendo Switch, PlayStation 4 e PC (Steam).

Revisão: Beatriz Castro


Jornalista, Técnico no papel, engenheiro não praticante e mestre Pokémon nas horas vagas. Passa 80% do tempo falando de games. Nos outros 20% torce para alguém falar sobre games, só para poder falar mais um pouco.
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