Análise: Kitsune Tails é um clone de Super Mario Bros. 3 com vida, diversão e charme próprios

Embora essencialmente uma cópia do clássico da Nintendo, o game de plataforma consegue trazer algumas qualidades próprias e interessantes.

em 01/08/2024

Não é de hoje que novos lançamentos se inspiram fortemente em títulos clássicos. Mais do que isso, alguns deles são praticamente “clones”, trazendo novidades sem mudar a base do original. Kitsune Tails é o novo lançamento que segue essa premissa, apresentando uma aventura no formato plataforma usando ideias bastante conhecidas. Prepare-se, pois vamos viajar para um mundo mágico e repleto de diversão (bastante familiar) nesta análise!

Apoiado nos ombros de gigantes

Antes de começar a falar do jogo em si, preciso confessar que esta situação me é inédita e divertida. Explico: ao escrever as minhas análises, normalmente tento fazer paralelos com outros jogos, usando exemplos conhecidos para que o leitor entenda mais facilmente as minhas colocações. Quanto mais popular é a proposta do game, mais simples é a comparação com algum título semelhante.
 
Nesse sentido, Kitsune Tails é provavelmente o jogo mais fácil de explicar que já analisei até hoje. Afinal, ele é claramente inspirado em Super Mario Bros. 3, um dos plataformas mais clássicos de todos os tempos. Para quem nunca jogou esse sucesso de 1988 – ano de lançamento do game – ou não conhece o título, fica a sugestão, pois ele trouxe uma incrível aventura para o NES e muitas novidades que moldaram o futuro da franquia do encanador.
Qualquer semelhança não é mera coincidência
Voltando ao novo lançamento, que sai neste primeiro de agosto, ele foi anunciado lá em 2021 e desde então recebeu alguns materiais de divulgação. Disponível para praticamente todos consoles das gerações atual e anterior, assim como o PC, o jogo de plataforma estrela uma jovem kitsune (uma raposa com poderes mágicos) em um mundo fantástico baseado na mitologia japonesa.
Quem conhece Super Mario World vai reconhecer elementos como o mapa
A proposta de Kitsune Tails é semelhante aos jogos 2D do encanador bigodudo: para chegar ao final, o jogador precisa completar fases divididas em cinco mundos distintos, cada um repleto de desafios e surpresas. As temáticas dos cenários e inimigos são bem variadas e bonitas, garantindo uma aventura envolvente do início ao fim.

It’s a me, kitsune!

Mecanicamente, o game funciona de forma muito semelhante ao já citado Super Mario Bros. 3. Ou seja, podemos correr (com direito a uma barra que mostra a velocidade, como no jogo da Nintendo), pular, agarrar alguns objetos e adquirir habilidades via itens. Como um fã da franquia do encanador bigodudo, atesto que a física do game é praticamente a mesma da referência original.
Entrando pelo cano!
Kitsune Tails usa esses elementos básicos para oferecer obstáculos mais óbvios, como inimigos que morrem ao ser atingidos por um pulo e plataformas que exigem saltos com corrida, mas também desafios mais elaborados. Não vou estragar as surpresas, mas quero deixar o leitor tranquilo quanto a variedade e qualidade dessa aventura.
Fases aquáticas, normalmente odiadas, funcionam bem
Inclusive, vale frisar que o primeiro mundo do game é o mais “comportado”, com fases relativamente simples e sem maiores surpresas. Acredito que isso seja uma tática para familiarizar o jogador com as mecânicas do jogo, adquirindo progressivamente as habilidades necessárias. Dada a popularidade do gênero plataforma – sobretudo baseados na franquia Mario –, considero a escolha um pouco polêmica.
A aventura é dinâmica e divertida, repleta de elementos clássicos
Quem quiser testar o jogo sem ir além dessas fases iniciais pode ficar com a impressão de que Kitsune Tails é apenas uma cópia simples. Somente depois disso o título apresenta mais claramente as suas qualidades únicas e mostra o porquê vale a pena ser jogado. Essas qualidades não chegam a ser incríveis (como vou discutir ao final da análise), mas são suficientes para o game ser mais do que um mero “clone”.

