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Análise: Rocket Knight Adventures: Re-Sparked! reúne três clássicos dos 16-bits num pacote bem básico

Alguns dos melhores jogos da quarta geração de consoles num conjunto um tanto superfaturado.

Uma das tendências que definiram a indústria dos games nos anos 90 foi a criação de jogos com mascotes. Após o lançamento de Sonic The Hedgehog, várias desenvolvedoras começaram a criar suas próprias criaturas antropomórficas para protagonizar títulos de plataforma.


A Konami foi uma delas, lançando Rocket Knight Adventures, a primeira aventura de Sparkster, um gambá de armadura equipado com um potente jetpack. Agora, como parte da leva de coletâneas da Limited Run Games, Rocket Knight Adventures: Re-Sparked! traz de volta os clássicos dos 16-bits em um conjunto modesto, mas que revigora uma franquia esquecida.

O cavaleiro foguete em aventuras diversas

Antes de avaliar a qualidade do pacote, é importante entender cada um dos três jogos que o compõem, especialmente por serem bastante distintos um do outro. 

Rocket Knight Adventures, lançado para o Mega Drive em 1993, é o primeiro título da Konami desenvolvido especificamente para esse console. Nele, controlamos o gambá Sparkster, um cavaleiro que deve salvar o reino de El Zebulos de um exército suíno que planeja destruir o planeta com a estação Pig Star. Equipado com um jetpack que deve ser carregado para impulsioná-lo em várias direções, enfrentamos uma série de desafios diversificados e únicos, caracterizando a estreia brilhante da série.


Cada fase apresenta algo diferente, como voar em estilo shoot ‘em up e enfrentar sequências de plataforma inovadoras, como observar o reflexo da lava para ver o que está atrás das paredes. A dificuldade é alta, especialmente na versão ocidental, e o design dos níveis é bastante baseado em tentativa e erro.

Após a aclamação da crítica e um sucesso razoável com o público, o jogo recebeu uma continuação intitulada Sparkster: Rocket Knight Adventures 2, que mudou significativamente a jogabilidade. O jetpack agora é carregado automaticamente, o que altera o ritmo da aventura, já que a ação de impulso possui um botão separado. O design dos níveis é mais tradicional e amplo, e os inimigos são répteis.

O terceiro e último jogo, chamado apenas de Sparkster, foi lançado para o Super Nintendo e se ambienta em outro reino, com seres caninos como inimigos. Os controles do primeiro título do Mega Drive são usados aqui, mas com um design de nível mais tradicional. Ainda assim, todos os jogos do pacote são sólidos e estão entre os destaques da quarta geração. 

Preciso destacar a maravilhosa trilha sonora dos três jogos, que está entre as melhores composições da história dos videogames e representa uma era lendária para a equipe de som da Konami, que produzia verdadeiras obras-primas auditivas.

Boss (Rocket Knight Adventures)

Stage 2 (Sparkster: Rocket Knight Adventures 2)

Steel Works (Sparkster)

Emulação no ponto

Rocket Knight Adventures: Re-Sparked! faz parte da nova leva de coletâneas da Limited Run Games, que já anunciou o retorno de diversas franquias esquecidas, facilitado pelo Carbon Engine, um emulador oficial que permite portar títulos antigos para sistemas atuais. Não tive problemas com latência de comandos e não notei falhas de emulação em efeitos visuais e sonoros, algo crucial considerando o áudio do Mega Drive. O único problema que percebi foram estalos sonoros baixos, que podem ser incômodos.

O pacote oferece opções esperadas para esse tipo de lançamento, como alteração da proporção de tela, adição de bordas e filtros. Há várias alternativas de dimensão da área de jogo e um único filtro que tenta simular as TVs CRT, mas não é tão eficaz, especialmente na mesclagem do uso de dithering (pontilhados para simular mais cores e efeitos de transparência). Uma opção específica para o Sparkster de SNES é o Boost Mode, que resolve os problemas de lentidão constantes do jogo. O único modo extra adicionado é o boss rush para cada um dos títulos.

Contudo, o pacote peca na parte de extras e apresentação. Em comparação, Re-Sparked! está bem aquém do trabalho da Digital Eclipse em seus compilados como Atari 50: The Anniversary Celebration e Samurai Shodown NeoGeo Collection. Aqui, encontramos apenas um modesto museu com artes conceituais, propagandas japonesas da época, tocador de música e capas e manuais digitalizados dos jogos em várias regiões.

Outra falha é a ausência de customização de botões, impedindo-me de jogar adequadamente com meu controle 8bitdo M30, que utiliza o saudoso padrão de seis botões do Mega Drive. Pelo menos é possível selecionar entre as versões japonesas e americanas de cada jogo.

Válido pela preservação, mas o preço

Rocket Knight Adventures: Re-Sparked! é uma coletânea básica, mas válida para tornar os jogos acessíveis nas plataformas modernas. Neste ponto, a Limited Run Games está fazendo um bom trabalho, e é ótimo saber que o carismático gambá cavaleiro não está completamente esquecido.

O que torna a coletânea menos atrativa é o preço, que não foi ajustado para o Brasil, convertendo o valor de US$ 30 para R$ 150 em todas as plataformas. Considerando que os jogos podem ser finalizados em cerca de duas horas cada um e com poucos extras, o preço integral acaba sendo pouco convidativo. Seria interessante a adição do reboot de 2010 no pacote, mas talvez isso esteja fora do escopo da Limited Run Games com esses relançamentos da Carbon Engine.

Prós:

  • Três excelentes jogos que haviam sido relançados há bastante tempo;
  • Qualidade da emulação é excelente, com direito a melhoria de lentidão do Sparkster de SNES;
  • Os poucos extras presentes são bem interessantes;
  • Diversas opções de proporções de tela.

Contras:

  • Os extras não justificam o alto valor cobrado pelo pacote;
  • Baixos estalos no som podem ocorrer em alguns títulos;
  • Poucas opções de filtros;
  • Não dá para alterar a configuração de botões.
Rocket Knight Adventures: Re-Sparked! — PC/PS4/PS5/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Konami

Estudante de enfermagem de 24 anos, está nesse mundo dos joguinhos desde criança. Fã de games com vibe mais arcade e arqueólogo de velharias, mas não abandona experiências mais atuais. Acompanha a mídia de podcasts, dublagem e ouvinte assíduo de VGM. Pode ser encontrado como @AlecFull e semelhantes por aí.
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