Discussão: por que a E3 não faz falta?

Uma análise sobre as mudanças na indústria dos games e a ascensão dos eventos digitais que substituíram o icônico evento.

em 05/06/2024

Durante décadas, a Electronic Entertainment Expo (E3) foi o evento mais aguardado no calendário da indústria dos videogames. Todo mês de junho, fãs de todo o mundo ficavam ansiosos por teorias, vazamentos, rumores e grandes anúncios. No entanto, com o passar do tempo, o cenário mudou drasticamente, e a E3, que já foi considerada indispensável, acabou sendo descontinuada. Vamos entender as razões pelas quais a E3 não faz falta nos dias atuais.

A mudança dos tempos


Nos primórdios da E3, a internet ainda não tinha a relevância e a penetração que possui hoje. A feira era a principal plataforma para que as empresas anunciassem suas novidades, atingindo um público amplo e gerando um grande impacto na mídia. Hoje, o cenário é bem diferente. Com a popularização da internet e das redes sociais, as empresas descobriram que podem alcançar seus públicos diretamente e de forma mais eficiente. 

Eventos individuais e marketing direto


Grandes nomes da indústria, como Nintendo, PlayStation e Xbox, passaram a realizar seus próprios eventos, como o Nintendo Direct, o State of Play e o Xbox Showcase. Esses eventos são focados em nichos específicos e conseguem gerar um engajamento mais controlado e eficaz. Além disso, as empresas investem cada vez mais em marketing digital e sabem como se comunicar diretamente com seu público, dispensando intermediários como a E3.

Mudanças no ciclo de desenvolvimento


A pandemia de COVID-19 trouxe mudanças significativas para a indústria dos games, afetando os ciclos de desenvolvimento e os cronogramas de lançamento. Eventos anuais, como a E3, tornaram-se menos viáveis, já que as empresas enfrentam desafios para preparar novidades a tempo. O desenvolvimento remoto e as novas dinâmicas de trabalho tornaram difícil alinhar grandes lançamentos com datas específicas.

A decadência do evento


A ausência de grandes empresas como Nintendo, Sony e Microsoft na E3 2023 foi um indicativo claro da tendência de afastamento do formato tradicional da feira. A decisão dessas gigantes de não participar do evento mostrou que a E3 já não era mais essencial para suas estratégias de marketing. A preferência por atualizações digitais, que podem ser feitas de forma mais ágil e direcionada, tornou a feira obsoleta.

Preferência por atualizações digitais


As empresas encontraram nas atualizações digitais um meio mais eficiente de se comunicar com seus fãs. Nintendo Directs, transmissões ao vivo no YouTube e anúncios em redes sociais permitem que as novidades cheguem ao público de maneira rápida e direta. Além disso, esses formatos são mais flexíveis, permitindo que as empresas ajustem suas estratégias de acordo com o feedback do público e as condições de mercado.

O cancelamento definitivo


Após mais de 25 anos de história, a Entertainment Software Association (ESA) anunciou o fim definitivo da E3 em dezembro de 2023. O presidente da ESA, Stanley Pierre-Louis, afirmou que a decisão foi motivada por três principais fatores: as mudanças no ciclo de desenvolvimento devido à pandemia, a decisão de várias empresas de não participar mais do evento e a preferência por eventos individuais.

O cancelamento da E3 não foi uma surpresa completa. Desde 2020, a feira vinha enfrentando dificuldades. A pandemia causou o primeiro cancelamento e, mesmo com tentativas de retomada, a falta de interesse das grandes empresas e o crescimento das alternativas digitais acabaram por selar o destino do evento.

A vida pós-E3


A E3 foi, sem dúvida, um marco na história dos videogames, oferecendo momentos memoráveis e lançamentos épicos. No entanto, a indústria evoluiu, e a forma de comunicação entre empresas e público mudou. Os eventos individuais e as atualizações digitais provaram ser mais eficazes e alinhados com as necessidades atuais do mercado. O fim da E3 marca o encerramento de uma era, mas abre espaço para novas formas de conexão e engajamento na vibrante comunidade gamer.

Revisão: Ives Boitano


Leo Lima é jornalista e publicitário com um vasto conhecimento sobre games. Sua jornada começou com um Mega Drive e inclui consoles como PS2, Xbox One e Nintendo Switch. Seus jogos favoritos são Dragon Ball Tenkaichi 3, GTA V, The Last of Us e Zelda: Tears of the Kingdom.
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