Produzido pela Flazm e distribuído pela tinyBuild, Train Valley World é um jogo de gerenciamento em que somos desafiados a criar linhas ferroviárias para levar suprimentos para as cidades. No geral, o jogo traz uma dinâmica intuitiva, com uma série de missões únicas e ambientes charmosos, mas logo cai na mesmice por conta da quase ausência de dificuldade.
Planejando e construindo
Train Valley World nos coloca como o responsável em planejar e construir as linhas férreas que devem atender as necessidades de algumas cidades. Nossos trilhos devem conectar as estações a fontes de recursos como madeira, pedras, minérios e animais. Para isso, devemos gerenciar nosso dinheiro da melhor maneira para garantir que os objetivos sejam cumpridos.
A campanha é dividida em fases e cada uma delas possui objetivos específicos que devemos atender. Além disso, há algumas tarefas que podem ser feitas que nos garantem até três estrelas, estas utilizadas para comprar melhorias como maquinistas com habilidades especiais e novos trens.
A estrutura de todo jogo é bem simples, desde a interface, passando pelos efeitos sonoros e chegando à jogabilidade. Os gráficos são bem coloridos e chamativos e sua ambientação remete, principalmente, ao velho oeste americano e algumas cidades europeias, com cenários desérticos, florestas, campos abertos, montanhas e pequenos trechos urbanos em desenvolvimento.
Já a parte do áudio é um desastre, contando com músicas genéricas e efeitos sonoros terríveis. Em determinado momento, eu não sabia se o áudio era assim mesmo, se havia algum bug ou se minha caixa de som tinha estragado. No fim das contas, passei boa parte da minha jogatina ouvindo música.
Dinâmica simples
Train World Valley não inova em nada em relação a outros jogos de gerenciamento. Nosso principal recurso é o dinheiro, usado para comprar trens, construir estações e trilhos para interligá-las. Cada fase é composta por zonas que devem ser conectadas de acordo com sua necessidade.
Por exemplo: se a cidade requerer madeira, devemos ligar uma madeireira a ela; caso ela precise de pedras, construímos trilhos até uma pedreira. Em alguns casos, a matéria prima precisa ser processada antes de ser enviada para a cidade. A madeira pode ser transformada em tábua, assim como as pepitas de ouro podem ser fundidas em uma barra.
Outro fator relevante são os tipos de trens. Há uma grande variedade de transportes e eles se diferenciam por seus atributos de quantidade de carga transportadora e velocidade. Normalmente, trens com menos vagões se movimentam mais rápido, enquanto o oposto também acontece. No fim das contas, o jogo se torna um grande puzzle, exigindo que o jogador seja mais eficiente para concluir as missões mais rápido.
Saber escolher o melhor trem também é necessário para gastar menos tempo possível em cada fase. Normalmente, uma das missões secundárias envolve terminar o estágio em um determinado tempo, logo, os mais complecionistas podem se sentir motivados a fazer isso, visto que o desbloqueio de novas peças está diretamente ligado a resolver essas tarefas.
O erro não existe
Uma coisa que me deixou um pouco frustrado em Train World Valley foi que até as minhas piores ideias resultaram em sucesso. Pior ainda, não senti o mínimo de penalidade em tomar decisões ruins de planejamento e construções. O básico que eu esperava era ser desafiado, mesmo que fosse uma de forma mais acessível.
O nosso principal recurso é o dinheiro, mas é tão fácil acumular capital que não é necessário planejar bem o seu uso. Para cada trem que compramos, definimos uma rota e duas funções, como coletar o item A e levar até o ponto B, e ela é repetida em loop até se fazer alguma mudança. Cada loop nos gera renda, ou seja, é só esperar que o dinheiro caia na conta, mesmo que lentamente.
Na pior das hipóteses, mesmo que eu faça rotas pouco práticas e utilize os piores trens, desde que eu ligue a fonte de recurso ao local desejado, eu só preciso ter paciência para passar de fase. Não senti punição alguma por meus erros, seja pelas rotas desnecessariamente grandes ou escolhas ruins de trens, o que causava grandes gargalos na linha de distribuição.
Com muita boa vontade, consigo ver Train World Valley como um jogo para iniciantes no gênero que não querem ter muita dor de cabeça em resolver problemas. Um possível atrativo é seu modo multiplayer, em que os jogadores constroem simultaneamente em um mapa. No entanto, não encontrei nenhum servidor online, assim como ninguém entrava na minha sala. Talvez após o lançamento, essa situação possa mudar.
Entediante e para poucos
Para um jogo de gerenciamento, Train Valley World deixa a desejar em muitos pontos, principalmente na forma em que exige planejamento do jogador. Mesmo que tenha uma boa quantidade de trens e variedade de missões, a falta de um desafio mais sólido o faz parecer um jogo para iniciantes que não querem passar um pouco de aperto com a falta de dinheiro durante a jogatina. O modo multiplayer poderia dar uma sobrevida ao game, mas as salas vazias o deixam ainda menos atrativo.
Prós
- A ambientação é bem-feita, com cenários coloridos e fases inspiradas nos Estados Unidos e alguns lugares da Europa;
- Há uma boa diversidade de trens para desbloquear;
- O sistema de missões secundárias e estrelas é um bom incentivo para tentarmos melhorar o desempenho;
Contras
- A qualidade do áudio é péssima, contando com músicas genéricas e efeitos sonoros mal feitos;
- Ausência de penalidades em caso de decisões ruins de planejamento.
Train World Valley— PC — Nota: 6.0
Revisão: Beatriz Castro
Análise feita com cópia digital cedida pela tinyBuild