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Análise: Total War: PHARAOH Dynasties aperfeiçoa o jogo-base e o estabelece entre os melhores da franquia

Esta atualização gratuita impressiona pelo conteúdo e alça PHARAOH ao panteão dos grandes jogos de estratégia.

em 24/07/2024
Em outubro do ano passado, tive a honra de analisar Total War: PHARAOH, o mais recente jogo da consagrada série de estratégia da Creative Assembly. À época, classifiquei como excelente o retorno da franquia às suas raízes históricas — especialmente em um contexto pós-WARHAMMER, pois não é fácil retornar aos soldados comuns após acostumar o seu público a controlar dragões, bruxas, orcs e mais.


Mas, como o que é bom sempre pode melhorar, no dia 25 de julho, a atualização gratuita Dynasties chega ao título expandindo ainda mais o mapa do jogo-base e adicionando facções, unidades e mecânicas novas suficientes para fã nenhum colocar defeito. A quantidade de conteúdo impressiona e firma de vez PHARAOH no panteão dos grandes jogos de estratégia. Confira a análise!

A Era do Bronze, revisitada e aperfeiçoada

Assim que iniciei o teste antecipado de Dynasties para esta análise, fui recebido com um menu explicando os maiores destaques da atualização, como as novas áreas a serem exploradas. Agora, as terras da Mesopotâmia e das civilizações egeias também estão disponíveis no mapa para serem conquistadas, o que oferece oportunidades e ameaças durante a campanha, a depender do seu estilo de jogo e da facção escolhida.

Outra grande novidade é o Sistema de Dinastias, que também dá nome a essa nova fase de PHARAOH. De modo direto, as Dinastias simbolizam a linhagem natural ou estendida de seu governante. Como agora os líderes de facção podem morrer — em batalha ou devido à idade avançada —, expandir sua dinastia de forma estratégica pode ajudar a minimizar o impacto da perda de um comandante durante a campanha.

Para isso, casamentos — arranjados ou não — tornam-se uma poderosa ferramenta política, trazendo, inclusive, um quê do excelente Crusader Kings III à obra da Creative Assembly. Assim como no título da Paradox (que, para mim, é referência no segmento de Grande Estratégia), casamentos geram descendentes, os quais podem, quando crescidos, ocupar posições de destaque na corte ou no campo de batalha, servindo como generais e até mesmo líderes de facção.

Todas essas possibilidades devem ser levadas em conta pelo jogador, pois também houve alterações significativas na jogabilidade: como na vida real, durante um confronto entre exércitos, todo golpe de soldado agora possui uma chance de matar um inimigo instantaneamente. Unidades de elite são ainda mais competentes nesse quesito, podendo causar verdadeiros estragos em campo caso não sejam contidas a tempo.

Além disso, a travessia pelo mapa do jogo, quando realizada pelo mar, foi expandida: graças às novas rotas marítimas de viagem — que podem ser usadas por qualquer facção —, grandes distâncias podem ser percorridas em poucos turnos, sem desgaste às tropas. O potencial de ataques surpresas ou retiradas estratégicas que essa adição permite é realmente bem-vindo, de modo que, nas dificuldades mais altas, é imperativo planejar os movimentos para não ser pego desprevenido por uma invasão inimiga executada por uma rota sem vigias.

Sou faraó, sou faraó

Como são muitas, as novidades não param por aí: além dos oito personagens jogáveis presentes no lançamento de PHARAOH (Ramsés, Seti, Tausserte, Amenemésses, Irsu, Bai, Supiluliuma e Kurunta), agora é possível comandar um rol de figuras históricas e míticas, como Alíates, Agamemnon, Príamo e Iolau ao escolher alguma das três novas facções maiores adicionadas ao título: Povos do Mar, Mesopotâmia e Egeia.

Como esperado da série, a chegada de mais líderes amplia consideravelmente as possibilidades das campanhas; novos amigos (ou ameaças) passam a ocupar o tabuleiro nos espaços que outrora ou não existiam ou estavam vazios, trazendo aquela dor de cabeça gostosa que quem é fã do gênero certamente apreciará na hora de idealizar os próximos passos.

Também foram introduzidas na atualização diversas facções menores, que fornecem ainda mais opções para as campanhas com suas posições iniciais e unidades diferenciadas. Embora eu tenha passado mais tempo com os líderes para esta análise, novas opções são sempre bem-vindas, especialmente quando estamos falando de um jogo capaz de render centenas de horas de gameplay, graças à complexidade de seus cenários e variedade de situações possíveis.

