Análise: Sword of Convallaria é um jogo divertido e promissor que combina RPG estratégico e gacha

Desenvolvido e publicado pela XD Entertainment para PC e dispositivos móveis, Sword of Convallaria é um jogo free-to-play que se apresenta como um RPG estratégico, oferecendo uma interessantíssima campanha quase que inteiramente offline e um modo que incorpora o popular sistema de gacha. Com um sistema de combate divertido e promessas de mais conteúdo no futuro, o jogo já proporciona uma experiência sólida e tem potencial para se destacar significativamente dentro do gênero.

A velha história de ambição

A história de Sword of Convallaria se desenrola no reino de Iria, uma região rica em minerais mágicos. Como esperado, essa abundância desperta a cobiça e o interesse de diversos povos e indivíduos, resultando em conflitos intermináveis.

Em um princípio de guerra civil, o protagonista, cujos gênero e nome são definidos pelo jogador, desperta sem memórias em uma prisão e acaba sendo salvo por um grupo mercenário. Após certos eventos, o avatar se torna o líder dessa equipe, confrontando as facções que ameaçam Iria ao mesmo tempo que busca recuperar suas lembranças perdidas.

O enredo de Sword of Convallaria incorpora alguns elementos interessantes, como viagens no tempo, dimensões paralelas, disputas políticas, alianças e traições. Infelizmente, o título não conta com legendas em português, o que naturalmente acaba limitando a sua acessibilidade.

Ainda, há uma variedade de personagens carismáticos que enriquecem a trama, alguns dos quais são habilmente dublados em japonês, adicionando ainda mais profundidade às suas personalidades. Outro aspecto fascinante são os belos visuais, que trazem detalhes impressionantes a esse universo, especialmente nas áreas urbanas.

Por fim, merece destaque a excelente trilha sonora composta por Hitoshi Sakimoto, muito reconhecido por seu trabalho em Final Fantasy Tactics, o que eleva ainda mais a qualidade de Sword of Convallaria.

Conteúdo interminável

Este RPG oferece três modos principais de jogo: Crossing World, The Fool's Journey e Spiral of Destinies. O primeiro é completamente dedicado ao farming, no qual avançamos em diferentes estágios para adquirir materiais de melhoria para os nossos heróis, além de experiência, equipamentos e acessórios.

O The Fool's Journey complementa o Crossing World, trazendo uma trama própria e exigindo a utilização de energia, que é recarregada gradualmente, para avançar nas fases. Como se pode imaginar, aqui, a aquisição de novos personagens é influenciada pela sorte e devemos utilizar uma moeda específica, que pode ser adquirida tanto com dinheiro real quanto pelo cumprimento das diversas missões que o jogo oferece. Juntos, esses dois modos formam o núcleo do conteúdo gacha.

Como é comum em jogos desse gênero, há diversos banners que mudam conforme novas atualizações são introduzidas. Sword of Convallaria também conta com um sistema de Pity, o que garante ao jogador a aquisição do herói exclusivo do banner após certo número de tentativas.

Os heróis no jogo são classificados em quatro categorias: comuns, épicos, raros e lendários. De maneira geral, os personagens de maior ranking tendem a possuir talentos mais poderosos.

No entanto, muitos companheiros de categorias inferiores também são extremamente úteis. Vale destacar que evoluir os aliados lendários requer um número significativamente maior de recursos em comparação com os outros tipos, o que naturalmente consumirá muito mais tempo do jogador.

É importante ressaltar ainda que o título oferece inúmeras tarefas e recompensas, incluindo os “tiros” para usar nos banners, que incentivam o jogador a continuar jogando e permitindo assim a aquisição de novos personagens sem a necessidade de gastar dinheiro real. Para aqueles dispostos a investir financeiramente, há uma variedade de pacotes disponíveis, embora os preços possam ser considerados elevados, já que estão cotados em dólar.

Por fim, o Spiral of Destinies surge como uma solução ideal para aqueles que não são fãs do sistema de gacha, oferecendo uma campanha longa e independente que funciona como um RPG tradicional. Nesse modo, novos membros se juntam ao grupo conforme avançamos na trama.

É justamente aqui que a história mostra a sua força e entrega os elementos mencionados pelos desenvolvedores nos materiais de divulgação, permitindo ao jogador tomar decisões que afetam a narrativa e forjar alianças com diferentes indivíduos e facções. Além disso, há múltiplos finais possíveis, e a XD já prometeu adicionar mais rotas no futuro.

