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Análise: Star Wars: Bounty Hunter retorna de onde não deveria ter saído, do passado

Remaster do game de 2002 é interessante para jogadores saudosistas e que apreciam a lore da franquia.

em 31/07/2024

Originalmente lançado em novembro de 2002 para PlayStation 2 e GameCube pela LucasArts, Star Wars: Bounty Hunter está voltando em uma nova versão remasterizada para PC e consoles da atualidade pelas mãos da Aspyr. Será que desenterrar esse jogo de mais de 20 anos valeu realmente a pena? Vamos conferir os detalhes na análise a seguir.

As origens de um notório caçador de recompensas

Capa da versão para PS2
Star Wars: Bounty Hunter é uma espécie de prólogo de Star Wars: Episódio II – O Ataque dos Clones, o quinto filme da saga criada por George Lucas, lançado em maio de 2002. No jogo, assumimos o papel de Jango Fett, o famoso mandaloriano caçador de recompensas que se tornou a matriz para a criação do exército de clones da República Galáctica no longa.

O jogo serve como base para conhecermos um pouco da fama do personagem, apresentado pela primeira vez no filme, e se passa alguns anos antes dos acontecimentos de Episódio II. É nesta ocasião que descobrimos como ele obteve a icônica nave Slave I e conheceu Zam Wessel, a assassina que tentou matar a senadora Amidala, além dos eventos que o levaram a ser escolhido como modelo genético para o exército de clones da República.

Em Bounty Hunter, Jango Fett é contratado pelo Lorde Sith Darth Tyranus (Conde Dookan) para eliminar Komari Vosa, líder de uma poderosa organização criminosa, e acaba se envolvendo em uma complicada conspiração de tráfico de "bastões da morte". Durante sua caçada, Jango também se envolve com outros sindicatos do crime e enfrenta um antigo rival.


Dentro do gênero de ação e aventura em 3D, popular e em crescimento no fim dos anos 1990 e início dos 2000, Star Wars: Bounty Hunter é um jogo em terceira pessoa onde assumimos o papel do mandaloriano em sua mais importante caçada até então.

Armado com seus icônicos blasters gêmeos, lança-chamas e um lançador de cabo, Jango Fett também dispõe do famoso jetpack usado pelos guerreiros de Mandalore, permitindo acessar locais e auxiliando na mobilidade durante a exploração do ambiente e no combate.


Uma das atividades adicionais que Jango pode concluir durante as fases é a captura de outros alvos que rendem créditos extras e servem como critério de conclusão geral da campanha. Por meio de seu visor especial, Fett pode escanear o ambiente em busca de alvos e identificá-los; ao encontrar alguém com a cabeça a prêmio, é possível ver quanto ele vale vivo ou morto para capturá-lo usando o cabo ou simplesmente eliminando-o imediatamente.

Ao longo de diversos níveis, o jogador precisa derrotar inimigos, enfrentar chefes, atravessar cenários labirínticos e coletar segredos que rendem extras no menu inicial. Star Wars: Bounty Hunter é uma experiência que vale mais pela história, por expandir um pouco mais um dos filmes menos cultuados de Star Wars, do que pela qualidade de seu conteúdo como jogo.

Vinte e dois anos depois…

Com uma duração girando entre 6 a 8 horas, Star Wars: Bounty Hunter se encaixa no típico jogo de locadora que você alugaria no fim de semana para se divertir um pouco. Para os fãs da série, é interessante pela expansão da narrativa de Star Wars.

Contudo, como jogo, ele nunca foi um dos melhores títulos já feitos sob a licença de Star Wars. Na época de seu lançamento, a recepção foi mista, com muitas opiniões negativas sobre a repetição de cenários e um level design confuso e, por muitas vezes, tedioso. Lembro-me de ter jogado no PS2 e não ter gostado muito. Joguei pela história e pela jogabilidade, que, na época, era um ponto alto por não trazer muitas coisas com esse estilo.

O remaster segue a "receita de bolo" de preservar um jogo e ampliar sua audiência. Originalmente lançado apenas para PlayStation 2 e GameCube, agora ele chegará a todos os consoles modernos e PC.

