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Análise: Parasol Stars: The Story of Bubble Bobble III: saem os dinossauros, entram os meninos

O terceiro jogo da franquia Bubble Bobble retorna após mais de 30 anos, e ainda se mantém desafiador e divertido como nos velhos tempos.

em 25/07/2024
Para quem conheceu os dinossauros Bub e Bob somente em Puzzle Bobble, saiba que eles começaram sua carreira em um tipo diferente de jogo. Em Bubble Bobble, a dupla jurássica soprava bolhas para acabar com inimigos estranhos e assim resgatar suas amadas ao final da aventura.

A ININ Games resolveu trazer de volta em um port o título mais curioso da franquia. Em Parasol Stars: The Story of Bubble Bobble III, a mecânica é a mesma, mas em vez de dinossauros, temos dois meninos que usam uma sombrinha para espantar criaturas e atirar poderes pelo cenário.

Como chegamos aqui?

Para que o leitor se situe, vai uma breve explicação — ou a tentativa de uma — sobre como a franquia da Taito é sequenciada: o primeiro título é Puzzle Bobble, de 1986, estrelando os dinossauros Bub e Bob; já o segundo foi batizado de Rainbow Islands: The Story of Bubble Bobble 2, de 1987, com os protagonistas voltando à sua forma humana e, em vez de bolhas, disparando arco-íris e estrelas, que podiam ser usados como plataformas em uma sequência ascendente de estágios; o terceiro é Parasol Stars: The Story of Bubble Bobble III, de 1991, que traz novamente os jovens em sua forma humana, mas com um sistema de progressão mais parecido com o do primeiro jogo e agora com as famigeradas sombrinhas.

Após a trilogia original, foram lançadas mais duas sequências, que retomaram o título mais próximo do primeiro jogo: Bubble Symphony (1994) e Bubble Memories (1996), que, apesar de serem a quarta e quinta entradas da franquia, também ficaram conhecidos no Japão como Bubble Bobble II e Bubble Memories: The Story of Bubble Bobble III. E tudo isso que expliquei até agora só compreende os lançamentos para Arcade e PC Engine.

Ainda em 1994, uma sequência do primeiro jogo foi desenvolvida para NES e Game Boy, mas cada uma tinha sua equipe distinta. A do console criou o título conhecido por Bubble Bobble Part 2, enquanto a versão do portátil foi batizada de Bubble Bobble Junior. O detalhe é que ambas foram desenvolvidas em 1993, ignorando de certo modo a existência de Rainbow Islands e Parasol Stars, bem como seus protagonistas humanoides, e focando apenas na existência dos dinossaurinhos bicolores.

Para completar a bagunça, ao mesmo tempo, em 1994, a série Puzzle Bobble, na qual eliminamos grupos de bolhas coloridas, tinha ganhado seu primeiro jogo. Convenientemente, a Taito escolheu logo Bub e Bob para serem os mascotes da sua nova empreitada. Inclusive, Puzzle Bobble usou muitos elementos de Bubble Bobble, o que causou uma certa confusão: todos esses jogos estariam relacionados ou seria apenas uma coincidência?

Sombrinha do poder

Se você não viu tudo ao vivo no ato do lançamento, com revistas da época explicando e tudo mais, pode se sentir meio perdido e recorrer a algum site para conseguir entender esse vai e vem de dinossauros. Sabe onde isso poderia ser ilustrado? Em uma galeria!

Para variar, este é mais um port com aquele pacote básico ININ Games/Ratalaika, que traz as versões americana e japonesa, alguns filtros de tela e os recursos de rebobinar, avançar, trapaças e save/load state. Então nada de galeria, memorabilia ou qualquer outra coisa que jogue luz ao rico universo ao qual o jogo pertence.

Agora deixando de lado o que já está manjado e focando no jogo em si, Parasol Stars tem uma mecânica bem simples: temos que eliminar todos os inimigos do cenário usando nossa sombrinha. Ela serve para nocautear adversários monstros pequenos e usá-los como projéteis para acertar os outros pelo caminho, e até derrubar criaturas maiores. Também há esferas com poderes que podem ser utilizadas como projéteis e acumuladas para um efeito mais destrutivo.

Ao todo, são 10 mundos, sendo dois secretos, cada um com sua temática para o ambiente e inimigos. Os gráficos coloridos, jogabilidade simples e música chiclete tornam a aventura bastante dinâmica e agradável, mesmo com seus mais de 30 anos nas costas.

Um dos pontos mais altos desse port, pelo menos para mim, é não tornar os troféus fáceis. Você pode ligar todas as trapaças e concluir a jornada toda de maneira impecável sem nenhum arranhão em menos de meia hora, mas isso não vai te garantir a platina de bate-pronto. Para adicionar uma camada de fator replay, as conquistas só são desbloqueadas jogando o modo Arcade, no qual até temos 99 créditos de lambuja, mas as vidas são contadas e não podemos usar trapaças, save state ou o botão de rebobinar.

Para quem quiser uma experiência ainda mais próxima dos fliperamas dos anos 90, pode contar com o Challenge Mode, que nos dá apenas um crédito para concluir o jogo todo. E vale lembrar que tudo isso pode ser feito sozinho ou acompanhado de mais um amigo no segundo controle.

Pode até ser uma opinião impopular minha, mas facilitar os troféus desse tipo de port com as trapaças diminui em muito a sua vida. Claro que o jogador é livre para deixar as trapaças ligadas, mas às vezes é melhor que o desafio já venha definido de fábrica.

Uma grata surpresa debaixo do guarda-sol

Parasol Stars: The Story of Bubble Bobble III é mais divertido do que aparenta, o que torna ainda mais injusto o fato dele não ter nada que conte sobre sua história ou pelo menos vir acompanhado de seus dois antecessores. Apesar disso, é um dos clássicos que a ININ Games acertou em trazer de volta para a atual geração, só que já passou da hora desses ports virem com algo mais interessante além de só poder rebobinar, salvar e enfeitar a tela.

Prós

  • Envelheceu melhor do que o esperado e é ainda mais bacana em duas pessoas;
  • Os diversos modos de jogo aumentam o fator replay e evitam a síndrome da “platina-relâmpago”;
  • Os gráficos coloridos e jogabilidade simples são uma combinação que funciona muito bem ainda nos dias de hoje;
  • Recursos modernos como save state, rebobinar e as trapaças servem para dar uma mão para quem não se habituar ao desafio de primeira.

Contras

  • Ausência de uma galeria, que seria perfeita para contar pelo menos um pouco sobre a história da franquia;
  • O pacote oferecido pela equipe de desenvolvimento começa a mostrar sinais de estagnação e falta de criatividade, sempre com os mesmos menus.
Parasol Stars: The Story of Bubble Bobble III — PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela ININ Games

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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