Elden Ring: O caminho para Térvore vol. 3: desventuras em Liurnia e na Academia de Raya Lucaria

O Maculado se mete em altas confusões na escola de magia. Cuidado com a lagosta!

em 02/07/2024

O mangá Elden Ring: O caminho para Térvore continua no terceiro volume da saga. Quem viu o primeiro volume já sabe que se trata de uma comédia escrachada e, no segundo volume, pudemos ver que o tom de zoeira é o centro da obra, mas não a impede de respeitar o conhecimento do jogo que lhe deu origem, com referências muito bem encaixadas.

Digamos que a trama em si não se leva a sério de forma alguma, mas, como representação, todo o resto é muito caprichado, seja nos visuais, na geografia, nos elementos de jogo, nas piadas internas e no deboche com a cara dos NPCs excêntricos. Parece ser, no fim das contas, uma obra de fã para fã.

Assim, já deu para concluir que é uma história em quadrinhos feita para quem já gosta de Elden Ring, sem pretensões de atuar como uma porta de entrada para os que ainda não jogaram e querem conhecer mais antes de se aventurar em território soulslike.
Resenhas de Elden Ring: O Caminho para Térvore
Quarta capa
O volume três, lançado no Brasil em março de 2024, mantém a qualidade da paródia e leva adiante a história do Maculado Aseo rumo ao trono de Lorde Prístino das Terras Intermédias. É preciso reconhecer o grande mérito de que, mesmo sem ser uma adaptação canônica, o mangá torna a história do jogo mais inteligível e cadenciada, levando a uma campanha que faz sentido dentro de seu contexto cômico e no do jogo.

Aseo conhece personagens após personagens, sempre nos lugares corretos e com alguma participação interessante, mantendo os principais nomes do elenco mais presentes para o leitor não esquecer deles ao longo da jornada. Por isso, já vemos aqui o retorno justificado de caras conhecidas do primeiro volume e as pistas que indicam que eles voltarão mais adiante, assim como acontece no game.

Eu disse no primeiro volume que preferia que a história seguisse a atmosfera épica e séria original, mas já desencanei disso e pretendo continuar acompanhando a adaptação e aceitá-la pelo que ela é: uma divertida versão bizarra que reflete as desventuras dos jogadores pelas terras punitivas da FromSoftware.

Agora, vamos ver como a história se desenrola nessas 160 páginas do terceiro tomo. Ah, antes que esqueça, um ponto negativo: nessa edição o preço de capa aumentou de R$ 37,90 para R$ 40,90.



Entre arruaceiros e lagostins

No final do capítulo anterior, Aseo foi arrastado até Caelid, mas, como muitos jogadores, deu meia-volta e foi para um local mais agradável: Liurnia dos Lagos. Quem o direciona para lá é Ranni, a Bruxa, que volta a aparecer aqui para induzir o Maculado a seguir os planos dela. O próximo que ele conhece é Thops, um feiticeiro tão irrelevante que é alvo fácil de piadas e ao menos serve para Aseo aprender seu primeiro feitiço, Calhau Pedrilhante.

Logo em seguida, o herói encontra Rya, a moça encurvada e inquietante que está com problemas com um Maculado arruaceiro, Boggart. Aqui começa a confusão de personalidades distorcidas que inclui o retorno de Patches, o canalha onipresente que é praticamente a mascote da FromSoftware e já havia se tornado “amigo” de Aseo no início da história.




Liurnia é uma região bonita, mas também perigosa com os lagostins monstruosos e cuspidores de jatos d'água devastadores que viraram meme na época do lançamento do jogo. Sem contar o dragão que guarda a chave pedrilhante, necessária para entrar na Academia de Raya Lucaria, onde Aseo deverá conseguir mais uma Grande Runa para prosseguir com sua missão.

A atuação de Patches cai muito bem com o momento e ele até provê o mapa do ponto de encontro que indica o local da chave e, para não perder o hábito de ser sacana, envolve o protagonista na furada de passar despercebido pelo dragão. Em referência direta ao jogo, o careca também dá a dica de um atalho super “seguro” para chegar mais perto da Térvore.

Um ponto importante aqui é que finalmente Aseo deixa de ficar só de tanguinha e ganha uma roupa decente. Primeiro é a calça da Armadura de Cavaleiro Cariano e, depois, a Túnica de Árvore, conferindo mais dignidade ao jovem.

Outro NPC que surge neste volume é Diallos Hoslow, um nobre metido e patético que fica repetindo o lema dramático de sua casa como se fosse um personagem de George R. R. Martin e… bem, talvez seja isso mesmo. Esse é mais um idiota que é fácil de zoar com a cara e merece tudo o que acontece com ele.



Entre feiticeiros e lobos

Antes do fim, ainda dá tempo de chegar à Academia de Raya Lucaria, muito bem representada em seus locais, monstros e armadilhas. Uma sacada muito boa é como Aseo fica espantado que em uma escola de magia a maioria dos ataques que ele sofre sejam de dano físico.

Tem a horripilante virgem de ferro, o chefe Lobo Vermelho de Radagon e a inesperada armadilha da pedra rolante. As reações desesperadas de Aseo aos sufocos da academia são muito verossímeis, parecem até a minha própria experiência quando passei por lá pela primeira vez, inclusive o momento em que ele entra por um portal sem pensar duas vezes e é mandado para a Igreja de Votos, muito longe dali e sem portal de volta.

É nesse local sagrado que encontramos Miriel, o Pastor de Votos, mais conhecido como a tartaruga gigante com uma mitra na cabeça (chapéu de bispo), começando uma hilária disputa com Mel, digo, Melina, para ver qual dos dois sabe mais da lore que envolve os reinos de Caria e de Leyndell, o que serve tanto para brincar com os personagens quanto para explicar de verdade pontos importantes da história do panteão das Terras Intermédias.

Continua no próximo volume…

Para mim, Elden Ring: O caminho para Térvore não apenas justifica sua escolha de ser uma paródia, como também consegue se aprimorar nisso a cada volume. Essa salada de história, arte detalhada, fan service e comédia já me convenceu a seguir na leitura e até a esperar o próximo volume que, por sinal, está previsto para este mês de julho e trará

Rennala na capa. Portanto, pode aguardar que as resenhas de volume a volume continuarão.
Folha de rosto

Revisão: Beatriz Castro

Admiro videogame como uma mídia de vasto potencial criativo, artístico e humano. Jogo com os filhos pequenos e a esposa; também adoro metroidvanias, souls e jogos que me surpreendam e cativem, uma satisfação que costumo encontrar nos indies.
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