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Análise: Castaway: um pequeno náufrago que acabou ganhando um grande desafio

Ajude um herói interestelar a voltar para casa, e nesse meio tempo, resgatar seu cachorro e devolver toda a vida a uma ilha cheia de criaturas.

em 27/08/2024
Que The Legend of Zelda inspirou uma legião de jogos não é novidade. Castaway não esconde isso logo na sua introdução, mas além disso também traz uma série de desafios para quem quer algo com visual nostálgico, mas que não se perde demais no passado.

Link, é você?

Em uma breve animação, descobrimos que o nosso herói sem nome é um “náufrago interplanetário”, pois ele caiu em um pequeno planeta selvagem após ser abatido em pleno voo intergalático. Com a aterrissagem forçada, algumas criaturas gigantes roubam suas ferramentas e seu cachorrinho.

Assim começa a nossa primeira missão, que é a introdução de Castaway. Com um trabalho artístico e sonoro claramente baseado em A Link to the Past, um dos jogos mais emblemáticos de The Legend of Zelda. Até mesmo a estrutura desta primeira fase lembra bastante o início da aventura de Link no SNES, mas não de uma maneira ruim.

Ao explorarmos a área, primeiro encontramos nossa espada. Com ela temos que partir em busca de outros dois itens: a picareta e o gancho, para então resgatarmos nosso companheiro de quatro patas. São três dungeons simples, que nos ensinam os comandos básicos para sobreviver.

Esta introdução, chamada de Ilha, pode ser jogada nas seguintes dificuldades: Normal; Pacifista, que traz apenas as masmorras, sem nenhum inimigo; Invencível, que mantém os inimigos, mas já te deixa imune a qualquer dano; Speedrun, que é apenas uma versão cronometrada do Normal; e Injusto, que te deixa sem checkpoints, traz mais inimigos e cada dano tomado te tira um coração inteiro.

Independente da dificuldade escolhida, finalizar a Ilha não toma mais do que 30 minutos, e temos uma nova animação, que mostra o herói resgatando sua nave e construindo um barco para fugir daquele local. Entretanto, isso não significa que a jornada acabou.

Do nada, um roguelike

Após os créditos terminarem, liberamos a Torre, e é nela que o verdadeiro desafio começa. Temos que passar por 50 andares até o topo e destruir o cristal que corrompeu todas as criaturas da região. E claro que tudo o que aprendemos nas masmorras da ilha é colocado em prática aqui, com um desafio mais agudo.

Assim que chegamos na entrada da Torre, nossos corações são reduzidos a apenas dois, mas mantemos a espada, a picareta e o gancho. Aqui as criaturas deixam moedas após derrotadas e elas são usadas para aumentarmos nosso nível de experiência. A cada um que alcançamos, podemos escolher uma melhoria que pode ser para a força dos nossos itens, para o herói em geral, como mais corações ou velocidade, e até mesmo uma orbe que fica à nossa volta para alcançar inimigos que estejam mais afastados.

O desafio proposto por esta segunda parte do jogo é bem bacana, pois consegue quebrar a expectativa do jogador e estende a vida útil de Castaway, já que a ordem das melhorias conseguidas é aleatória. Podemos focar uma partida em maximizar nossos pontos de vida, enquanto melhoramos a força da espada e do gancho em outras, por exemplo.

Tudo o que foi visto na Ilha é replicado na Torre, e isso é bom e ruim ao mesmo tempo. As mecânicas de empurrar pedras, pegar o timing dos espinhos e utilizar rochas como ponto de fixação do gancho, ao mesmo tempo que lidamos com inimigos, mostra que a jogabilidade é dinâmica e não nos deixa na mão em nenhum momento.

Entretanto, mesmo com o visual colorido e música enérgica, cansa ver sempre os mesmos quatro inimigos a todo tempo. A única coisa que muda é a constância e velocidade dos seus ataques. Nem mesmo os três chefes que apareceram nas masmorras da ilha dão as caras pelo caminho para apimentar as coisas.

Outra coisa que se mantém a mesma do começo ao fim é o padrão de cada andar. Se a aleatoriedade dos itens ajuda a criar um elemento que nos faz pensar em uma estratégia, ter sempre a mesma sequência de elementos torna tudo um pouco mais previsível. A experiência roguelike seria mais completa se a configuração de obstáculos e inimigos também variassem entre cada partida.

Uma aventura curtinha, mas honesta

Castaway trouxe uma mistura bem dosada de elementos para compor uma aventura breve, mas com desafio em um nível interessante. Se oferecesse mais algumas variações de masmorras e inimigos, com certeza ganharia o destaque que merece, pois sua jogabilidade e mecânicas são gostosas a ponto de fazerem os jogadores continuarem jogando mesmo nos andares repetidos da torre.

Prós

  • A inspiração visual e sonora em TLOZ é declarada, mas não deixa que o jogo seja apenas uma mera cópia;
  • A jogabilidade, com o uso das ferramentas, é simples, mas dinâmica, e combina muito bem com o nível de desafio proposto;
  • A Torre traz uma boa dose de variedade e com elementos roguelike.

Contras

  • Apenas quatro tipos de inimigos replicados cansativamente;
  • Seria mais interessante se os andares da Torre mudassem seus padrões aleatoriamente.
Castaway — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Vitor Tibério
Análise feita com cópia digital cedida pela Canari Games

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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