Análise: Frogun Encore: uma sequência que poderia ter esperado um pouco mais para aparecer

Seguindo a aventura original de 2022, Renata e seu aparato em formato de sapo rumam a novos desafios, idênticos aos primeiros.

em 07/08/2024
Há quem diga que algumas continuações têm cara de DLC. Falaram isso de God of War Ragnarok e The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, se comparado aos seus antecessores GoW (2018) e Breath of the Wild, respectivamente. Claro que aqui, essas informações não são verdadeiras, independentemente de você ser fã ou hater desses gigantes da indústria.

Entretanto, essa afirmação cai como uma luva para Frogun Encore. A sequência de Frogun segue rigorosamente o que o seu antecessor trouxe, com pouquíssimas diferenças.

Inclusive, deixo aqui uma observação pertinente: Frogun Encore foi lançado no dia 25 de junho, mas um bug na versão de PlayStation 4, utilizada para esta análise, impedia a progressão além do segundo chefe. O problema só foi corrigido um mês depois, afetando não só a data de publicação deste texto, bem como a nota do jogo.

Problemas manjados

Quando disse na abertura que Frogun Encore funcionaria muito bem como uma expansão, não é exagero. Os principais defeitos estão de volta e, para piorar, com alguns agravantes.

Um dos principais é a câmera. Se antes ela dificultava a vida do jogador por ser 100% livre, agora ela ainda atrapalha a nossa vida por ser totalmente fixa. Mesmo com um ponto de vista amplo, que privilegia a profundidade tridimensional, o tanto de vezes que perderemos algumas vidas por causa de um ponto cego não está escrito.

Ter um ponto de vista estático em pelo menos 95% do jogo aqui atrapalha bastante, pois os pulos de Renata, a protagonista, nem sempre são precisos. Isso acontece graças à falsa noção de distância que as plataformas criam. Não é raro termos que adivinhar para qual direção ir e acabar rumando a uma armadilha ou um abismo, ou até mesmo ficar pela metade de um salto que parece bem simples.

Lembrando que, assim como no primeiro jogo, somos premiados a cada fase com um emblema, composto pelos seguintes objetivos: completar o estágio sem morrer, coletar duas esmeraldas, achar a caveira púrpura na rota escondida, recolher todas as moedas e completar o percurso abaixo de uma meta de tempo. 

Some isso à mira imprecisa da nossa ferramenta Frogun (sim, de novo) e é de praxe que os estágios sejam concluídos de primeira na base da tentativa e (muitos) erros. Usar nosso “gancho-sapinho” ainda é um exercício de paciência, pois nem sempre ele nos leva para a direção que queremos. 

Outro problema crônico está na apresentação desleixada. Temos itens para comprar, como imagens da galeria, chapéus e as informações do bestiário. Todas podem ser acessadas enquanto estivermos pelo mapa, mas ainda assim poderia ser algo com um trabalho mais bonitinho e organizado.

E por fim, os chapéus foram uma oportunidade desperdiçada de acrescentar algum tipo de camada à jogabilidade. Podemos escolher qualquer um deles antes de entrar em uma fase e até mesmo trocá-los no meio da aventura, mas coletar um deles só renova nossa energia.

Com tantas opções disponíveis, como coroas de oliveira, chapéus de viking, capacetes robóticos e cartolas de mágico, só para citar alguns, seria bem bacana se Renata ganhasse algum tipo de poder ou propriedade diferenciada para superar seus desafios.

Melhorando com economia

Para dar o devido crédito, Frogun Encore trouxe fases e desafios bem mais criativos que os do primeiro jogo, além de ambientes mais variados. Claro que ainda temos as florestas e castelos de antes, mas há algumas nuances interessantes, criando lugares cibernéticos e até com temática oriental, além de alguns inimigos com padrões de ataques novos.

Além disso, há sequências de obstáculos que, apesar da malfadada câmera que citei acima, são bem elaborados e mostram que realmente o jogador precisa estar atento às nuances que vão sendo implementadas com cada vez mais frequência. De plataformas rotatórias a pisos destrutivos e estações de aceleração, sempre há um elemento que deixará as coisas mais complexas.

Entretanto, essa sequência é muito mais curta que o primeiro jogo. São necessárias, em média, duas horas para concluir as 20 fases do jogo, o que equivale a mais ou menos um quarto da duração do Frogun original. 

Outra novidade muito comemorada (por mim) foi a extinção dos estágios de corrida, no qual disputávamos com o garoto Jake para ver quem se deslocava mais rapidamente pelo espaço. Inclusive, agora ele é nosso companheiro de aventura, podendo ser utilizado por um segundo jogador para um modo cooperativo, que é bastante bem-vindo. Se um jogador morrer, ele pode ser salvo pelo que restou, assim o progresso não é perdido.

Infelizmente, não podemos escolher com qual herói podemos jogar cada fase: rigorosamente o primeiro será Renata e o segundo será Jake. Seria bacana poder trocar de personagem pelo menos após a primeira conclusão de cada uma.

Quanto à parte sonora e visual, ela é incrivelmente idêntica ao jogo anterior. Entendo o foco em trazer a essência da era 32-bits, mas alguns incrementos iriam bem. Renata, por exemplo, continua com as mesmas caretas, grunhidos enquanto se machuca e animações — até a pose de conclusão de fase é a mesma.

Poderia ter grudado melhor

Frogun Encore poderia ter oferecido muito mais como sequência. Alguns avanços, como a estrutura das fases e a inclusão de um modo cooperativo, foram uma ótima sacada, mas praticamente nada dos erros do jogo anterior foi corrigido; algumas coisas, inclusive, foram pioradas, como a câmera.

Isso, em conjunto ao mês de espera para poder curtir o jogo com a correção devida, pode ter afugentado quem estava na curiosidade para curtir a sequência das aventuras de Renata e seu sapinho.

Prós

  • As fases apresentam um bom level design e ambientações um pouco mais criativas;
  • Poder jogar com dois participantes em campanhas co-op deixa tudo mais fácil;
  • Extinguir as fases de perseguição foi uma ótima decisão.

Contras

  • Não houve nenhuma melhoria visual ou sonora em relação ao primeiro jogo;
  • A câmera estática cria muitos pontos cegos e situações que induzem ao erro;
  • Algumas plataformas parecem difíceis de ser atingidas por causa dos pulos imprecisos;
  • Ainda é difícil mirar a Frogun;
  • Não é possível alternar entre Jake e Renata;
  • Os chapéus poderiam ter algum tipo de poder;
  • A apresentação da galeria é muito simplória;
  • O jogo é bem curto.
Frogun Encore — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 5.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise feita com cópia digital cedida pela Top Hat Studios

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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