Jogamos

Análise: SNK vs Capcom: SVC Chaos — O caos que marcou uma geração

Um dos crossovers entre as duas maiores desenvolvedoras japonesas de jogos de luta está de volta, e agora com duelos em rede.

em 29/07/2024
Capcom e SNK, duas gigantes dos jogos de luta, rechearam os anos 90 com franquias célebres, como Street Fighter, Darkstalkers, Samurai Shodown, The King of Fighters e Fatal Fury, isso só para citar algumas. Logo, assim que os anos 2000 trouxeram os crossovers entre personagens das duas empresas, os fãs viram uma espécie de sonho que se tornou realidade. SNK vs Capcom: SVC Chaos foi um desses confrontos de titãs.

Após duas edições de Capcom vs. SNK produzidas pelos criadores de Ryu e cia, havia chegado a hora da casa de Terry Bogard e Kyo Kusanagi fazer o seu segundo jogo — sim, pois o primeiro foi SNK vs. Capcom: The Match of the Millennium, lançado originalmente para Neo Pocket Color, e hoje está disponível para Switch e PC.

Lançado em 2003 para Arcade, PS2 e Xbox. Agora, 20 anos depois, e para delírio dos nostálgicos, o SVC Chaos está de volta para PlayStation 4, Nintendo Switch e PC, com direito a todo conteúdo liberado logo de cara e implemento de lutas online.

O melhor dos dois mundos

Como o nome sugere, ter SNK primeiro no título indica que ele foi produzido pela casa de Terry, Kyo e cia. As partidas são no esquema 1 contra 1, fugindo de esquema de trios de The King of Fighters, e o elenco conta com 36 personagens, 18 de cada empresa, sendo 12 deles secretos. 

A seleção impressiona, pois ela vai além dos nomes conhecidos da porradaria, e traz personagens de outras franquias de ação, mas que não são de combate mano a mano. É o caso de Red Arremer (Ghosts ‘n Goblins), Mars’ People (Metal Slug) e Athena — esta que não é a mesma da série KoF, mas é considerada uma ancestral da que conhecemos.

No quesito jogabilidade, quem é veterano de qualquer título da SNK irá se sentir em casa, especialmente de KoF 2002. Já quem está acostumado com o sistema de Street Fighter, até pode sentir falta de três níveis de força para socos e chutes, mas isso é pura questão de costume. Algumas horas de prática e dá para se adequar bem ao esquema de quatro ataques regulares.

Quanto aos especiais, os comandos foram mantidos iguais aos dos jogos de origem, para não haver confusão. A novidade fica por conta do Exceed, um movimento que só pode ser usado uma vez por luta, após perder metade da barra de vida. 

A primeira vantagem deste port está na disponibilidade imediata de todos lutadores já de início, sem precisar de códigos mirabolantes ou condicionais extremas. É só pressionar um botão na tela de seleção de personagens e está feita a mágica. Outras comodidades adicionadas foram a possibilidade de jogar com a barra de especial sempre cheia e a de habilitar usos infinitos do Exceed nas lutas, quebrando o limite de uso único.

Experiência 95% Arcade

Este port de SVC foi feito totalmente sobre a versão arcade do jogo, o que deixou de fora algumas melhorias feitas nas versões dos consoles. Contamos apenas com os modos Story e Treino, e de cara fica nítida a ausência do Survival, que estava disponível no PS2 e Xbox.

Outra disparidade gritante está na velocidade das animações e melhorias gráficas deixadas de lado para priorizar a experiência original. Nos consoles, os movimentos foram levemente acelerados, o que tornava o combate um pouco mais dinâmico. Além disso, os gráficos receberam algumas correções, para diminuir serrilhados e apresentar imagens mais suaves, principalmente na versão de Xbox.

O Treino também trouxe uma alteração curiosa. Para quem gosta de métricas e precisão, foi incluso o visualizador de Hitbox, com as áreas de acerto e vulnerabilidades de cada personagem durante seus movimentos. Em contrapartida, inexplicavelmente não é possível selecionar o estágio desejado para praticar seus golpes.

Há também uma Galeria, com todas as ilustrações já disponíveis. Seria bom, ainda mais inspirado em outros jogos da SNK, se fosse possível ver o final de cada personagem na Galeria após encerrar o modo Story com cada um.

No fim, realmente só foi aproveitado o rol mais extenso dos consoles em detrimento de todo o resto do arcade. Seria mais proveitoso se fosse possível alternar entre as duas versões no menu de opções, assim agradaria tanto a quem jogou nas cabines quanto a quem jogou as variantes domésticas.

Bora para mais uma?

Claro que o principal motivo de trazer SVC Chaos para a geração atual envolve os combates em rede, que funcionam perfeitamente graças ao rollback netcode. É possível realizar partidas por convite direto, aguardando na tela de seleção de personagens ou no treino, criar um lobby para até nove pessoas ou entrar em um já existente.

Uma opção que eu achei bastante divertida na criação de salas é a de limitar os personagens que serão usados no seu lobby. Você pode permitir que todos os 36 lutadores possam ser selecionados ou disponibilizar apenas os iniciais e bloquear os secretos.

Se ainda assim você quiser menos variedade, é possível fazer com que todos joguem apenas com Iori Yagami, por exemplo. Não é algo que se vê comumente e é interessante até para competições online em times, nas quais uma equipe pode banir um personagem que seja forte de um dos competidores rivais.

De todas as partidas que joguei durante o período de análise, não tive problemas de lentidão durante as lutas. É chegar, jogar e aceitar/recusar a revanche, sempre podendo alterar o personagem entre cada luta e com a possibilidade de escolher o input delay desejado.

Nossos dados são exibidos em placares online, separados por: vitórias por personagem, vitórias totais e melhores tempos de conclusão do Story. Também é possível assistir aos replays das nossas últimas 10 lutas feitas em rede.

A única coisa que fez falta nas lutas online foi um sistema de triagem por região, pois, mesmo com partidas estáveis, em alguns momentos a busca por oponentes em combates privados foi bem longa.

O retorno do Chaos

Ter um crossover como SNK vs Capcom: SVC Chaos retornando é algo que sempre é válido destacar, pois marcou época no seu lançamento inicial e é um título indispensável para quem gosta de um bom jogo de luta. Infelizmente, o apego a versão arcade do jogo tirou um pouco do brilho que este port poderia ter ao trazer tudo que já foi feito de melhor por ele.

Prós

  • Todos os personagens já estão desbloqueados de início, sem necessidade de códigos e artimanhas;
  • Alguns recursos, como barra de especial infinita, podem ajudar a vida dos novatos;
  • A jogabilidade se mantém muito boa para os padrões atuais;
  • Partidas online estáveis e com ótimo desempenho;
  • Inclusão do visualizador de hitboxes.

Contras

  • Ausência do modo Survival;
  • Poderia ser possível desbloquear os finais dos lutadores na Galeria;
  • Não é possível escolher o cenário no Treino;
  • O uso total da versão arcade para o port evitou que algumas melhorias dos consoles estivessem disponíveis, como fluidez dos movimentos e visuais mais limpos e suaves;
  • Demora considerável para achar algumas partidas privadas no online.
SNK vs Capcom: SVC Chaos — PC/PS4/Switch — Nota 8.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise feita com cópia digital cedida pela SNK

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.