Análise: Arranger: A Role-Puzzling Adventure: desbravando um mundo mágico e solucionando quebra-cabeças

Assuma o papel de uma menina desafortunada enquanto resolve puzzles desafiadores e viaja por um mundo desconhecido.

em 22/07/2024

Arranger: A Role-Puzzling Adventure é uma simpática aventura que nos coloca no papel de uma garota com um estranho dom de se mover de maneira diferente. Usando lógica e astúcia, devemos aproveitar essa habilidade para viajar por um mundo mágico, em busca de respostas para perguntas surgidas durante sua infância, enquanto resolvemos engenhosos quebra-cabeças e ajudamos os que cruzam nosso caminho.

Uma garota desajustada

Jemma foi encontrada ainda bebê, abandonada em uma noite fria na entrada de um vilarejo nas colinas. Criada pelos moradores locais, a menina nunca saiu além dos muros da vila e sonha em explorar o mundo para conhecer o que há além do que seus olhos podem ver.

Ela possui um estranho dom: quando se move, é como se estivesse em uma esteira, e tudo na mesma direção de seu caminhar se move junto. Esse fenômeno fez com que os moradores do vilarejo a considerassem desajustada, pois causava bagunça, acidentes e outros infortúnios.

Um dia, já mais velha, Jemma decide sair pelo mundo que conhece apenas pelas histórias que ouviu. Ela quer encontrar pessoas e lugares novos e descobrir os motivos de sua diferença. Sua jornada revelará muito mais do que ela imagina, ensinando importantes lições sobre amizade, confiança e coragem.



Lógica e storytelling

Apesar do nome remeter a um RPG, Arranger utiliza a estrutura de missões e o estilo narrativo do gênero para nos guiar durante o jogo. No papel de Jemma, devemos explorar um mundo totalmente desconhecido para a jovem, conhecendo pessoas e lugares, e aproveitando sua estranha habilidade de locomoção para explorar e desvendar segredos.

Entender a lógica do movimento de Jemma é fundamental para jogar Arranger. Deslocar-se pelo mapa, atacar inimigos, usar itens e resolver os puzzles depende unicamente dessa habilidade. Quando anda, Jemma move o chão como uma esteira. Tanto ela quanto qualquer objeto na mesma linha de movimento também se moverão, a menos que um obstáculo, envolto em uma estranha energia chamada Estática, impeça a ação.

Jemma também pode usar essa técnica para ir de um lado a outro na mesma linha de movimento, desde que não haja um obstáculo impedindo a ação. Caso o jogador não consiga entender a lógica dessa mecânica, até ações simples, como sair da cidade onde o jogo começa, serão um grande desafio.

A jornada dela a levará a conhecer pessoas e lugares curiosos. Sua intervenção ensinará importantes lições de vida para ela e para aqueles que cruzarem seu caminho. À medida que descobrimos mais sobre a história da garota, também desvendamos os estranhos acontecimentos no mundo, envolvendo uma antiga estrutura chamada Forte e uma energia que imobiliza objetos e pessoas, despertando a fúria de monstros repugnantes.

Dando nó no cérebro

Com uma trilha sonora encantadora, um roteiro mágico e uma direção de arte charmosa, Arranger encanta em quase todos os seus aspectos. No entanto, o gameplay apresenta uma verdadeira faca de dois gumes: ao mesmo tempo que propõe algo novo e original, também tem alguns problemas de execução que podem tornar a jogabilidade lenta e frustrante em vários momentos.

A mecânica de movimento de Jemma é, sem dúvida, algo bastante curioso para se usar em um jogo. Contudo, a decisão de tornar essa habilidade constante faz sentido no aspecto criativo e narrativo da experiência, porém no gameplay sofre com algumas falhas de execução e decisões pouco proveitosas.

Em jogos de puzzle, é comum haver uma função de dicas para auxiliar o jogador quando ele está com dificuldade na resolução de um quebra-cabeça. Aqui, essa função inexiste, dando lugar a uma opção de acessibilidade que permite pular a grande maioria dos puzzles do jogo, agilizando o progresso e, por consequência, ignorando os desafios.


O próprio jogo brinca com a falta dessa mecânica por meio de um personagem chamado Sr. Ajuda, que, ironicamente, não consegue ajudar ninguém quando está em cena, mas ainda rende algumas situações engraçadas durante a história.

Os puzzles estão constantemente no caminho de Jemma, sejam eles simples ou elaborados. Conforme a história avança, novos elementos de cenário tornam suas resoluções cada vez mais complexas, exigindo mais esforço para encontrar a solução de cada um deles.

A falta de um guia de atividades, visto que há muitos puzzles opcionais, ou mesmo de um mapa para ajudar a nos guiar ou monitorar onde estão os puzzles deixados para trás, também afetou minha experiência. Em determinado momento do jogo, Jemma é informada de que chegou a um ponto sem volta e é convidada a explorar mais em busca dos desafios deixados para trás.

Ironicamente, mais uma vez, é o próprio Sr. Ajuda quem me dá essa informação, finalmente ajudando de alguma forma, pois eu não sabia que havia deixado algo para trás e que poderia voltar para resolver mais essa demanda. O problema é que eu não fazia ideia, ou não lembrava, onde encontrar esses puzzles esquecidos ou ignorados.

Um jogo bem arranjado, de certo modo

Arranger: A Role-Puzzling Adventure se destaca por sua originalidade e charme, proporcionando uma experiência mágica e envolvente. Trilha sonora, direção de arte charmosa e roteiro formam um conjunto que contribui para criar um ambiente imersivo e cativante.

No entanto, a jogabilidade, apesar de inovadora, apresenta desafios que podem atrapalhar a experiência do jogador devido a falhas de execução e falta de suporte adequado em momentos críticos. A jornada de Jemma é repleta de lições sobre amizade, confiança e coragem, tornando o jogo uma aventura agradável de se acompanhar, apesar dos obstáculos que exigem uma constante atenção com a lógica de como esse mundo funciona.

Prós

  • A atmosfera do jogo é cativante e encantadora;
  • A habilidade de movimento de Jemma traz uma abordagem original para o gênero de puzzle.

Contras

  • Apesar de inovadora, a lógica do movimento de Jemma é usada em demasia, podendo tornar a jogatina cansativa;
  • Trocar a função de dicas por pular os puzzles, mesmo que opcional, mata um pouco a proposta do jogo;
  • Ausência de um guia ou mapa para monitorar puzzles opcionais;
  • A dificuldade dos puzzles aumenta significativamente com o passar do tempo, o que pode ser desmotivador devido ao suporte limitado que o jogo dispõe.
Arranger: A Role-Puzzling Adventure — PC/PS5/PS4/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Alessandra Ribeiro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Furniture & Mattress

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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