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Análise: V Rising chega ao PlayStation 5 com sua viciante mistura de aventura, ação e construção

Jogadores do console da Sony podem finalmente apreciar este ótimo jogo que combina vários gêneros de forma competente.


Embora os consoles da Sony e Microsoft também tenham sua cota de jogos exclusivos, o PC certamente é a plataforma com o maior número deles. Inclusive, vários grandes sucessos por vezes ficam “presos” nos computadores. Esse não é mais o caso de V Rising, um ótimo jogo que mistura ação, aventura e construção usando uma temática vampiresca. Pegue sua capa, afie os dentes e não se esqueça de trazer um pouco de sangue fresco, pois esta análise morta-viva vai começar!

Fazendo novas vítimas

Originalmente disponibilizado via acesso antecipado em 2022, o lançamento oficial chegou para os PCs em maio de 2024. Para alegria dos donos de PlayStation 5 e Xbox Series, a versão para os consoles veio logo no mês seguinte. Portanto, nada melhor do que uma análise voltada para ela. Inclusive, eu até poderia assinar embaixo de vários pontos levantados na análise de V Rising – para PC – do meu colega de site e pronto.
Mas não se preocupe, leitor, pois você não vai ficar sem conhecer as minhas próprias opiniões sobre o título, sobretudo as considerações sobre a versão para consoles. Afinal, ela tem algumas particularidades importantes que devem ser devidamente analisadas. Antes de falar delas, vamos aos comentários gerais sobre o jogo que te coloca no papel de um vampiro que desperta após um longo sono.

Antes dessa hibernação forçada, a raça vampiresca dominava o mundo de Vardoran, uma espécie de idade média fantástica. Foi então que os humanos se uniram e conseguiram derrotar os vampiros, o que levou os sobreviventes a se esconderem. Antes de acordar, o jogador pode customizar o seu morto-vivo, escolhendo o gênero, formato do corpo, cabelos, entre outras opções.

Esse período de reclusão minou o protagonista de praticamente todos os seus poderes e posses. Ou seja, a reconstrução do império terá que começar praticamente do zero, lentamente conquistando habilidades, equipamentos e construções. E é justamente aqui que V Rising brilha como uma lua nova sangrenta: a escalada ao topo é repleta de tarefas igualmente variadas e interessantes.

Tomo banho de lua

Inicialmente, o foco fica por conta do combate e da aventura, pois temos que avançar por um território desconhecido e repleto de inimigos. O vampiro conta com ataques físicos e magias, sendo que esses recursos contam com um sistema de cooldown. Portanto, habilidades só podem ser ativadas entre certos intervalos de tempo. Os comandos funcionam muito bem no controle DualSense, usando um mapeamento completo dos botões para oferecer um sistema adequado.

Aqui cabe comentar que V Rising também tem um pezinho no gênero sobrevivência. Como um bom e velho vampiro, o protagonista é suscetível à luz do Sol, que pode matá-lo rapidamente. Para sobreviver, é preciso fazer bom uso das sombras e, sobretudo, do período noturno. Na mesma veia (!), também é preciso consumir sangue de seres vivos para manter a saúde em dia. É importante coletar materiais pelo caminho e, assim, começar a construir seu império.

O ciclo de progressão – explorar e lutar, obter recursos e construir – de V Rising é viciante. Como eu comentei anteriormente, as tarefas envolvidas são interessantes, oferecendo desafios divertidos  que se renovam com o desenrolar do game. Em outras palavras, não é somente a mistura de vários gêneros que torna a jogatina envolvente, mas a também evolução dos elementos presentes em cada uma delas.

Sangue fresco por todo lado

Explicando melhor: no início, as construções disponíveis são rústicas e têm pouquíssimas opções; com o tempo, podemos nos dar ao luxo de escolher até a estampa do piso. Por outro lado, se no início bastava coletar madeira e pedras para poder construir, depois precisamos de materiais mais sofisticados, como lingotes de cobre e pedras preciosas.
Quanto aos combates, as coisas vão de esqueletos e lobos até harpias feiticeiras e golens de ferro. No começo é possível derrotar inimigos com armas simples feitas de ossos, mas com o tempo é preciso fabricar equipamentos mágicos e sofisticados. É difícil ficar entediado, pois sempre tem alguma parte desconhecida do mapa para explorar, algum item novo para fabricar ou inimigo para derrotar.
Inclusive, o jogo conta com um sistema de rastreamento para chefes, que permite encontrar inimigos poderosos em qualquer lugar do mapa. Falando nele, o mapa está repleto de templos, florestas, minas, cemitérios, entre outras localidades legais, todas repletas de inimigos e recompensas. V Rising tem um mundo vivo, em que as coisas acontecem de forma independente do jogador.
Em diversas ocasiões me deparei com criaturas, por vezes bem mais fortes que eu, lutando entre si, ou com restos de batalhas já encerradas. Além de encantador, o mundo de Vardoran também é bonito, com boa iluminação e texturas. Esses elogios valem para a produção no geral, que também conta com boas músicas e efeitos sonoros.

