Laços de família
The Star Named EOS conta a história de Dei, um jovem rapaz que segue a carreira de fotógrafo. Com fotos e cartas de sua mãe, de quem o protagonista herdou a paixão pela fotografia, ele parte em uma jornada em busca dela e que, ao mesmo tempo, é também um resgate de memórias, com nosso personagem redescobrindo aos poucos detalhes do passado.Porém, o passado não é feito apenas de lembranças gostosas, mas também de detalhes que ele gostaria de esquecer. Sendo bem honesto, o contexto geral por trás da jornada de Dei já começa causando estranheza por vários motivos e, pela forma como a experiência do jogo é conduzida, a trama e sua principal reviravolta acabam se tornando muito óbvias. É muito difícil não antecipar o que acontecerá a seguir, a menos que o jogador realmente não pense sobre a história.
Sem entrar em muitos detalhes para evitar spoilers, gostaria de destacar em particular que há uma tentativa de emocionar o jogador com a relação entre mãe e filho. Para isso, temos a leitura de trechos das cartas por uma voz feminina que representa a mãe de Dei. Com boas escolhas de dublagem em inglês, chinês e japonês, há um esforço nítido em fazer com que esses momentos sejam acalentadores e um tanto melosos.
Porém, trata-se de uma experiência majoritariamente isolada, na qual exploramos sozinhos os locais e temos apenas os comentários monótonos do protagonista na interação com os objetos, o que acaba desconectando esses breves momentos de presença do que vemos na prática. Estamos sempre em busca de algo que nos conecte novamente e faça o personagem seguir em frente, mas esses momentos esparsos acabam não sendo tão fortes devido à obviedade do mistério geral e à ausência de outras subtramas até a chegada da reta final.
Um mundo de enigmas
The Star Named EOS é um jogo de aventura com foco na resolução de puzzles. O jogo usa um esquema de 360º, fazendo com que o jogador gire em relação a um eixo para investigar as áreas ao seu redor. A ideia é similar a Alternate Jake Hunter: Daedalus: The Awakening of Golden Jazz, dando uma sensação maior de imersão no ambiente em comparação com uma tela 2D estática.
No ambiente, podemos interagir com os vários objetos em busca de mais informações. A ideia sempre envolve achar enigmas e formas de resolvê-los para poder avançar na trama. Inicialmente, o foco é em reconstruir as fotos que Dei tem.
Temos puzzles envolvendo descobrir combinações para abrir cadeados, colocar objetos na posição correta, entre outras coisas. Geralmente, o que deve ser feito para avançar não é
claro e há várias tarefas que devem ser resolvidas de forma sequencial.
Os desafios são interessantes e podem demandar bastante raciocínio, o que, embora seja esperado desse estilo de jogo, também é uma forte limitação. Um dos problemas mais tradicionais de títulos de puzzle é a falta de intuitividade e clareza, deixando o jogador perdido sem saber o que deve ser feito e como chegar à solução.
Se por um lado esse tipo de desafio é uma experiência ótima para fãs de puzzles, os novatos logo acabam se sentindo incapazes e se desmotivando. Por conta disso, muitos jogos do gênero tentam oferecer sistemas de dicas e formas de auxiliar o progresso.
Em alguns casos, essas pistas do que fazer podem ser excessivas e há até títulos que simplesmente resolvem o problema de uma vez caso o jogador deseje. Mas no momento que a desenvolvedora corta esse sistema inteiramente, o resultado é uma experiência que tende a punir o jogador por não explorar o suficiente para notar elementos sutis.
Na prática, esse é o gargalo de The Star Named EOS e um problema que é muito comum no seu gênero. Existem formas sutis de conduzir o jogador e de proporcionar ajudas totalmente opcionais que títulos mais exemplares exploram, mas essas opções fazem falta aqui.
Fotos e memórias
Junto com a questão dos puzzles, um dos elementos centrais do jogo são as fotografias. Uma vez que conseguimos a câmera, podemos tirar fotos variadas dos ambientes. A nossa única restrição é um limite de 80 fotografias no nosso álbum, o que significa que precisaremos apagar algumas caso nossas imagens extrapolem esse valor.
Com o sistema de fotografia ativo, podemos girar o corpo de um lado para o outro e ainda abrimos a opção de dar zoom para aproximar a visão dos objetos do cenário. Vale destacar que o enquadramento da câmera é a única coisa do jogo que possui um tutorial, mesmo que ele não seja textual. O sistema na prática é super simples e bem mais tranquilo de usar do que a resolução de boa parte dos enigmas.
Além de algumas fotos obrigatórias para avançar, os capítulos também contam com um sistema secreto de fotos especiais. Isso não é indicado de nenhuma forma pelo jogo, mas conseguir essas imagens desbloqueia diários do próprio Dei explicando bem mais a fundo a sua relação com sua mãe.
Vale destacar que o mundo em si é muito bonito e dá gosto ver todos os seus detalhes. Desde o quarto do protagonista, há marcas interessantes de personalidade e história nessas localidades, embora elas acabem ficando um pouco estéreis pela falta de presença humana.
Puzzles & desafios
The Star Named EOS é uma boa experiência de puzzle, mas acaba caindo no maior defeito do gênero. Ao não oferecer um sistema de dicas ou algo similar, os momentos menos óbvios dos seus enigmas podem se tornar muralhas praticamente intransponíveis. Da mesma forma, a previsibilidade da trama reduzirá o peso da jornada para jogadores mais atentos. Para os fãs do gênero, porém, ainda é uma obra cativante o suficiente para valer a pena.
Prós
- Desafios sólidos de puzzle que exigem bom raciocínio;
- Sistema de fotografia simples e funcional;
- Ambientes bonitos cujos detalhes representam bem personalidade e história.
Contras
- Trama previsível;
- Ausência de dicas opcionais mais detalhadas para os puzzles.
The Star Named EOS — PC/PS5/XSX/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela PLAYISM