Análise: Cat Quest III é uma aventura breve, mas “felinamente” muito divertida

Volta e meia é lançado aquele jogo com cara de infantil, mas que esconde uma experiência incrível para todas as idades. Cat Quest III é a bola de pelos da vez, trocando a pegada medieval dos seus predecessores para uma charmosa aventura pirata, com direito a ratos, navios, tesouros e, principalmente, gatos. Penteie os bigodes, limpe o tapa-olho e não esqueça do pires de leite, pois a análise vai começar!

Em busca do One Pie... da Estrela do Norte

Lançado em 8 de agosto de 2024, Cat Quest III é o terceiro de uma série que começou lá em 8 de agosto de 2017. Afinal, nada melhor do que lançar games de gatinho no famoso Dia Internacional do Gato, não é mesmo? A mais nova parte dessa aventura usa a temática pirata, substituindo os bucaneiros tradicionais por animais fofinhos. O bom humor permeia a experiência, sobretudo por um número quase sem fim de trocadilhos.

O jogo é ambientado nos mares do Pataribe, onde os protagonistas Garra e Capitão Chapelinho precisam enfrentar toda sorte de inimigos e desafios para encontrar a misteriosa Estrela do Norte. Aqui temos uma característica que me surpreendeu positivamente: apesar da aparência mais infantil, Cat Quest III tem uma história interessante e uma jogabilidade com refino respeitável, com foco em combates dinâmicos e variados.

Em outras palavras, tanto crianças quanto adultos vão encontrar um enredo e controles cativantes. Aliás, isso vale para praticamente todos os elementos do jogo, incluindo variedade, nível de dificuldade e visuais. Falando neles, temos uma pegada cartunesca extremamente agradável com muitas cores e detalhes, sem falar em efeitos bem legais. A dublagem é quase inexistente, mas efeitos sonoros – como gritos e explosões – e músicas são de qualidade e embalam perfeitamente a aventura.

Usando uma temática pirata, passamos por uma variedade considerável de ambientes ao longo do jogo. Cavernas, castelos, masmorras, calabouços, torres, mares, ilhas, praias... a lista é longa e competente. O mesmo vale para os personagens e acontecimentos, todos interessantes e que se renovam com uma boa frequência. Prepare-se para encontrar figurinhas como o Rei dos Pi-ratos e a Dona Galacta, assim como algumas surpresas.

Um tesouro quase completo

Depois de algumas breves explicações, Cat Quest III basicamente deixa todo o mapa livre para o jogador explorar, mas sem ser intimidante. Achei essa liberdade refrescante, pois ela é equilibrada: existem várias indicações de onde seria o próximo passo “correto”, mas diversas coisas legais chamam a atenção no caminho. Algumas podem ser difíceis demais, mas outras reservam agradáveis surpresas.

Eu recomendo essa exploração “aleatória”, sobretudo entre missões principais da campanha. Além de trazerem novidades divertidas, elas permitem ao jogador subir seu gatinho de nível e obter equipamentos mais poderosos. Inclusive, o jogo tem um sistema em que itens podem ser melhorados com dinheiro ou ao serem coletados novamente. Ou seja, itens repetidos não se acumulam, mas sobem de nível.

Existe uma ampla gama de tipos de itens para equipar, como chapéus, máscaras, coletes, espadas, escudos e bacamartes, digo, patamartes. Além de visualmente agradáveis, cada equipamento pode contar com efeitos secundários, tais como elementais de fogo, gelo e elétrico, cura, explosões, mais velocidade, etc. Analisar as possibilidades para criar combinações poderosas é um dos pontos altos do game.

Outro ponto alto é a facilidade com que Cat Quest III pode ser jogado, algo que combina com sua apresentação colorida e divertida. Com comandos simples (ataque físico, ataque à distância, esquiva e até quatro tipos de magia) e mecânicas claras, qualquer um consegue pegar o controle e se divertir explorando os Sete Miaures. E antes que o leitor pense o contrário, mesmo assim o título oferece um bom nível de dificuldade.

