Blast from the Past

Ninja Blade: o jogo esquecido da FromSoftware

Relembre as aventuras de Ken Ogawa em uma Tóquio moderna devastada por um vírus mortal.

em 06/07/2024

Se você é amante de RPGs, com certeza já se aventurou nos maravilhosos mundos criados pela desenvolvedora japonesa From Software, que desde Demon’s Souls vem revolucionando a indústria e conquistando milhares de fãs pelo mundo inteiro. Porém, algumas décadas atrás o estúdio se aventurava em outros estilos, criando jogos que nunca conseguiram gravar seu nome na história, mas que sempre são lembrados pelos fãs mais ferrenhos, e em 2009, as aventuras de Ken Ogawa em Ninja Blade foi um desses jogos.

Revisitando um clássico

Ninja Blade sempre ocupou um lugar especial em meu coração, voltar a jogá-lo anos depois do seu lançamento é como encontrar aquele velho amigo da época do fundamental. É curioso revisitar essa pérola em um tempo onde os jogos se tornaram tão sofisticados e realistas.

A nostalgia bate forte ao redescobrir os detalhes que me fizeram amá-lo na época, e estar novamente na pele de Ken Ogawa, um ninja moderno encarregado de salvar Tóquio de um surto de parasitas geneticamente modificados.

A premissa pode parecer clichê para os padrões de hoje, mas na época, a ideia de combinar ninjas com um cenário urbano e contemporâneo era bastante inovadora. A narrativa é contada através de cutscenes cinematográficas que, mesmo hoje, mantêm um charme especial.

Ken é um personagem cativante, um herói silencioso que carrega o peso do mundo em seus ombros. A história se desenrola de maneira previsível, mas é essa previsibilidade que traz um conforto nostálgico. Os antagonistas, incluindo criaturas grotescas e ninjas rivais, são memoráveis, cada um trazendo um desafio único para a mesa.

Um hack and slash de respeito


É fato que o enredo não é o ponto mais forte de Ninja Blade, com seu verdadeiro destaque ficando por conta da ótima jogabilidade. Na época, a FromSoftware já era conhecida por criar experiências desafiadoras, e aqui não é diferente. 

O jogo mescla combate hack and slash com sequências de Quick Time Events, que mesmo exagerando um pouco na quantidade (podendo se tornar maçante para alguns) são importantes para manter a adrenalina alta e fazer o jogador se sentir poderoso com cenas de cair o queixo.

A inspiração em Devil May Cry é nítida, tanto pelo exagero dos feitos de Ken, (que é capaz de surfar em um míssil como se fosse a coisa mais normal do mundo) quanto pelo combate responsivo e refinado, permitindo uma série de movimentos acrobáticos e ataques combinados.

A variedade de armas e habilidades disponíveis também dão ao jogador várias maneiras de abordar cada encontro, incentivando a experimentação e o domínio de diferentes estilos de combate, seja com espadas leves, pesadas ou jutsus elementais.

Contra inimigos normais Ken não enfrenta grandes dificuldades, podendo eliminar centenas de adversários sem nem derramar uma gota de suor, mas contra os chefes a história é diferente. As batalhas contra chefes são particularmente notáveis, exigindo reflexos rápidos e uma boa dose de estratégia; aprender os padrões de ataque e antecipar seus passos é a chave para o sucesso, conceitos que os jogadores já aprenderam em Dark Souls.

Uma estética única


Ninja Blade é um bom exemplo de jogo que envelheceu muito bem, mantendo-se visualmente impressionante, especialmente considerando sua data de lançamento. As paisagens urbanas de Tóquio, banhadas por um filtro verde, são detalhadas e atmosfericamente cativantes. Cada cenário, desde arranha-céus até os subúrbios em ruínas, são meticulosamente desenhados para mergulhar o jogador no caos da invasão parasita.

A trilha sonora também merece destaque. Composta por uma mistura de músicas eletrônicas e orquestrais, ela complementa perfeitamente o ritmo frenético do jogo. Os efeitos sonoros, desde o clangor das espadas até os rugidos das criaturas, são imersivos e contribuem para a atmosfera tensa e emocionante.

Revisitar Ninja Blade também me lembrou de como os jogos daquela época podiam ser
desafiadores. A curva de dificuldade é notável, especialmente nas fases avançadas. Muitos
momentos exigem precisão cirúrgica e reflexos rápidos, algo que pode ser frustrante para
novos jogadores, mas extremamente gratificante para os veteranos. Cada batalha vencida dá uma sensação de conquista que é rara nos jogos modernos, onde a dificuldade muitas vezes é ajustada para ser mais acessível.

Um legado que vale a pena ser lembrado


Em termos de legado, ele não alcançou o status de outros títulos da FromSoftware, como Dark Souls, Sekiro, Bloodborne ou Elden Ring, mas ainda assim tem seu lugar no panteão dos jogos clássicos. Ele representa uma época em que os desenvolvedores estavam dispostos a experimentar e arriscar, criando experiências únicas que deixavam uma marca duradoura. Ninja Blade é um jogo que não se leva muito a sério, mas que ainda consegue oferecer uma experiência sólida e memorável.

Revisitá-lo depois de tantos anos foi uma viagem emocionante pela estrada da memória. Ele pode não ter os gráficos deslumbrantes ou as mecânicas complexas dos jogos modernos, mas compensa com seu charme e jogabilidade sólida. Para aqueles que amam jogos retro e estão dispostos a enfrentar um desafio à moda antiga, Ninja Blade ainda vale cada minuto investido.

Revisão: Vitor Tibério


Um “arqueólogo de games” que adora falar das gemas ocultas do mundo dos jogos, tem o PS3 como console favorito e ama um bom hack and slash. Mesmo apreciando os jogos modernos, não dispensa uma boa velharia obscura do tempo que videogame era movido à lenha. Segue o pai.
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