Indo além do básico

Umas das qualidades do jogo de plataforma é a presença de um enredo. Ele gira em torno da jovem kitsune que realiza tarefas para yokais (nome de um tipo de criaturas fantásticas no Japão) e humanos, em particular para uma feiticeira e interesse amoroso. Reviravoltas como a traição de seu mestre e o ataque de seus colegas também são destaques. Nada muito elaborado, mas é interessante ver os diálogos (em sua maioria) dublados e as animações conduzirem os jogadores ao longo da aventura.
Existe um enredo simples por trás da aventura
Aliás, uma aventura com boa quantidade de fases e que varia bastante ao longo do progresso por Kitsune Tails. Novos tipos de inimigos, obstáculos, power-ups (como roupa de tubarão, samurai e bota gigante) e chefes aparecem com frequência, renovando os desafios de forma convincente. Mesmo que algumas coisas sejam cópias diretas de SMB 3, a maioria delas é interessante.
São vários poderes especiais para usar nas fases
Caso o leitor queira exemplos concretos dessas cópias: pangos funcionam exatamente como koopas; a kitsune reduz de tamanho ao ser tocada por um inimigo, mas existe uma espécie de joia que funciona como cogumelo; podemos coletar itens e usá-los a partir de um inventário. Reforço que mesmo esses elementos têm algum charme próprio, além de termos uma quantidade de novidades suficiente para compensar.
Os chefes trazem desafios bem legais
As únicas coisas que faltaram (e que poderiam ter sido copiadas mesmo) foram um modo multijogador e a presença de um contador de tempo (para fins de pontuação ou até ranqueamento online). Por outro lado, as transformações disponíveis para a kitsune são mais robustas e variadas que a fonte original. Os chefes também são mais criativos, exigindo mais habilidade e atenção.

Nada se cria, tudo se copia?

A produção no geral é muito boa, incluindo todos os elementos envolvidos. Os cenários são bonitos e bem caprichados, no mesmo nível das canções e efeitos sonoros. De uma maneira geral, o nível de dificuldade do game é equilibrado e justo. Temos até mesmo minigames, fases secretas, níveis de relacionamentos entre personagens e final alternativo para os mais dedicados.
Dig Dug, é você?
Até agora basicamente só fiz elogios a Kitsune Tails. Afinal, um clone de SMB 3 com visuais mais detalhados, história interessante e mais conteúdo não pode ser ruim, certo? A questão aqui é que faltou alguma coisa mais forte para o título ser realmente imperdível. Enquanto ele tem muitas qualidades, nenhuma delas se destaca tanto, sobretudo se considerarmos a sua semelhança com inúmeros outros títulos.
A passagem das estações altera os cenários do jogo
Afinal, este game não é o primeiro a tentar emular a experiência clássica dos jogos plataforma da Nintendo (e com certeza não será o último). Portanto, seria preciso oferecer ainda mais e de uma forma ainda mais caprichada para alcançar um verdadeiro sucesso. É uma missão difícil e ingrata dadas as circunstâncias, mas sinto que faltou alguma coisa para uma avaliação melhor.
Algumas cenas animadas dão o ritmo da história
Seja como for, ainda temos muitos pontos positivos, sejam eles originais ou copiados. Gostei bastante das fases em casas mal-assombradas (neste caso, copiadas de Super Mario World), checkpoints nas fases maiores por meio de tochas ou portas (essas últimas inspiradas em Super Mario Bros. 2, não confundir com The Lost Levels) e da existência de uma loja para adquirir itens com as moedas coletadas.
Temos até mesmo casas mal-assombradas para conhecer
Para terminar, fica um comentário sobre duas ferramentas que me parecem incríveis: uma para criação de fases e outra para minigames. Embora eu não tenha tido acesso a elas durante a minha análise, a página da Steam faz referência a essas possibilidades. Se o game conquistar uma comunidade engajada e elas funcionarem bem, poderá obter uma fonte inesgotável de desafios divertidos e inéditos.

Entre cópia e inspiração, fica a diversão

Indo além de um simples clone, Kitsune Tails consegue trazer boas ideias ao tradicional gênero plataforma. A jogabilidade facilmente reconhecível é usada para oferecer uma boa dose de variedade e desafio, incluindo chefes criativos, cenários muito bonitos e uma história interessante. Ainda que tenham faltado qualidades mais impactantes, esse é um divertido jogo para a sua biblioteca, imperdível para os fãs dos jogos 2D mais clássicos.
Uma grata e encantadora experiência no gênero plataforma

Prós

  • Jogo de plataforma oferece uma aventura divertida fortemente inspirada num clássico do gênero, mas sem esquecer de adicionar suas próprias qualidades;
  • Jogabilidade acessível é bem utilizada em desafios que vão dos mais simples aos mais elaborados;
  • Produção audiovisual bonita e competente, com um estilo agradável e variado;
  • Boa quantidade de fases e tipos de obstáculos em cada uma delas;
  • Nível de dificuldade é equilibrado ao longo de toda a jogatina.

Contras

  • Nenhum elemento do game se destaca de forma muito significativa, sobretudo se comparado aos inúmeros títulos semelhantes e ao clássico original;
  • Faltaram opções tradicionais como modo multijogador e limites de tempo para as fases.
Kitsune Tails — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.0
Plataforma utilizada para análise: PC
Revisão: Beatriz Castro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Kitsune Games

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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