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Análise: Aero the Acro-bat — O retorno de uma das mascotes esquecidas dos anos 90

O morcego acrobata retorna depois de um longo tempo na geladeira dos games, para ver se consegue ganhar mais alguns aplausos.

em 13/08/2024
Diante do surto de mascotes dos anos 90 causado pela rivalidade entre Mario e Sonic, vários nomes surgiram, tiveram algum destaque, seja por motivos positivos ou negativos, e depois caíram no ostracismo. Entre essa gama de criaturas antropomórficas que se empilharam em jogos de plataforma estava Aero the Acro-bat, que vivia em um circo e foi lançado pela Sunsoft em 1993 para Mega Drive e Super Nintendo. Com sua já manjada estratégia de resgatar essa galera do fundo do baú, a ININ Games relançou o jogo para PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch, Xbox One e Xbox Series X/S.

Pânico no circo

Para quem não curtiu esta pérola na sua época, vai uma breve explicação da trama: um menino rico e mimado chamado Edgar Ektor fez uma pegadinha que quase matou o leão do circo, então foi banido de frequentar o lugar. Duas décadas se passaram, e o menino fanfarrão virou um empresário maldoso que se aliou à gangue Psycho Circus e sequestrou todas as estrelas do parque de diversões onde fica o circo.

O único que escapou foi Aero, o morcego acrobata que é a principal atração. Agora, cabe a ele resgatar todos, incluindo a sua namorada Ariela, e acabar com a ameaça de Edgar Ektor.

O título é um clássico plataforma, como os milhares da época, no qual o protagonista pode acertar inimigos com estrelas e girar no ar após realizar um salto. Ao todo, são cinco áreas, cada uma com cinco fases; também há um estágio bônus para cada área, que pode ser acessado se conseguirmos determinadas pontuações.

Diferentemente dos seus concorrentes da época, em que a ideia era sempre ir de um ponto a outro, as fases de Aero sempre têm como objetivo percorrer uma mesma área para achar chaves, alavancas, plataformas com estrelas ou atravessar aros pelo caminho.  A ideia da ambientação no circo é bem bacana, mas desde o seu primeiro lançamento, a principal crítica permanece: o início do jogo é muitíssimo lento, o que o torna pouco cativante — e a culpa era justamente desse inevitável vai e vem para achar tudo sob um cronômetro bastante apertado.

Perdido na corda bamba

Agora vou focar nos aspectos do port. O principal é que, fazendo o caminho inverso de muitos outros jogos trazidos pela ININ Games, que eram exclusivos do Oriente, temos a ROM original americana para SNES de 1993, e uma versão japonesa original feita em 2024. 

Entretanto, ainda falando de versões originais, só contamos com a versão do SNES, que foi lançada alguns meses depois da versão para Mega Drive. Por mais que as versões sejam bem similares entre si, há diversas pequenas diferenças, como elementos visuais e sonoros que as pessoas mais nostálgicas adoram ficar comparando. 

Um ponto curioso que quero trazer é sobre a galeria. Ela é bastante completa, trazendo todas as páginas do manual americano, bem como diversos rascunhos e ideias de como seria a roupa do protagonista e artes promocionais. Entre um dos itens ilustrados, está o primeiro esboço da movimentação de Aero, e o controle base do rascunho é justamente o do console da Sega. Isso reforça a ideia de que a inclusão desta versão no port da ININ viria a calhar.

Aquele pacote de opções, já de praxe em relançamentos de jogos antigos, está incluso aqui, sem tirar nem pôr: save/load state, filtros de tela, rewind, fast forward e trapaças para estrelas infinitas, invencibilidade, corações infinitos e giros no ar ininterruptos. Só que, para este jogo especificamente, viria muito a calhar a opção de visualizar o mapa da fase, como fizeram com Turrican Anthology Vol. 1 e 2 e Wonder Boy Anniversary Collection.

Digo isso porque nem as lentes da nostalgia conseguem disfarçar quão amarradas podem ser as fases iniciais, como citei nos parágrafos anteriores. Poder ter um mapa para visualizar tudo de maneira mais ampla, e sem perder tanto tempo refazendo dezenas de vezes as rotas labirínticas, tornaria tudo mais palatável para os jogadores.

Um espetáculo para poucos espectadores

O retorno de Aero the Acro-Bat não era algo de grande clamor público, mas também não dá para negar que foi uma das fitas que sempre estava em alguma locadora. Para alguns, este port é um reencontro agridoce com o passado, enquanto para outros é a comprovação de que as suas moedinhas do passado foram bem economizadas. Aero pode não ter sido a mascote favorita de sua geração, mas para quem quer uma viagem ao túnel do tempo, está aí a sua chance.

Prós

  • A versão escolhida para emulação foi a de SNES, que era superior à do Mega Drive;
  • O pacote característico de benefícios, como filtros de tela, trapaças e afins, sempre é uma boa pedida;
  • Inclusão de uma versão japonesa original, criada especialmente para este lançamento;
  • A galeria é recheada de arquivos interessantes, rascunhos, conceitos e o manual completo;
  • É a chance de muitos jogadores conhecerem o jogo que ignoraram no passado, pois sempre davam preferência a Mario e Sonic.

Contras

  • O jogo originalmente já tem um começo bastante arrastado;
  • Ausência de um mapa para facilitar a exploração das fases fechadas; 
  • Poderia ter sido incluída a versão de Mega Drive.
Aero the Acro-bat — PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise feita com cópia digital cedida pela ININ Games

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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