Análise: Fairy Tail: Dungeons entrega uma experiência sólida e viciante de roguelike

Este título indie é obrigatório para fãs de Fairy Tail e merece a atenção de qualquer entusiasta de roguelikes.

em 31/08/2024
Fruto de um concurso promovido pela Kodansha, com o incentivo direto de Hiro Mashima, criador da série de mangá e anime Fairy Tail, Fairy Tail: Dungeons é um roguelike deckbuilding concebido pelo desenvolvedor independente Ginolabo. Com uma jogabilidade extremamente divertida e viciante, o jogo se destaca como um ótimo representante do gênero.

Neste caso, a falta de introdução não é um problema tão grande

A história de Fairy Tail: Dungeons começa quando Natsu e Happy encontram uma porta misteriosa nos domínios da guilda. Ao atravessá-la, eles se veem presos em uma masmorra, onde encontram Labi, um Exceed (criatura semelhante a um gato) que está à procura de seu amigo desaparecido.

Em busca de respostas sobre o curioso ambiente e à procura do paradeiro do companheiro de Labi, o trio começa a explorar a dungeon. Durante essa jornada, outros personagens importantes do anime, como Erza, Gray e Wendy, se juntam ao grupo.

Embora Fairy Tail: Dungeons caia na falha comum de muitos games baseados em animes, não apresentando uma introdução aos conceitos fundamentais do universo da série em que se inspira, isso acaba sendo menos prejudicial aqui. Isso porque o maior mérito do jogo está em sua jogabilidade viciante, que o torna divertido mesmo que o jogador não preste tanta atenção na trama.

Nesse contexto, é importante salientar que, apesar de a história não ser extraordinária, ela cumpre bem o papel de fornecer uma justificativa decente para que os heróis do anime se aventurem pela masmorra. Infelizmente, o título não conta com legendas em português, o que pode dificultar um pouco o acesso à obra.

Um roguelike curto e simples, mas muito efetivo

Essencialmente, Fairy Tail: Dungeons combina elementos de roguelike e deckbuilding de forma bastante eficaz. O mapa do jogo é similar a um tabuleiro, no qual cada casinha pode conter batalhas contra inimigos ou eventos variados, como encontros com personagens que oferecem recompensas, momentos de descanso para recuperar pontos de vida ou visitas a lojas para adquirir novas cartas ou itens.

Nossa movimentação é limitada a dez passos e, ao esgotá-los, nos deparamos com um chefe. Ao derrotá-lo, avançamos para o próximo andar, repetindo esse ciclo até chegarmos ao confronto final.

Como é típico em roguelikes, ser derrubado nos leva de volta ao início da masmorra, fazendo-nos perder o baralho construído e os itens adquiridos. No entanto, a derrota também traz um sentimento de progressão, já que o jogo conta com um sistema de rank que nos pontua por diversas ações realizadas durante as corridas.

Essa mecânica funciona em níveis, nos recompensando com um amuleto a cada novo nível alcançado. Cada um desses objetos concede efeitos variados, como regeneração de vida a cada casa avançada, cartas iniciais específicas no baralho ou mais espaços para carregar itens. Via de regra, cada personagem pode equipar dois amuletos.

Embora o design das masmorras seja simplista e careça de variação, graças aos múltiplos sistemas relacionados ao combate, cada corrida acaba sendo única o suficiente para manter o nosso interesse em continuar progredindo. Considerando a curta duração da campanha, o número de inimigos é adequado, e todos possuem visuais e padrões de ataque bem elaborados, especialmente os chefes.

Personagens variados, jogabilidade diversificada

O combate em Fairy Tail: Dungeons é a área em que o jogo realmente brilha, oferecendo uma estrutura bastante sólida. Embora a aventura comece com Natsu, outros heróis são desbloqueados conforme a campanha avança, sendo que cada um deles traz um estilo de gameplay único.

O sistema de batalhas é semelhante ao que já vimos em outras obras do gênero, com os personagens possuindo pontos de vida que só podem ser atingidos após a barra de defesa ser zerada, a qual pode ser aumentada com cartas defensivas.