Aliás, por tocar nesse assunto da complexidade, devo dizer que, com a chegada de Dynasties, PHARAOH soluciona algo que, para alguns jogadores, tornou-se um problema desde seu lançamento: o mapa relativamente pequeno quando comparado a outros títulos recentes da Creative Assembly, especialmente Total War: WARHAMMER III e seu gigantesco modo Immortal Empires, que reúne facções presentes desde o primeiro jogo do crossover.

Particularmente, sempre achei essa comparação injusta (para não dizer infundada), mas quem batia nessa tecla nos últimos meses certamente encontrará aqui um mapa expandido que, se não supera, ao menos oferece uma complexidade similar a dos encontrados na trilogia WARHAMMER. “Menos fantasia e mais história” ainda é um mantra que continua presente aqui: não espere ver figuras como Anúbis ou Zeus entrando no campo de batalha ao lado de seus soldados, embora a mecânica de culto (e seus respectivos ônus e bônus) continue presente.

Quem sabe esse recurso (batalhas mitológicas) esteja sendo preparado para um futuro DLC pago, como em A Total War Saga: TROY. Até lá, porém, é inegável o carinho com que Dynasties foi desenvolvido, especialmente quando se considera o fato de esta ser uma atualização totalmente gratuita para os donos do jogo.

Para todos os públicos

Se você ansiava por mais variedade em PHARAOH e leu esta análise até aqui, provavelmente não vê a hora de testar a atualização por si mesmo, correto? Mas e quem gostava da aventura original, do jeito que ela era, e não pediu por nenhuma dessas mudanças/adições, como proceder?

Pois bem, apesar de ser uma atualização gratuita, Dynasties funciona como um jogo separado na biblioteca do Steam. O lado bom dessa decisão dos produtores é que, se você já achava PHARAOH excelente e prefere um mapa mais enxuto, a versão original (agora chamada de “Legado”) continuará disponível para ser instalada e executada. Mas, se você deseja conferir as novidades, Dynasties é a versão que deve ser jogada a partir de amanhã.

Particularmente, aprecio essa decisão dos desenvolvedores, que acabou me lembrando de outro jogo publicado recentemente pela SEGA: Shin Megami Tensei V: Vengeance. No RPG da Atlus, é possível escolher entre o jogo original, lançado anos atrás, e a versão melhorada, de modo que tanto os fãs mais puristas quanto os ansiosos por novidades ficaram satisfeitos. Lembrando novamente que, neste caso, todo o conteúdo da atualização é gratuito, então, no mínimo, não há porque não testá-lo. Palmas para os envolvidos.

Lapidando um diamante no universo dos jogos de estratégia

Total War: PHARAOH Dynasties aperfeiçoa o que já era bom, trazendo ainda mais conteúdo e horas de entretenimento para aquele que já era um dos melhores títulos da lendária e longeva franquia de estratégia. Logo, mais do que uma atualização de proporções consideráveis, temos aqui um lembrete que poucos jogos no mercado são capazes de oferecer complexidade e diversão nas doses corretas ao mesmo tempo como este.

Assim, caso você ainda não tenha se aventurado por esta releitura da Era do Bronze, saiba que este é o melhor momento possível para fazê-lo. Do mesmo modo, caso você esteja retornando, seja bem-vindo: a antiguidade nunca teve um tabuleiro tão moldável e interessante como agora. Sorte a nossa, não é mesmo?

Prós

  • Adiciona, de graça, uma quantidade de conteúdo considerável ao jogo-base, na forma de novas facções maiores e menores, unidades de combate e mais;
  • A mecânica de dinastias traz ainda mais complexidade às seções de gerenciamento das campanhas, obrigando os jogadores a planejarem seu desenvolvimento e progressão também fora das batalhas;
  • Conserva a performance e otimização do lançamento original, bem como o suporte a português brasileiro e opções de acessibilidade e configuração da campanha;
  • Não apaga o jogo-base da existência, que continuará acessível para quem desejar se aventurar na campanha original;
  • Aperfeiçoa o que já era bom, firmando PHARAOH como um dos melhores títulos da vertente histórica da franquia Total War.

Contras

  • A ausência de confrontos mitológicos, a essa altura, parece uma oportunidade perdida considerando a riqueza de divindades e cultos da época;
  • A ausência de suporte a recursos como FSR, DLSS, XeSS e Ray Tracing é sentida, dada a exclusividade da série no PC.
Total War: PHARAOH Dynasties — PC — Nota: 9.0
Revisão: Alessandra Ribeiro
Análise produzida com cópia digital cedida pela SEGA

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