Impressões: Concord tem jogabilidade viciante e está longe de ser um live service genérico

O beta fechado da última semana apresentou uma experiência multiplayer sólida e promissora.

em 18/07/2024

Concord é mais uma investida da Sony no cenário de jogos live service. Assim como Helldivers 2, o projeto foca no multijogador e visa atingir tanto a base de jogadores do PlayStation quanto do PC. Entretanto, desde o anúncio o projeto foi criticado por ser mais um jogo como serviço, que tem sido prática predatória recente na indústria.

Mas para a minha surpresa, que também estava com certa rejeição ao projeto, o resultado é uma experiência multiplayer AAA de alto nível. Com a experiência de ex-desenvolvedores de Destiny, a Firewalk Studios usou bem o know-how adquirido para fazer um amálgama de certos designs que, por incrível que pareça, têm seu charme e originalidade.

O que é Concord?



A melhor forma de descrever o projeto para leigos é que ele é uma mistura de Overwatch com Destiny. Isso quer dizer que o jogo é uma cópia sem originalidade? Não é bem assim. A equipe da Firewalk Studios utilizou bem da experiência dos seus desenvolvedores, e da observação do mercado para entender tendências e mecânicas e como uni-las em uma experiência coesa. 

Dessa forma, o jogo se apresenta de forma bem semelhante ao título da Blizzard, com um multijogador de tiro em primeira pessoa com foco em diferentes heróis. As diversas modalidades de jogo aprofundam ainda mais essa relação, como mata-mata em equipe, baixa confirmada, proteção de carga e de área, dentre outras. É completamente possível imaginar que modos clássicos como escolta de carga também esteja presente no lançamento final.




Na gameplay, a comparação mais próxima é Destiny. Ao fim da beta eu contabilizava quase 40 horas de gameplay, mas logo no início era possível perceber como Concord quebra as classes de Destiny: Arcano, Caçador e Titã, entre diversas mecânicas nos personagens. Heymar utiliza um estilo de pulo planado similar aos Arcanos, Lennox tem uma esquiva que recarrega suas armas como os Caçadores, e diversos personagens mais parrudos têm mecânicas clássicas dos Titãs, como corrida com ombrada, ou um golpe violento do céu em direção ao chão.

Uma mistura de estilos



Além das referências na gameplay, é possível traçar algumas ligações com o design e tom do jogo com outras obras. Logo de cara a primeira que chama atenção é a ideia de uma tripulação espacial um pouco brigona que busca se tornar algo entre vilões e missões. Impossível não lembrar de Guardiões da Galáxia de James Gunn. Até os visuais parecem ser inspirados na obra da Marvel.

Nas cutscenes iniciais também é possível notar como o tom da conversa entre os tripulantes bebe do roteiro de Gunn, com piadas ácidas e interações conflitantes entre as mais diferentes criaturas e culturas dentro da nave. Com a promessa de ter uma nova cutscene toda semana avançando a história, fiquei ainda mais curioso para ver as interações hilárias que podem surgir entre os personagens.

É exatamente essa combinação de estilos que me atrai para Concord. Não tem muito o que dizer sobre a gameplay, Destiny sempre teve ela como ponto forte, e trazer desenvolvedores que trabalharam no projeto para agregar na Firewalk foi uma ótima escolha. O tiroteio é sólido e cada personagem tem suas particularidades, o que faz com que cada partida seja única, principalmente com a possibilidade de trocar de herói a qualquer momento.

Um futuro nebuloso



No cenário atual, com diversos jogos por serviço tentando abocanhar sua parte do público, talvez Concord tenha chegado um pouco tarde na festa. Apesar de fundações sólidas, é impossível não levantar comparações com os diversos multijogadores disponíveis hoje, e encontrar sucesso entre esse meio competitivo é um desafio em tanto para a Sony.

Os fãs de jogos como Valorant, Overwatch ou até Apex Legends dificilmente vão largar suas jogatinas para migrar para Concord. Mas, será que existe público para preencher os servidores e não deixar o jogo morrer em um ano? Como jogo online, é vital que a base de jogadores seja sólida para o projeto continuar.

Acredito que algumas melhorias ainda devem ser feitas para Concord tomar sua forma final. A seleção de modos e mapas final pode ter um grande impacto na recepção do jogo, muito mais pela variedade, já que na qualidade é incontestável o carinho com que a equipe construiu cada mundo e sua lore. A monetização dentro do jogo também é algo que deve levantar debate, principalmente pelo fato de o jogo não aderir ao sistema free-to-play e cobrar R$ 200 reais, além de vender itens dentro do jogo.

Ao infinito e além!

São diversas as questões que podem levar ao fracasso ou ao sucesso de Concord, mas preliminarmente as minhas impressões são extremamente positivas. Nada adianta um jogo com ótimas práticas de mercado mas péssima jogabilidade, e vice-versa. Neste cenário, eu acredito que o jogo tem em seu fundamento o que precisa para se destacar e alcançar a imensidão da galáxia, cabe à Firewalk e à Sony abastecer bem essa nave para não acabar esquecida no frio congelante do espaço sideral.

Revisão: Vitor Tibério
Texto de impressões produzido com chave de acesso fornecida pela Sony

Redator publicitário em tempo integral e amante de games nas horas vagas. Provavelmente aprendi a segurar um controle mais rápido do que uma mamadeira. Cresci com os maiores clássicos da Big N como Zelda, Mario e Pokémon. Hoje aproveito os pequenos momentos de descanso da vida corrida para me perder em Hyrule, em uma Tóquio pós-apocalíptica ou em um mundo de encanadores e cogumelos.
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