Análise: House of Golf 2 diverte por algumas tacadas, mas precisa de mais no longo prazo

Embora muito bonito e com uma jogabilidade sólida, o game sofre no longo prazo devido à falta de carisma, customizações e recompensas interessantes.

em 22/08/2024

Poucos esportes são tão simples de entender quanto o golfe. Afinal, acertar a bolinha no buraco, usando o menor número possível de tacadas, é algo fácil de acompanhar. Para tornar as coisas ainda mais familiares, House of Golf 2 propõe que os campos de jogo sejam dentro de uma casa, usando objetos e móveis cotidianos. Pegue seus tacos de madeira e ferro, assim como suas bolinhas favoritas, pois a análise desse game aconchegante vai começar!

Um começo promissor

Inicialmente previsto para o dia 25 de julho, o game foi adiado para o dia 16 de agosto para que ele recebesse ajustes de última hora. Disponível para todas as plataformas das gerações anterior e atual, além do PC, a ideia de House of Golf 2 é oferecer partidas do esporte usando como cenário ambientes caseiros. Ou seja, os campos de golfe ficam no meio da sala de estar, quarto de dormir, cozinha, sótão, entre outros.
Fazendo uso da recente Unreal Engine 5, temos cenários e objetos muito bonitos compondo cada buraco. Vale frisar que a bolinha tem tamanho praticamente igual ao da realidade, tornando tudo relativamente grande em relação ao ponto de vista dela. Em outras palavras, é como se estivéssemos jogando golfe num mundo gigante.
Gostei bastante dessa ambientação, que transforma elementos cotidianos em obstáculos divertidos de serem superados. Ursinhos de pelúcia, latas de tinta, livros, copos, betoneiras... a lista é enorme. Cada fase é única, oferecendo um desafio que exige análise do campo e correta execução da tacada, tanto na força quanto na direção.
Não é possível lançar bolas curvas, portanto é preciso posicionar bem a bolinha na primeira tacada e fazer bom uso do terreno. Alguns buracos estão “escondidos” por diversos tipos de obstáculos, de forma que, se o jogador não pensar fora da caixa e analisar caminhos alternativos, vai sofrer bastante. A liberdade de como completar cada fase é considerável, ainda que um pouco intimidadora nas primeiras tentativas.

Caindo na caixa de areia

Em particular, adorei arriscar tacadas praticamente impossíveis na busca de um hole in one. Afinal, no golfe o mais importante é completar os buracos no menor número possível de tentativas, que determina se obteremos um troféu de bronze, prata ou ouro. Por isso, acertar um Birdie (-1 tacadas em relação à quantidade prevista) fazendo um movimento ousado pode ser uma grande alegria; House of Golf 2 é repleto desses momentos marcantes.

Seria interessante ter alguma ferramenta dentro do game para criar replays dessas jogadas, mas só resta ter paciência e usar opções externas ao jogo. Além de buscar o menor número de tacadas, também é possível buscar pontuações altas por meio de medalhas nos cenários, obstáculos dinâmicos e forçando a bolinha a se movimentar mais pelo campo.

Falando mais especificamente desses obstáculos, temos serras de disco, tratores de brinquedo, balões, ventiladores, rampas, entre outros elementos que não só mudam a trajetória da bola, mas também garantem mais pontos. Esses objetivos quase antagônicos — buscar o menos tentativas ou explorar o cenário por mais pontos — permitem uma revisita às fases para buscar o topo dos rankings. Existe um sistema online para conferir o desempenho dos demais jogadores, um ótimo recurso para quem quer competir.
Infelizmente, eu não recomendo muita dedicação a House of Golf 2. Apesar de termos mais de 100 fases diferentes, elas se esgotam relativamente rápido, sobretudo devido à existência de somente um modo de jogo. Demorei cerca de seis horas para terminar os campeonatos disponíveis, restando apenas repetir campos em busca de melhores pontuações.
Existem recompensas que vêm na forma de bolinhas diferentes, com desenhos e formatos legais, mas nada além disso. Na minha opinião, o incentivo para continuar jogando é pequeno. Seria importante ter músicas, efeitos sonoros e visuais para liberar, assim como mais modos que, por exemplo, poderiam explorar efeitos que alterassem a gravidade, atraíssem a bolinha para os buracos, (des)acelerassem obstáculos ou até mesmo criar novas fases.

Na busca da tacada perfeita

Não quero dar a ideia ao leitor de que o game é ruim. Pelo contrário, ele tem a base sólida de um ótimo jogo de golfe digital, com jogabilidade fácil de pegar, mas difícil de dominar, garantindo ótimos desafios. O que me parece é que faltou mais personalidade, ir além do básico proposto e ser mais ousado. A única inovação de House of Golfe 2 é a sua ambientação, “desperdiçada” pela falta de conteúdo nas recompensas e modos de jogo.
Sei que é um pouco paradoxal criticar tanto algumas partes do jogo em vista que só tenho elogios as partes que mais importam. A questão é que eu gostei muito do tempo inicial que joguei, como descobrir passagens secretas ou viajar livremente com a câmera para analisar o campo. Eu queria que a diversão continuasse no mesmo nível, algo inviável devido aos pontos que comentei. Mesmo menus tendem a ser estáticos e simplistas no longo prazo.
Ressalto que o game até tenta oferecer alternativas por meio de desafios online, certamente criados para oferecer mais conteúdo depois que o jogador terminar a campanha. Eles são poucos e as recompensas são as mesmas, limitando o impacto real desses modos. O título perdura pelo foco no multiplayer, para até quatro jogadores locais, que pode render boas risadas.
Mas até mesmo essa experiência poderia ser melhor, pois ter mais recursos de customização nas partidas poderia convencer aquele amigo pouco versado que precisa de alguma vantagem. Como não existem opções nesse sentido — nem mesmo um modo para criar um torneio personalizado de qualquer forma —, o impacto de começar a jogar pode ser grande para os pouco versados.
Em suma, o título deve ser consumido com alguma moderação: não por ser punitivo ou literalmente enjoativo, mas por não oferecer conteúdo e novidades suficientes para manter um engajamento constante, salvo que o jogador seja um apaixonado pelo esporte. Talvez atualizações futuras possam incrementar o game, assim como melhorar alguns probleminhas como leves atrasos na renderização das texturas dos objetos.

Bom, mas poderia (e deveria) ser melhor

Com uma proposta simples, acessível e competente, House of Golf 2 entrega uma experiência divertida. Infelizmente, essa diversão dura algumas poucas horas, sobretudo se não aproveitada com os amigos. Apesar dos campos domésticos serem cativantes, o game como um todo precisava de mais, incluindo modos de jogo, recompensas e personalidade. Fica a sugestão para fãs de golfe e jogadores que procuram uma experiência interessante, mas que deve ser curtida de forma moderada.

Prós

  • Jogo de golfe eletrônico divertido e com temática domiciliar bastante agradável;
  • Visuais são bonitos e fazem bom uso da ambientação do game;
  • Jogabilidade é simples e robusta, fácil de pegar e difícil de dominar;
  • Liberdade para o jogador explorar diversas estratégias para obter sucesso;
  • Boa quantidade e variedade nas fases disponíveis no jogo;
  • Opção para quatro jogadores locais e sistema de ranking online dão mais vida ao jogo.

Contras

  • Faltou mais personalidade de maneira geral, incluindo bolinhas, efeitos e menus;
  • Poucos modos de jogo e praticamente nenhuma customização para jogar sozinho ou com os amigos.
House of Golf 2 — PC/PS5/XSX — Nota: 7.5
Plataforma utilizada para análise: PS5
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Starlight Games

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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