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Análise: Cyber Citizen Shockman Zero: um jogo interessante, mas que seria melhor se fizesse parte de uma coletânea

O jogo, que ficou restrito ao Japão por quase 30 anos, ganhou um port oficial, mas é curto e seria mais atraente se acompanhado dos seus antecessores.

em 18/07/2024
Cyber Citizen Shockman, uma franquia de ação e plataforma que teve início em 1988 no PC Engine ganhou um novo espaço nos holofotes atuais. Isso aconteceu graças a Ratalaika, que já tem uma certa fama de trazer para as gerações de agora diversos títulos dos anos 80 e 90 que ficaram presos pela barreira continental daquela época.

Após lançar os três primeiros jogos, chegou a vez de Cyber Citizen Shockman Zero, o quarto e último da saga, originalmente foi lançado em 1997 pelo periférico Satellaview, que possibilitava que o Super Famicon pudesse receber jogos via satélite.

Uma jornada única, mas que poderia ter companhia

Tasuke e Kyapiko, os protagonistas dos três jogos anteriores, dão lugar a novos ciborgues: Raita e Azuki. O jovem conta com uma luva de boxe, enquanto a mocinha desfere ataques de espada para eliminar os inimigos pelo caminho.

Assim como cada jogo da série tem características próprias de jogabilidade e level design, Cyber Citizen Shockman Zero traz gráficos mais bonitos do que seus antecessores e fases com mais camadas, variando da progressão horizontal plana e adicionando diferentes andares e plataformas, sendo que é possível derrubar inimigos, ou ser derrubados por eles.

Para um plataforma de quase três décadas, Shockman Zero tem comandos ágeis e que respondem muito bem, sem contar os ótimos sprites 16-bits que o tornam um jogo bastante interessante. Além disso, ter agora legendas oficiais em inglês para entender a história sempre vai muito bem.

A única mancada do título de fato é a impossibilidade de escolher seu herói, como nos anteriores. O player um sempre será Raita, e o dois será Azuki.

Mesmo assim, é um jogo bastante curto, que pode ser concluído em torno de 30 minutos. E isso nos leva a uma problemática que pertence não só a este port, mas a praticamente todos trazidos pela Ratalaika e pela sua parceira/irmã ININ Games

Tomando como exemplo a própria franquia Cyber Citizen Shockman, os quatro jogos foram lançados de maneira individual, e além disso há um combo do primeiro com o segundo jogo disponível para compra. Então por que não lançá-los todos juntos, sob o espectro de uma coletânea?

Todos eles possuem o mesmíssimo pacote: as ROM’s do título em questão em japonês e inglês; uma galeria com os manuais originais, além de algumas artes conceituais — ou quase, já que Shockman Zero não possui nenhum tipo de memorabilia; recursos extras como os de rebobinar, acelerar, save/load state e trapaças ilimitadas; e os filtros de tela para adicionar scanlines, bordas arredondadas na tela e opção alterar a disposição da imagem entre fullscreen e widescreen.

Seria muito mais interessante ter todos esses títulos em um único lugar. Isso tornaria até mesmo outras coisas em segundo plano, como galeria e lista de troféus, mais robustas. Há exemplos de algumas outras que já trouxeram mais de um título de uma vez e se tornaram uma ótima maneira de apresentar franquias antigas, como Turrican e Wonder Boy/Monster World.

Sem contar que, como citei acima, cada Shockman tem um estilo de jogo diferente. Seria muito bacana poder experimentar a evolução da franquia de uma vez só, podendo trocar de jogo no momento que quiser.

Grandes descobertas não justificam péssimas decisões

Assim como seus antecessores, Cyber Citizen Shockman Zero é um jogo bacana de se conhecer, mas que dura pouco e agora acaba esbarrando em mais um emaranhado de jogos modernos e que possuem a mesma proposta. 

O que poderia ser feito para torná-lo interessante, que é ser colocado em grupo com os demais da franquia, parece não ser possível por pura decisão de quem faz os ports, e isso é um equívoco sem igual, que impede que novos jogadores se sintam atraídos por mais um título que ficou recluso por muito tempo ao Oriente.

Prós

  • É sempre bacana conhecer um jogo antigo de maneira oficial;
  • Legendas em inglês;
  • Level design mais elaborados que dos demais jogos da série;
  • Todos recursos de praxe dos ports da Ratalaika, como filtros de tela, save state, trapaças e botão de rebobinar.

Contra

  • O jogo é muito curto;
  • Não é possível escolher o seu personagem;
  • Ausência de uma galeria;
  • O fato de toda a franquia estar disponível em jogos isolados que oferecem a mesma coisa tira o brilho e o chamariz para que jogadores conheçam a franquia da maneira que ela mereceria.
Cyber Citizen Shockman Zero — PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 5.5
Plataforma utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Ratalaika Games

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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