Alguns chefes e armadilhas podem ser bem exigentes, demandando reflexos rápidos e atenção aos itens usados. Como é possível escolher o nível de dificuldade e/ou repetir lutas contra inimigos mais fracos (para fortalecer todos os níveis), isso não prejudica quem quer uma experiência mais leve. Ou seja: quem quiser desafio vai encontrar, assim como quem quiser mais tranquilidade.

Ronronando de alegria

Confesso que Cat Quest III entrou para um rol pessoal e seleto de jogos eletrônicos. Embora eu tenha uma longa lista de favoritos, me refiro a essa relação como “encantadores”. São games que deixam aquele sorriso no rosto ao serem jogados, conseguindo combinar diversão e estilo de forma única. É difícil definir, mas outros exemplos seriam Arcade Paradise, There Is No Game - Wrong Dimension, Hi-Fi RUSH e Sakuna: Of Rice and Ruin.

Toda ilha pela qual naveguei com meu belo navio guardava um inimigo novo, um mistério a ser investigado, um tesouro precioso, um quebra-cabeça a ser resolvido. Pena que a duração do jogo é tão curta: precisei de aproximadamente 7 horas para terminar a campanha e uma parte dos objetivos secundários. Ainda existem algumas coisinhas para explorar, mas fiquei com um gostinho de “quero (muito) mais”.

Afinal, é justamente por ser tão bonito e divertido que a duração reduzida se torna frustrante. Um paliativo é o Novo Jogo +, que propicia ao jogador repetir a campanha mantendo os níveis obtidos até então. A cada nova rodada, temos um aumento nos limites, permitindo melhorias cada vez mais poderosas, em contrapartida aos inimigos mais perigosos.

Além disso, o NJ+ proporciona um item-chave logo no começo da aventura, tornando mais rápida a tarefa de concluir a campanha. Existem algumas variações para a conclusão da história, então a dedicação é válida. Aliás, é importante avisar – sem maiores spoilers – que a história deixa um ponto em aberto em um final, o que pode indicar a chegada de atualizações e DLCs no futuro para continuá-la.

Esperando por novas aventuras

Falando em futuro, já foi confirmado pela produtora que Cat Quest III trará o chamado Miau Jogo em uma futura atualização. Conhecido dos títulos anteriores da série, ele traz miaudificadores que têm foco em aumentar o nível de dificuldade do game. Além disso, concluir esse modo ainda inédito recompensará os jogadores com novos e poderosos itens.

Torço para que uma possível continuação da história também chegue em breve, destacando que os jogos anteriores da série Cat Quest receberam diversas atualizações após seus lançamentos. Vai ser difícil bater alguns momentos legais da campanha, como lutar num palco de rock, viajar com meu navio pirata (que infelizmente não pode ser customizado visualmente) e se tornar um verdadeiro caçador de recompensas.

Mesmo assim, seria ótimo ter mais tesouros para colocar neste baú em que cada joia é única e divertida. Apesar da aventura ser enxuta, ela é caprichada e merece ser expandida. Ah, e um capricho que, caso o jogador tenha um amigo ao lado, pode ser curtido por meio da opção cooperativa local. Ela é perfeita para uma experiência ainda mais caótica e divertida, além de garantir mais um aspecto acessível ao game.

Bucaneiros e gatinhos, unam-se!

Não deixe a apresentação fofinha de Cat Quest III te fazer pular da prancha: ele consegue misturar uma produção colorida e divertida com uma história pirata interessante, muitas surpresas legais e uma jogabilidade de primeira. A única restrição ao jogo fica por conta da duração da sua aventura, que, embora intensa e encantadora, é muito curta. Quem sabe futuras atualizações possam trazer mais conteúdo para aproveitarmos mais desse mundo envolvente.

Prós

Aventura utiliza bem a temática da pirataria com bichinhos em uma experiência repleta de ação e bom humor;
Campanha principal enxuta e bem-apresentada, com boa quantidade e qualidade de missões secundárias;
Produção audiovisual de primeira, com temática carismática e muito agradável;
Jogabilidade acessível e sólida, oferecendo desafios equilibrados e viciantes;
Promessa de mais conteúdo no futuro próximo, além de boas possibilidades mais distantes;
O modo cooperativo local torna o jogo ainda melhor em praticamente todos os sentidos.