Em horda ou não, eis a questão

Uma das grandes qualidades de V Rising é a possibilidade de ele ser jogado de forma privada ou em servidores. Ou seja, o jogador pode contar somente com as suas habilidades ou então interagir com outros vampiros de forma online. Dessa maneira é possível encarar desafios mais difíceis, compartilhar recursos e recompensas, entre outras vantagens.
Particularmente, gostei dessa opção pela internet, pois ela aumenta muito a vida (ou morte-vida) do game. Seja entrando na partida de alguém ou hospedando outros jogadores, é possível criar clãs, jogar todos contra todos, em duplas, conversar por bate-papo no próprio jogo, etc. Os vampiros mais solitários podem ficar tranquilos, pois a progressão local é equilibrada e não prejudica a jogabilidade.

Já uma das poucas coisas que considero prejudiciais no game é o enredo, ou melhor, a falta de um. Talvez partindo de uma perspectiva de fazer o jogador construir seu próprio vampiro e sua respectiva história – com outros jogadores ou não –, V Rising não traz diálogos interessantes, reviravoltas, coadjuvantes, etc. O foco aqui é tão somente nas mecânicas de jogo e pronto.

Como o jogo é muito envolvente no que mais importa, esse ponto não afeta significativamente a experiência. A aventura é dividida em atos, mas estes nada mais são do que divisões organizadas para sabermos onde estamos: de acordo com o nível do nosso equipamento, temos uma noção de quais atos e seus respectivos chefes podemos rastrear e enfrentar com um mínimo de chance de vitória.

Jogando pela eternidade

Temos muitos equipamentos para obter no jogo, assim como magias e habilidades diferentes. Ao derrotarmos chefes, obtemos algum poder derivado da temática do inimigo, o que nos fortalece para seguir em frente. Também podemos liberar novidades, como novas construções e recursos, ao cumprir missões que aparecem no topo da tela. Realmente é diversão e desafio para jogar dia e noite.
Essas missões são as tarefas mais importantes do jogo e ampliam o leque de recursos que temos à disposição para avançar. Dois exemplos interessantes são o Portal do Castelo, que permite o teletransporte para outras áreas já exploradas do mapa, e o Caixão de Servo, que permite a conversão de humanos em vampiros obedientes. Não vou nem tentar listar itens e construções aqui, pois são inúmeros e vale a pena conhecê-los naturalmente.

Fica uma ressalva quanto ao gerenciamento de tantas coisas: V Rising foi claramente pensado para teclado e mouse, com vários menus e ações que não funcionam tão bem no controle. Mais uma vez, nada que atrapalhe a experiência, pois temos comandos claros e muitas indicações na tela. Apenas fica aquela sensação de que algumas ações não são tão intuitivas no DualSense quanto poderiam ser.

A adaptação ao PlayStation 5 também trouxe algumas eventuais quedas na taxa de quadros. Essa espécie de lentidão é rara e acontece em momentos de muita ação e efeitos visuais na tela. Como o jogo constantemente recebe atualizações, provavelmente essa questão logo deve ser minimizada, ou até mesmo eliminada.

Embora sejam muito distintos, V Rising me lembrou de BIT.TRIP RERUNNER: ambos são verdadeiras misturas de gêneros diferentes, mas que funcionam muito bem. Posso dizer que o título vampírico me parece uma amálgama de Diablo com The Sims: combates e explorações num mundo fantástico, com direito a construir seu próprio castelo repleto de luxo e poder.

Um jogo de vampiro para todos dominar

Para alegria dos donos do PlayStation 5, V Rising chegou com toda a sua glória sanguinolenta. Mais do que um jogo divertido e com dificuldade bem equilibrada, temos uma aventura por um mundo vasto e repleto de coisas interessantes para se fazer. Destaque para os combates com habilidades customizáveis e o robusto sistema de construção. Em resumo, mais uma sugestão de peso para a tua biblioteca.

Prós

  • Game de aventura proporciona uma experiência única ao nos colocar no papel de um vampiro (re)construindo seu império;
  • O ritmo de jogo é viciante, repetindo um ciclo de exploração e construção de forma envolvente;
  • Produção audiovisual competente, apresentando um mundo repleto de belezas;
  • Os combates são desafiadores e repletos de opções para disputar;
  • Sistema de construção vasto, com muitos recursos para construir seu império vampiro;
  • Boa variedade de customizações visuais, de habilidades e construtivas.

Contras

  • Faltou de um enredo mais robusto para amarrar melhor todos os elementos do jogo;
  • Adaptação para o console trouxe alguns problemas como eventual lentidão em momentos movimentados e menus pouco intuitivos para interagir com controles.
V Rising — PC/PS5 — Nota: 9.0
Plataforma utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela Stunlock Studios

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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