Minha expectativa para esse tipo de lançamento é sempre a de receber melhorias que vão além dos gráficos atualizados. Em Bounty Hunter, temos isso na forma de controles adaptados para os padrões atuais, priorizando os gatilhos e botões de ombro para ações de ataque, principalmente.


Nesta análise, usei a versão de PS5 para ter uma experiência que remetesse melhor à que tive quando o joguei pela primeira vez no PS2. Nesse aspecto, o resultado foi positivo e há uma particularidade nesta versão, que faz uso dos gatilhos adaptáveis do DualSense e dos LEDs do controle para indicar a quantidade de vida. Pelo menos aqui a Aspyr utilizou bem o que o console tem a oferecer.

Em termos de gráficos, como esperado, o jogo agora conta com texturas em alta definição, suporte para telas widescreen e taxas de quadros altas e constantes, diferente de suas versões originais de mais de 20 anos atrás.


No áudio, temos um problema sério relacionado à mixagem. Enquanto o volume do jogo, por padrão, é mais baixo, as cutscenes têm um volume bem mais alto. Apesar de poder ajustar isso no menu de opções, é um erro que merece destaque.

O jogo, de modo geral, continua sendo o mesmo. O combate é divertido nos primeiros momentos, acompanhado pela magistral trilha sonora de John Williams, mas o level design continua datado e merecendo críticas.


Apesar da audácia da LucasArts em querer inovar nesse departamento, eu já ficava perdido na época por conta da câmera e dos cenários que reaproveitam padrões e modelos, e desta vez não foi diferente. Muitas vezes, a rota que eu precisava seguir estava bem debaixo do meu nariz e não percebi por conta de um level design que continua atrapalhando mais do que ajudando o jogador.

Fora isso, outras melhorias que poderiam ter sido adicionadas, como suporte ao português, extras no formato de entrevistas ou artes conceituais, e até mesmo trailers da época do primeiro lançamento, ficaram de lado.

Foram mantidos apenas os que já estavam disponíveis na versão de 2002: páginas da HQ Jango Fett: Open Season, cards colecionáveis da Wizards of the Coast e erros de gravação das cutscenes. Até mesmo os códigos para acessar os capítulos da campanha continuam funcionando da mesma forma, permitindo acessar qualquer nível a qualquer momento. Novidades de verdade, nenhuma desta vez.

Uma recompensa que não vale tanto a pena

Star Wars: Bounty Hunter retorna como uma interessante viagem nostálgica para os fãs da saga Star Wars, oferecendo uma expansão da narrativa do universo criado por George Lucas. O remaster traz melhorias gráficas e adaptações nos controles que fazem jus aos padrões modernos, proporcionando uma experiência mais fluida e visualmente atraente. No entanto, permanecem os problemas de design e repetição que foram criticados em seu lançamento original.

Para os fãs dedicados, a oportunidade de revisitar ou mesmo conhecer a história de Jango Fett pode valer a pena, mas para os novos jogadores, a falta de inovações significativas e a ausência de extras contemporâneos podem ser um empecilho. Star Wars: Bounty Hunter é, no fim das contas, uma experiência que brilha mais pelo seu valor nostálgico e pela expansão da narrativa da saga do que pela qualidade do jogo em si.

Prós

  • Expansão da narrativa de Star Wars, especialmente para fãs da saga;
  • Gráficos e desempenho aprimorados, como deve se esperar desse tipo de produto;
  • Adaptação dos controles para os padrões modernos, melhorando a jogabilidade;
  • Uso interessante dos gatilhos adaptáveis e LEDs do DualSense no PS5.

Contras

  • Level design confuso e datado, com cenários repetitivos e orientação confusa;
  • Mixagem de áudio problemática, com volumes inconsistentes entre jogo e cutscenes;
  • Falta de inovações e novidades significativas além das melhorias gráficas;
  • Ausência de suporte ao português e outros extras, como entrevistas ou artes conceituais.
Star Wars: Bounty Hunter — PC/PS5/PS4/XSX/XBO/Switch — Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: PlayStation 5
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Aspyr Media

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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