Para encerrar, é importante mencionar que, tanto na versão mobile quanto na de PC, é possível ajustar os gráficos entre baixo, médio e alto, o que tende a permitir que jogadores com dispositivos mais limitados também possam aproveitar o jogo. Pessoalmente, mesmo sem ter um computador ou celular muito poderosos, não enfrentei problemas de desempenho ao configurar o jogo para o nível mais alto de gráficos.

Como ressalva, Sword of Convallaria dá a impressão de ter sido inicialmente planejado para dispositivos móveis e posteriormente adaptado para PC, uma vez que não é possível usar o teclado para as principais ações. No entanto, o jogo oferece suporte para controles, uma funcionalidade que ainda não tive a oportunidade de testar.

Combates divertidos, mas com espaço para melhorias

Sobre os combates, Sword of Convallaria adota os elementos clássicos dos RPGs estratégicos em que se inspira (Tactics Ogre, Final Fantasy Tactics e Fire Emblem), com os cenários sendo divididos em quadradinhos nos quais podemos posicionar os personagens e realizar os seus ataques.

Além das habilidades individuais, os jogadores podem aproveitar elementos do cenário a seu favor, como barris explosivos e buracos que podem ser usados para empurrar os adversários. Também existem benefícios estratégicos em atacar inimigos pelas costas e pelo alto, além de um sistema de triangulação que envolve vantagens e fraquezas entre três diferentes elementos, com a adição de mais dois componentes neutros.

Cada aliado pode aprender um número limitado de talentos, os quais são relacionados às suas classes. Embora esse aspecto não permita uma construção individual tão profunda quanto nos RPGs que lhe servem de inspiração, ainda há uma personalização considerável por meio dos equipamentos e da escolha dos diferentes membros que compõem a equipe.

Outro aspecto que merece ser mencionado é a diferença nos métodos de aprimoramento dos personagens entre os modos The Fool's Journey e Spiral of Destinies. No primeiro, o sistema segue a tradição dos jogos gacha, exigindo que o jogador acumule materiais específicos para realizar as melhorias. Já no segundo, o game adota um sistema de gerenciamento, no qual utilizamos alguns estabelecimentos para fortalecer os nossos heróis.

Um ponto que deixa a desejar em Sword of Convallaria é a impossibilidade de escolher a direção para a qual o aliado ficará virado ao final do turno. Essa ausência contrasta diretamente com a mecânica de ataques pelas costas, tornando-se uma limitação que acaba impactando as possibilidades estratégicas durante os combates.

Outro elemento que pode ser frustrante é a disposição de algumas estruturas no cenário, que parecem estar posicionadas de maneira excessivamente conveniente, como se fossem projetadas exclusivamente para beneficiar o jogador, sem considerar a possibilidade de que os adversários também possam aproveitá-las.

Por fim, apesar do modo Spiral of Destinies não estar diretamente relacionado com as mecânicas de gacha, ele possui certa limitação, já que necessitamos de uma chave específica para avançar em algumas situações. Felizmente, esse item é adquirido facilmente todas as semanas, mas os jogadores mais apressados podem se sentir travados ou inclinados a gastar em microtransações.

Divertido e promissor

Com a promessa de futuras atualizações, incluindo novas rotas na campanha e conteúdos adicionais, Sword of Convallaria tem um grande potencial para se consolidar como um título memorável no universo dos RPGs estratégicos. No entanto, apesar das limitações atuais, o título já proporciona uma experiência sólida e bastante divertida.

Prós

História interessante, que conta com diversos personagens carismáticos bem dublados, além de múltiplas rotas e finais diferentes;
Belos visuais que enriquecem o mundo do título;
Trilha sonora primorosa composta por Hitoshi Sakimoto, a qual eleva significativamente a experiência do jogo;
Apesar das limitações nas habilidades, há uma boa variedade de opções para personalizarmos os personagens e a equipe;
O modo Spiral of Destinies oferece uma alternativa ao sistema de gacha, permitindo uma experiência de RPG mais tradicional;
Conta com várias tarefas e recompensas que incentivam a continuidade no jogo;
O sistema de Pity garante que jogadores que não desejam gastar dinheiro real ainda possam adquirir heróis de maior raridade.

Contras

O jogo possui alguns aspectos que incomodam durante os confrontos, como a impossibilidade de escolher a direção para a qual o personagem ficará virado e as estruturas nos cenários que parecem projetadas apenas para beneficiar o jogador;
O modo The Fool's Journey possui o potencial de frustração tradicional dos jogos gacha;
Para aqueles dispostos a investir financeiramente, os preços dos pacotes podem ser considerados elevados, já que estão cotados em dólar;
A necessidade de uma chave específica para avançar em certas situações no modo Spiral of Destinies pode incomodar os jogadores que preferem um progresso mais rápido.
Ausência de legendas em português.