Blast from the Past

Digimon World 3: o RPG mais tradicional da série

O terceiro título da franquia World chegou ao PlayStation em 2002.

A série Digimon World está completando 25 anos em 2024 e, para comemorar, estamos relembrando alguns dos seus títulos ao longo deste ano. A escolha da vez é Digimon World 3, lançado em 2002 para o PlayStation original. Diferentemente de seus antecessores, este jogo seguiu por um caminho mais convencional, consolidando-se como o RPG mais tradicional de toda a série World.

O Digimundo é verdadeiramente online

Um dos aspectos mais curiosos de Digimon World 3 é o fato de que o Digimundo o qual adentramos é, na verdade, um MMORPG de alta realidade, semelhante ao contexto de Sword Art Online. Aqui, assumimos o papel de Junior, um garoto que, juntamente com seus amigos Teddy e Ivy, inicia o jogo sem grandes pretensões.

Para surpresa de todos os jogadores, um aviso é dado de que houve um problema com os servidores e que ninguém poderá retornar ao mundo real até que a situação seja resolvida. Os administradores não fornecem muitos detalhes sobre o ocorrido, mas informam que o responsável é um famoso hacker.

Neste contexto, a jornada do nosso herói, que inicialmente se resumia a derrotar os líderes das principais cidades para se tornar o grande campeão do jogo, acaba se transformando em uma importante aventura em busca de respostas sobre os reais motivos e responsáveis por trás de toda essa estranha situação. 

A história de Digimon World 3 pode não ser a mais original, mas certamente cumpre seu papel e consegue surpreender em alguns momentos com suas reviravoltas. Além dos humanos, diversos Digimon notáveis possuem um papel de destaque no enredo, o que ajuda a manter esse universo mais intrigante.

Escolha o seu trio

Enquanto Digimon World adaptava as mecânicas do V-Pet e World 2 se apresentava como um dungeon crawler, Digimon World 3 se destaca como um RPG mais tradicional. Nele, navegamos por um vasto mundo composto por áreas interconectadas e enfrentamos batalhas em turnos que acontecem aleatoriamente.

Ao iniciar o jogo, podemos escolher um trio de monstrinhos composto por: Kotemon, Renamon e Patamon; Agumon, Monmon e Renamon; ou Kumamon, Patamon e Guilmon. Os confrontos são de um contra um e existe uma vasta gama de habilidades que podem ser desbloqueadas à medida que os Digimon aumentam de nível. Além disso, somos capazes de realizar uma fusão especial entre duas criaturas quando uma barra específica é preenchida.

Como é de se esperar, as digievoluções também estão presentes e possuem um papel fundamental em nosso fortalecimento. Nesse sentido, temos acesso a diversas opções de Champion, Ultimate e Mega. Enquanto algumas delas são desbloqueadas simplesmente por meio de níveis, outras requerem alguns valores específicos de determinados atributos.

Falando em atributos, em Digimon World 3 conseguimos equipar nossos parceiros com armas e armaduras. Embora essas ferramentas não sejam exibidas visualmente durante os confrontos, elas alteram substancialmente as propriedades dos Digimon. Além das estáticas padrões, como ataque, defesa, velocidade e resistência a determinados elementos, há um parâmetro de carisma, que, em valores elevados, nos permite desafiar determinados NPCs.

Os confrontos em World 3 são divertidos e nos dão o controle total que o primeiro World não oferecia, além de serem significativamente mais ágeis do que as batalhas de World 2. No entanto, semelhantemente a alguns RPGs mais antigos, ele exige um grinding pesado em algumas circunstâncias, especialmente se o jogador quiser alcançar as evoluções mais poderosas.


Grande parte disso ocorre devido ao fato do combate ser de um contra um e de que apenas o Digimon que efetivamente participou da luta receberá experiência. Sendo assim, caso o jogador queira elevar os níveis dos três membros do time, deverá usar todos eles. 

De igual modo, embora tenhamos a possibilidade de manter três evoluções simultaneamente em cada monstrinho e alternar entre elas durante os embates, apenas a que foi usada e o Digimon base receberão experiência. Como existem algumas digievoluções que exigem níveis elevados de mais de uma criatura, conquistá-las acaba sendo bastante trabalhoso.

Um outro ponto bastante divisivo é que todos os Digimon iniciais podem alcançar todas as digievoluções do jogo, embora os requisitos variem para cada um. Por mais que essa mecânica seja bem-vinda para quem deseja permanecer com os mesmos três aliados até o final, a meu ver, ela diminui a importância da exploração do mundo para coletar os outros Digimon iniciais, como veremos mais adiante.

Um Digimundo incrível 

Semelhante ao primeiro jogo da série, Digimon World 3 traz cenários pré-renderizados que conseguem transmitir de forma extraordinária a sensação de realmente estarmos navegando no mundo digital, com elementos tecnológicos, como fios, tomadas e teclados, emergindo de locais completamente inusitados, como do próprio solo, das paredes e de árvores.

Nesta entrada da série, o Digimundo é composto por quatro grandes ilhas, cada uma delas abrigando uma cidade onde se localiza um líder que nos recompensa com uma insígnia ao ser derrotado (acho que já vi isso antes!). Além dessas regiões, existe ainda um servidor alternativo com inimigos muito mais poderosos, algo que lembra um pouco o Dark World de Zelda: A Link to the Past.

Além do apelo visual, o mundo de World 3 ostenta diversos segredos e conteúdos alternativos que incentivam a exploração, como equipamentos lendários, cartas poderosas, chefes ocultos e a possibilidade de coletar os demais Digimon iniciais. Quanto a esse último aspecto, o desbloqueio de novos aliados se dá por meio de uma espécie de missão que envolve encontrar e derrotar a versão Ultimate do monstrinho pretendido. Vale destacar que, além dos sete Digimon mencionados no início, Veemon pode ser adquirido.

Já com respeito às cartas, Digimon World 3 possui um jogo próprio de decks que é simples, mas extremamente divertido e viciante. Além de haver diversos NPCs espalhados pelo mundo que podem ser desafiados para duelos, conseguir as cartas mais raras exige a descoberta e visita a alguns locais bem escondidos.

O grande problema relacionado ao mundo é que o título não conta com nenhum tipo de viagem rápida. Como a campanha inclui inúmeros momentos de leva e traz de itens em diversas regiões já visitadas, acabamos esbarrando em mais batalhas do que o desejado. Felizmente, há um Digimon veículo subterrâneo e outro aquático que nos guiam por trilhas que servem como atalhos entre as quatro principais áreas.

Por fim, entrando no campo sonoro, World 3 possui uma das trilhas mais ricas de toda a franquia Digimon em videogames, com praticamente cada zona ostentando uma música própria bastante animada, compatível com o local e memorável. Devido ao tamanho da campanha, as faixas de batalha acabam se repetindo um pouco, mas isso está longe de ser um grande problema. 

Relevante e memorável 

Digimon World 3 seguiu por um caminho diferente de seus antecessores ao adotar uma abordagem mais tradicional de RPG, compartilhando até mesmo alguns aspectos em comum com os games de Pokémon. Além disso, o título serviu como base para muitos dos elementos que se desenvolveriam posteriormente na série Digimon Story.

Semelhantemente à maioria dos jogos da série World, este terceiro título não foi amplamente elogiado pela mídia, mas foi muito bem-recebido pelo público e alcançou bons números de vendas. Apesar de apresentar, sim, alguns problemas e ser um tanto trabalhoso de jogar nos dias de hoje devido à alta necessidade de grinding, trata-se de um jogo que merece ser lembrado com bastante carinho.

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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