Após quase meia década de ensaios, finalmente a Capcom chegou àquela que seria uma das maiores franquias dos jogos de luta: Marvel vs Capcom: Clash of Super Heroes. Depois de quatro títulos, sendo dois deles já com o emblema de VS, o game que reunia os maiores nomes de duas gigantes da década de 90 foi lançado em 1998 para os arcades.
Assim como seus antecessores, MvC foi portado para plataformas da Sony e da Sega. Em 1999, pouco mais de um ano e meio do lançamento inicial, o jogo aterrissou no Dreamcast e no PlayStation. Foi lançado também, em 2012, como parte do Marvel vs. Capcom Origins (que também contava com Marvel Super Heroes), chegando ao PlayStation 3 e Xbox 360 através das lojas digitais, a PlayStation Network e Xbox Live Arcade. No entanto, o fim do contrato de licenciamento entre as empresas fez com que a versão Origins fosse removida das lojas em dezembro de 2014.
A versão do PlayStation, como era de costume, sofreu adaptações devido à pouca memória RAM. Novamente perdeu-se o maior atrativo do jogo, o cross tag, ou seja, apenas um personagem era escolhido. Em contrapartida, era possível escolher se o personagem que auxiliava era do grupo dos aleatórios ou um dos personagens principais selecionáveis. Isso fez com que a versão do PlayStation fosse a única a contar com assistências de outros personagens que era possível controlar.
As novidades
Em seguida ao feedback ruim de Marvel Super Heroes vs Street Fighter no quesito de “segurar” o caos da série com menos elementos em tela, a Capcom entendeu o recado e abraçou a loucura no jogo seguinte. Dessa vez, não eram só dois personagens escolhidos, mas havia um terceiro, que era selecionado de maneira aleatória (que até podia ser manipulado) e que servia para dar assistências durante a luta. Porém, cada personagem possuía um número finito de convocações.
Outro momento em que era possível observar a bagunça na tela era durante o Duo Team Attack. Por um determinado tempo, os dois personagens controlados pelo jogador ficavam na tela, sendo controlados ao mesmo tempo, com uma barra infinita de especiais. Diversos objetos voando no fundo também enchiam a tela com toda a confusão possível e imaginável.
O Duo Team Attack também existia na versão do console da Sony. Mas em vez de chamar seu parceiro, o invocado era o personagem adversário. Ou seja, por alguns instantes era possível controlar seu personagem e uma cópia do adversário com especiais infinitos. Afinal, essa sempre foi a solução dos jogos da série no PlayStation para trazer um pouco da experiência do cross: um modo de jogo em que cada jogador escolhia um personagem e o outro secundário era automaticamente uma cópia do inimigo. Isso pelo menos rendia umas paletas de cores a mais, sendo exclusivas.
Novos e velhos rostos
O elenco de personagens seguiu muito no que vinha sendo a pegada da série até então. Misturando velhos rostos, mas trazendo alguns novos a ponto de garantir o frescor do jogo. Porém, MvC possuía o menor elenco de personagens, com apenas 15 entre os principais, além de alguns novos secretos, mas que eram apenas cópias de outros com algumas diferenças.
Pela Marvel, retornavam: Spider-Man (Homem-Aranha), Wolverine, Gambit, Captain America (Capitão América) e Hulk. Já na Capcom, os rostos já conhecidos eram: Ryu, Chun-Li e Zangief. A empresa dos quadrinhos trazia apenas dois novos jogadores entre os personagens comuns: Venom e War-Machine (Máquina de Combate), embora este fosse apenas uma adaptação do Iron-Man (Homem de Ferro) dos jogos anteriores. Pelo lado da desenvolvedora, havia várias novidades: Morrigan (de Darkstalkers), Captain Commando, Mega Man e Strider Hiryu (de seus respectivos jogos homônimos) e Jin (De Cyberbots).
Os personagens secretos somavam exatamente três para cada lado, sempre sendo alguma versão de um dos originais. Red Venom, Orange Hulk e Gold War-Machine pelo lado da Marvel. Shadow Lady, Lilith (como uma skin da Morrigan) e Roll. Nas versões caseiras do jogo é possível selecionar o boss final, Onslaught (personagem que surgiu sendo uma entidade que possui a consciência do Professor X e Magneto), após liberar todos os outros personagens secretos primeiro.
A confirmação do sucesso
O jogo foi bem recebido por crítica e público. O sucesso do título foi tamanho que se tornou o nome da franquia após várias mudanças e inspirou uma continuação pouco tempo depois. A versão do console da Sega seguiu a tendência dos antecessores, sendo uma adaptação fiel do arcade, e mantendo boas notas.
A surpresa ficou com a versão do PlayStation que, mesmo tendo sofrido vários cortes como era de costume, ficou com a maior média de notas até então (desde o início da série com X-Men: COTA). Marvel Super Heroes vs Street Fighter já vinha nessa pegada, somando 74% nas avaliações, mas era um jogo que tinha a proposta de conter os diversos elementos na tela, o que ajudava o console da Sony. Mas em MvC, que teve uma média de 75%, o caos reinava e mesmo assim a versão de PlayStation foi capaz de entregar uma certa qualidade no produto final.
Nos Estados Unidos, a versão de arcade vendeu mais de três mil unidades, superando o desempenho de Street Fighter III, se tornando o jogo de arcade da Capcom mais bem-sucedido até então.
Marvel Vs Capcom: Clash of Super Heroes irá retornar na coletânea Marvel vs Capcom Fighting Collection: Arcade Classics, que será lançada no dia 12 de setembro para Playstation 4, Nintendo Switch e PC (Steam).
Revisão: Beatriz Castro