Blast Test

Impressões: The Alters une o melhor da ficção científica com um fio narrativo melodramático

O projeto do 11 Bit Studios mistura elementos de base building, exploração e social sim.


Dos mesmos desenvolvedores por trás de This War of Mine e a série Frostpunk, The Alters teve uma demo disponibilizada como parte do festival Vem Aí do Steam, que mostra um pouco de títulos que vão chegar nos PCs (e às vezes nos consoles) no futuro. 

O que destacou o projeto, das outras milhares de demonstrações disponíveis na plataforma, para mim, foi a inusitada mistura de gêneros, como a construção de base, gerenciamento de recursos, exploração planetária e necessidade de criar laços sociais com outras pessoas, tudo isso com uma camada generosa de ficção científica e um elemento principal que torna tudo um pouco mais esquisito: a clonagem humana.

Sozinho entre as estrelas



Em The Alters você é Jan Dolski, um trabalhador comum que entra em um serviço específico de minerar planetas distantes, entretanto, logo quando chega ao planeta de destino, ele percebe que toda sua equipe morreu misteriosamente no pouso. Nesse cenário isolado e extremo, Jan deve encontrar a base de operações da empresa e procurar uma forma de sair do planeta.

A situação piora quando uma mensagem corrompida o avisa que o mundo está próximo da destruição total por causa de raios solares mortais. Isso dá uma urgência extrema para cada ação de Dolski, que tem horas e dias contados para arrumar a base, melhorar os sistemas e dar o fora de lá.

Claro que essa árdua tarefa é impossível de ser realizada por Dolski, principalmente porque o protagonista está completamente sozinho e não tem todas as habilidades técnicas que a base requer. É neste momento que entra o fator mais ficção científica do jogo, quando o computador sugere que Jan comece a clonar a si mesmo.

Uma vida, vários caminhos



A grande sacada que dá um toque a mais de personalidade para o projeto é como ele lida com a clonagem. Inicialmente eu pensei que era um clássico recurso de clonagem, onde o protagonista faria cópias exatamente iguais de si mesmo, porém, o sistema de The Alters explora as escolhas de vida de seu protagonista.

Em uma das mecânicas, é possível ver toda a história de Dolski e as decisões que moldaram a sua vida. Desde a escolha de sair da casa do pai abusador, ingressar na faculdade ou até mesmo se mudar com sua esposa. É exatamente nessas decisões que a clonagem funciona. O sistema identifica um momento em que um caminho distinto criaria uma realidade completamente diferente. 




No caso do primeiro clone, é a versão de Dolski que nunca saiu de casa, e preferiu enfrentar o pai abusivo. Isso rendeu diversas mudanças que terminaram com ele sendo ótimo com peças mecânicas, exatamente o que o original precisava para fazer a base andar. A partir desse ponto, fica explícito que a cada clone, são versões de universos paralelos que fizeram escolhas específicas na vida do protagonista.

Aprimorar, socializar, explorar



O loop de gameplay é bem interessante pela mistura de gêneros. Geralmente esse tipo de projeto pode acabar em um local de mediocridade em suas mecânicas, mas, felizmente, The Alters consegue equilibrar bem cada aspecto, principalmente na forma de apresentar cada etapa.

A primeira e mais básica delas é a exploração planetária, baseada em sair do seu centro de operações, expandir conexões e trazer os materiais necessários para o aprimoramento da base. Nela, é possível fazer uma gestão para adicionar novas seções, melhorar as que já existem, ou criar equipamentos e máquinas que vão ajudar na tarefa de escapar do planeta.

Além de tudo isso, os clones não ficam muito felizes por serem trazidos para a existência. Então é necessário fazer um esforço social para melhorar o humor deles. Cozinhar seu prato favorito ou apenas escutar suas ansiedades e medos pode ser o suficiente para acalmar os ânimos e fazê-los cooperar.

Um futuro promissor 

The Alters tem o melhor do gênero da ficção científica, que usa aspectos impensáveis e tecnológicos para contar um drama comum e mundano, sobre relacionamentos quebrados, escolhas de vida e a possibilidade da vida frente a um universo em constante mudança e entropia.

Com o equilíbrio entre os diferentes tipos de gameplay, e uma história realmente interessante com um protagonista complexo, e seus pares ainda mais excêntricos, o jogo tem potencial pra ser um grande projeto do gênero e agradar uma grande base de público, seja os fãs da ficção, do gerenciamento de base ou de histórias melodramáticas que abordam os aspectos mais intrínsecos daquilo que nos torna humanos.

Revisão: Beatriz Castro
Texto de impressões feita com demonstração disponibilizada via Steam

Redator publicitário em tempo integral e amante de games nas horas vagas. Provavelmente aprendi a segurar um controle mais rápido do que uma mamadeira. Cresci com os maiores clássicos da Big N como Zelda, Mario e Pokémon. Hoje aproveito os pequenos momentos de descanso da vida corrida para me perder em Hyrule, em uma Tóquio pós-apocalíptica ou em um mundo de encanadores e cogumelos.
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