Embora todos os indivíduos tenham cartas de ataque, cada herói possui uma especialização, exigindo que o jogador compreenda e se adapte a cada um deles. Natsu possui um baralho focado inteiramente em dano, com cartas poderosas, ao passo que Gray conta com golpes menos potentes, mas com mais opções defensivas.

Lucy, por sua vez, conta com cartas de cura e investidas que, em determinadas condições, podem atordoar ou impedir as ações dos inimigos. Assim como Natsu, Erza também é focada em dano, mas com a peculiaridade de possuir maior chance de acertar golpes críticos. Por fim, completando o grupo, temos Wendy, que apresenta talentos de suporte.

Além dos baralhos, cada personagem possui uma árvore de talentos repleta de efeitos passivos, que podem ser adquiridos com a mesma moeda usada para comprar itens. Entre as habilidades disponíveis, encontramos aumento de vida, bônus de ataque ou defesa quando o HP está baixo, e o aprimoramento do poder de cartas específicas.

É importante mencionar que a campanha de Fairy Tail: Dungeons é dividida em três cenários: Labyrinth, Sealed Portal e Labyrinth Depths. No primeiro, utilizamos apenas um indivíduo e, ao concluí-lo, podemos salvar a build para usá-la nos outros dois ambientes.

Em Sealed Portal, utilizamos dois heróis para enfrentar diretamente um dos chefes já confrontados anteriormente. Já em Labyrinth Depths, exploramos um estilo de masmorra semelhante ao do primeiro modo, mas com um grupo de três membros, iniciando com as builds previamente salvas. Aqui, além das cartas e habilidades, podemos adquirir tomos que concedem efeitos adicionais, ampliando ainda mais nossas estratégias.

Graças às peculiaridades de cada personagem, Fairy Tail: Dungeons garante que cada corrida ofereça desafios realmente diferentes. Além disso, enquanto a aventura solo de Labyrinth é viciante pela liberdade de construção que proporciona, Labyrinth Depths traz uma abordagem semelhante à de um RPG, no qual combinar bem os diferentes aliados é crucial para formar uma equipe eficaz.

Por fim, é importante destacar a qualidade visual do jogo. Cada ação realizada com as cartas conta com uma animação própria que referencia o material original, o que certamente agradará aos fãs do anime. Para exemplificar, temos golpes de fogo com Natsu, invocações com Lucy e projéteis de gelo de Gray, todos cuidadosamente detalhados.


Uma excelente adição ao universo de Hiro Mashima

Fairy Tail: Dungeons é uma adição muito bem-vinda ao universo criado por Hiro Mashima, oferecendo uma experiência de roguelike e deckbuilding divertida e altamente viciante, mesmo para aqueles que não conhecem Fairy Tail. Antes de qualquer coisa, o título desenvolvido por Ginolabo se destaca como um excelente representante do seu gênero, algo que todo videogame baseado em um anime deveria priorizar acima de tudo.

Prós

  • Jogabilidade viciante, com mecânicas de roguelike e deckbuilding bem integradas;
  • Boa variedade de personagens jogáveis, cada um com estilos de combate e habilidades distintas;
  • Senso de progressão recompensador, proporcionado pela aquisição de amuletos que concedem bônus efetivos e pela possibilidade de utilizar, em Labyrinth Depths, as builds construídas em Labyrinth;
  • Animações de alta qualidade e que referenciam o material original, o que certamente pode agradar os fãs de Fairy Tail;
  • Considerando o tamanho da campanha, a quantidade de adversários é adequada, com cada um deles dispondo de bons visuais e padrões de ataque interessantes;
  • Pelo fato do jogo ser, em primeiro lugar, um ótimo roguelike, é plenamente possível se divertir com ele sem ter qualquer conhecimento sobre Fairy Tail.

Contras

  • O design das masmorras é simplista e carece de variações;
  • Embora não seja tão prejudicial neste caso em específico, o jogo não oferece uma introdução adequada aos elementos fundamentais de Fairy Tail e nem aos seus personagens principais;
  • Ausência de legendas em português.
Fairy Tail: Dungeons — PC — Nota: 8.0
Revisão: Beatriz Castro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Kodansha

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.