Shin Megami Tensei: Digital Devil Saga: 20 anos de um dos RPGs mais marcantes do PS2

Em 2004, outra entrada de sucesso da franquia Shin Megami Tensei marcava sua estreia no console da Sony; relembre-a.

em 10/08/2024

Por muitos anos, os consoles da Sony, especialmente o PlayStation e o PlayStation 2, ficaram conhecidos como as mídias número 1 pelas pessoas que gostam de RPGs. Além da vasta biblioteca de títulos consagrados, como Final Fantasy VII, Chrono Cross, Xenogears e Suikoden, o fato desses consoles utilizarem CDs se tornou sinônimo de melhores gráficos e maior potência de armazenamento.

Um dos títulos que também fez história no PS2 foi Shin Megami Tensei: Digital Devil Saga, lançado há 20 anos. Apesar de trazer uma história considerada “incompleta”, já que recebeu uma sequência direta (Digital Devil Saga 2) pouco tempo depois, este título da Atlus merece destaque por trazer uma abordagem diferente da dos demais jogos da franquia Shin Megami Tensei.

A vida em um lixão

Digital Devil Saga se passa em um mundo pós-apocalíptico chamado Junkyard, um local desolado disputado por seis facções que seguem as ordens de uma entidade autointitulada Deus. Neste cenário de conflitos intermináveis, nossos protagonistas, provenientes da tribo Embryon, são transformados em demônios; agora, eles são obrigados a viver em suas novas formas e  lidar com seus desejos insaciáveis.

Como de praxe nos jogos da franquia, sejam eles mais antigos ou atuais, a Atlus não poupa esforços em Digital Devil Saga, colocando em pauta temas profundos, como identidade própria, sacrifício e busca por redenção. No entanto, diferentemente das outras entradas que fazem Shin Megami Tensei ser lembrado, o título em questão foca mais nos personagens, optando por uma abordagem mais linear da trama.

Isso, contudo, não é demérito nenhum. A única pena mesmo é que, como comentado, a trama completa é dividida em dois títulos; sendo assim, jogar apenas Digital Devil Saga pode deixar a sensação de uma história fraca ou incompleta.

Desenvolvimento primoroso

A grande sacada da Atlus com Digital Devil Saga foi a reutilização do motor gráfico 3D do já considerado cult Shin Megami Tensei III: Nocturne, do qual também foi reaproveitado o sistema de Press Turn durante as batalhas em turnos, nos garantindo vantagens estratégicas importantes ao explorarmos as fraquezas dos inimigos. O desenvolvimento ainda contou com nomes como Shoji Meguro (composição musical) e Kazuma Kaneko (design artístico).

A romancista Yu Godai não poupou esforços para trazer uma trama — posteriormente adaptada para o jogo por Tadashi Satomi — que explora temas complexos ao mesmo tempo que se baseia em aspectos da mitologia hindu para compor o mundo de Digital Devil Saga. Já é de praxe termos, em Shin Megami Tensei, abordagens mais sombrias pautadas em ideais filosóficos, morais e existenciais, mas a ideia de focar um jogo da franquia nos personagens ajudou a Atlus a servir como exemplo para que outras desenvolvedoras fizessem o mesmo em seus lançamentos.

O saldo mais positivo do sucesso de Digital Devil Saga foram suas várias adaptações para outras mídias, em especial Quantum Devil Saga: Avatar Tuner, uma série de cinco livros com base no romance de Godai. Com essa vasta abrangência, até mesmo pessoas que nunca tiveram contato com o jogo puderam mergulhar nos tensos conflitos de Junkyard; infelizmente, apenas dois livros foram completamente traduzidos para o inglês.

Vale revisitar depois de 20 anos

Assim como seus antecessores, Shin Megami Tensei: Digital Devil Saga é um título extremamente relevante do portfólio da Atlus, em especial por fugir do tradicional foco da trama para desenvolver seus personagens. , em especial por fugir do tradicional foco da trama para desenvolver seus personagens. Como curiosidade adicional, muitos dos elementos explorados em Digital Devil Saga foram aproveitados em jogos mais recentes da desenvolvedora, como os aclamados Shin Megami Tensei V e Persona 5.

Tal qual as outras obras que compõem o legado da Atlus, Digital Devil Saga é um título cult que não fica restrito aos videogames. Mesmo com duas décadas de vida, ainda é uma trama que merece ser revisitada, tanto por fãs quanto por pessoas que ainda não tiveram contato com o jogo.

Trata-se daquela velha história de que não devemos julgar um videogame por seus gráficos. E como sonhar é de graça, quem sabe a Atlus não lança uma versão definitiva de Digital Devil Saga para os consoles atuais — o que você acha da ideia?


Revisão: Davi Sousa
Capa: Juliana Paiva Zapparoli
Screenshots: MobyGames

Também conhecida como Lilac, é fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas. Icon por 0range0ceans
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