Yu-Gi-Oh! The Duelists of the Roses foi um jogo que misturava o famoso card game, puzzle, história e viagem no tempo para trazer uma aventura inédita ao PlayStation 2. Talvez deixando a desejar para os fãs que gostariam de uma réplica digital do jogo original, ainda assim, o game foi capaz de se manter entre os melhores de Yugi e companhia — pelo menos dos que trazem duelos não tradicionais.
Poucas franquias apareceram em tantos consoles no final da década de 90 e na década de 2000 quanto Yu-Gi-Oh. Foram jogos para GameBoy Color, GameBoy Advance, PlayStation, PlayStation 2, Xbox, GameCube, Wii, PC, PSP e Nintendo DS. Muitos trabalham baseados no card game, mas outros realizam adaptações e criam ideias a partir do material original. Duelists of The Roses se encaixa na segunda categoria.
Em vez de trazer o jogo tradicional do mundo real, a Konami resolveu apostar em algo mais criativo. O jogo não é uma sequência direta do jogo do PlayStation, Yu-Gi-Oh! Forbidden Memories, mas faz alusões em determinados momentos, deixando no ar essa possibilidade. Ainda recria algumas mecânicas do jogo anterior, como a fusão de cards diretamente da sua mão, sem precisar de uma carta específica para isso.
O conceito de um deck de cards estava presente, bem como os monstros conhecidos e adorados como Mago Negro e Dragão Branco de Olhos Azuis, além dos personagens como Yugi, Kaiba, Joey, Pegasus etc. Mas a Konami queria mostrar todo o poderio dos novos sistemas da sexta geração de consoles de mesa e por isso as batalhas entre os monstros eram trazidas à tona a cada duelo, mostrando com detalhes as criaturas e seus ataques. Mal sabiam eles que devido à demora e repetição de animações, quase todos desligavam com pouco mais de uma ou duas horas de jogo.
Hora do Duelo... Mas nem tanto
O deck continha 40 cartas e podia contar com uma combinação de monstros básicos, monstros de efeito, monstros de rituais, magias e armadilhas, como era o padrão do jogo real na época. A diferença ficava por conta dos monstros de fusão, que no game apareciam como ou básicos ou de efeitos, e pelo fato de cada deck ter um líder — que não contava para o limite de cartas — que representava o jogador no tabuleiro.
Isso mesmo, o jogo trazia um campo com espaços no tamanho 7x7, parecidíssimo com um tabuleiro de xadrez. Os líderes dos decks (seu e do oponente) começavam em campo, um em cada lado, e podiam se mexer através dele. A novidade é que as cartas também se movimentavam pelo tabuleiro, fossem magias, monstros ou armadilhas.
As magias de campo não estavam presentes, pelo menos não como cartas. Os terrenos variavam entre diversas opções, começando com o básico, mas passando por outros como Yami, que aumentava o poder dos spellcasters; Montanhas, que aumentava o poder de dragões, bestas-voadoras e mais; Florestas, que influenciavam em insetos, bestas e etc; e assim por diante. Os únicos terrenos mais especiais eram o Toon (mundo da fantasia), que aumentava o poder dos monstros toons e diminuía de todos os outros, e o terreno Labirinto, que nenhuma carta ou líder podia entrar, apenas as que possuíam algum efeito especial que as permitisse.
Talvez a pior parte do jogo era como adquirir novas cartas. Tratando-se de um jogo de card game é natural esperar que tivesse booster packs, correto? Errado! Em Duelists of The Roses, a Konami apelou para uma outra área em que ela também é conhecida: máquinas de roleta.
Após derrotar um adversário, as cartas não raras dele apareciam em uma roleta com três colunas. As que o jogador conseguisse parar na linha do meio, eram adicionadas à sua biblioteca. E as cartas raras? Elas eram o “bingo”: quando alinhasse três da mesma figura, uma carta rara era garantida. Mas, exceto por alguns poucos cards fixos, a maioria das cartas raras eram aleatórias.
A roleta ainda podia ser influenciada pelos poderes do líder do deck, aumentando as chances para as cartas raras com as outras duas linhas (uma acima e outra abaixo da linha principal, que era a do meio) e até diagonal.
Os líderes ganhavam poderes conforme avançavam de rank e para conseguir esse feito, era necessário experiência de batalhas com ele, que aumentavam se outras cartas do mesmo monstro fossem utilizadas no duelo. Os poderes variavam de dar bônus de ataque para monstros do mesmo tipo, maior movimento por turno, escavar cartas secretas e mais.
Hora da História
A história de Yu-Gi-Oh! The Duelists of The Roses chamou a atenção em meio aos demais jogos da franquia por se basear vagamente em uma história real: a Guerra das Rosas. O conflito marcou a disputa entre as famílias York e Lancaster pela sucessão do trono da Inglaterra.
O jogador foi transportado para o século XV, período em que a Guerra das Rosas aconteceu no mundo real. A viagem no tempo acontecia por causa de um mago Lancastriano e Yugi, que figurava como Henry Tudor (mais tarde Henry VII, rei da Inglaterra), foi o responsável por invocar o “Duelist of the Rose”, na esperança de receber ajuda na guerra que era travada.
Ainda quando o jogador chega do futuro, aparece ninguém menos que Kaiba, que representava Christian Rosenkreuz (personalidade que não há comprovação de ter realmente existido) e líder dos Yorkistas, causando uma divergência logo no início da história. Após muita conversa e explicação, é possível escolher de qual lado quer lutar.
Caso escolhesse o de Yugi, as batalhas eram travadas contra personagens mais definidos como vilões da série, entre eles: Weevil, Rex, Bandit Keith, Pegasus, etc. Por outro lado, se a luta fosse travada ao lado de Kaiba, o jogador enfrentava Yugi e sua turma: Joey, Téa, Tristan, Vovô Solomon, etc.
Após terminar de um lado, era possível reiniciar o modo história e jogar pelo lado adversário, era assim que se conquistava as mais variadas cartas. Após terminar com os dois lados, todos os duelos eram destravados, podendo enfrentar qualquer um a qualquer momento.
O boss final era o Manawyddan fab Llyr em ambos os cenários, e sempre invocado por Seto Kaiba. A diferença residia em que uma das versões o chefe final tinha o deck com as cartas mágicas e armadilhas mais raras do jogo, enquanto que na outra, os monstros mais raros apareciam em seu baralho.
Um Yu-Gi-Oh! para contar história
O jogo podia demorar a “pegar no tranco”. Tanto para entender as diversas regras e particularidades, bem como para maximizar as estratégias, que muitas vezes precisavam se adaptar para cada adversário. Muitas análises da época criticaram a dificuldade do jogo, mas é algo que acaba aliviando logo que o jogador se acostumasse com as novidades.
O grind para novas cartas, por exemplo, não era tão extenso quanto parece. Era possível criar decks fortes com um uso baixo de cartas raras. O que viesse além disso servia de bônus para facilitar a jogatina.
O fato é que ao se diferenciar dos demais Yu-Gi-Oh!’s por não trazer uma história básica, um jogo igual ao de cartas, Duelists of The Roses conseguiu ganhar longevidade, sendo sempre uma boa opção para retornar e se divertir com Yugi e sua turma.
Revisão: Beatriz Castro